Garota Inflamável Garota Inflamável

Garota Inflamável I Crítica

Divulgação

Garota Inflamável conta a história da perspicaz e mimada Julie, uma jovem herdeira com seu próprio manifesto: fazer nada. Não trabalha, não estuda, não tem amigos e se interna voluntariamente em um clínica. Lá conhece Agnes, uma enfermeira casada e mãe de uma filha que se encaixa nas expectativas da sociedade sem pensar muito no tema. Juntas, elas começam uma rebelião que vai levá-las ao limite dos seus respectivos mundos.

Logo no início do filme, Julie (Natalia Belitski) revela que colocou fogo em um formigueiro quando criança e mesmo assim as formigas não pararam de trabalhar, mesmo quando estavam morrendo e com seu futuro sendo destruído. Ela resolve que não quer ser uma formiga, ou seja, nunca seguirá os padrões esperados pela sociedade. Além de acreditar que simplesmente não adianta fazer nada, ela não precisa disso, pois é uma herdeira – ou pelo menos pensa que o dinheiro está lá disponível. Julie sempre usa luvas amarelas de borracha para garantir que as pessoas a achem estranha e a deixem em paz.

Ela é internada por ter colocado fogo no carro de um rapaz com quem fez sexo após conhecer no supermercado. Aparentemente, Julie não tem nenhum problema que realmente a obrigue a ficar na instituição, apenas age dessa forma para que outros cuidem dela e se mantenha firme em seu propósito de se manter imóvel. Lá conhece Agnes (Luisa-Céline Gaffron), a enfermeira que tem uma vida corrida, dividida entre o trabalho e cuidar de sua filha de três anos, com quem tem uma relação bastante conturbada. Agnes, com seu jeito de sempre querer agradar a todos, é designada pelo Dr. Hermann (Martin Wuttke) para ficar de olho na paciente recorrente.

Apesar de seu estilo de vida pouco construtivo, Julie, que não tem mais pais, sabe que duas pessoas estão cuidando dela. Um é o psiquiatra, o outro seu consultor financeiro, Sr. Schmidt (Matthias Bundschuh). Mas o psiquiatra quer deixar a clínica em breve e o consultor financeiro quer ver Julie trabalhar porque ela usou sua rica herança de forma radical. Tempos difíceis também podem vir para Julie.

É a diferença na vida das duas personagens principais que torna agradável acompanhar o desenvolvimento do relacionamento entre essas duas mulheres contrastantes. Porque, apesar de serem completamente diferentes para quem vê de fora, elas lidam com problemas e temas muito semelhantes. Julie precisa de liberdade e desafia as normas sociais. Agnes, por outro lado, leva uma vida familiar aparentemente perfeita com marido, filhos e uma existência segura. No entanto, desequilíbrio mental, alto nível de frustração sexual e instabilidade emocional causam conflitos internos em ambas as mulheres.

Em seu primeiro longa metragem, cujo enredo é baseado nas pessoas com condição de paralisa que viviam no hospital psiquiátrico em que Elisa Mishto gravou o documentário chamado Gli Stati della mente, a roteirista e diretora buscou passar a mensagem de que algumas pessoas podem ter bloqueios em suas vidas e não apresentarem todo o seu potencial. Nenhuma das duas personagens principais do filme são modelos adequadas. No caso de Julie, a experiência de não fazer nada é como renunciar a tudo, com uma arrogância e futilidade que não permite que ela siga em frente. Agnes se esforça, mas está sobrecarregada e ambas deixam que seus medos as impeçam de viver uma vida plena.

No início, Garota Inflamável é uma experiência peculiar centrada em torno de uma protagonista ainda mais peculiar. Mas o que parece uma grande jornada de mudança para as personagens não é exatamente bem desenvolvido, porque as duas mulheres e sua relação não são completamente convincentes, apesar das boas atuações. Apesar de uma infância traumática, as peculiaridades de Julie permanecem de alguma forma implícitas. O motivo pelo qual Agnes não consegue se dar bem com sua filhinha também não é explicado de forma muito conclusiva. O final aberto não nos leva a acreditar em uma real evolução das personagens. Mas, no geral, ainda vale a pena ser visto por sua mistura de drama, romance e comédia que levanta alguns questionamentos sobre o comportamento humano.

Com distribuição da Pandora Filmes, Garota Inflamável estreia em 14 de julho nos cinemas.

3

Bom

Garota Inflamável é uma experiência peculiar centrada em torno de uma protagonista ainda mais peculiar e o seu relacionamento com uma enfermeira cheia de conflitos internos. Vale a pena ser visto por sua mistura de drama, romance e comédia que levanta alguns questionamentos sobre o comportamento humano e as expectativas da sociedade em que vivemos.