Quando se trata de elevar qualquer produção, Viola Davis é uma força da natureza. E G20 é mais uma prova disso. No papel da Presidente dos Estados Unidos, Danielle Sutton, Davis mais uma vez demonstra sua habilidade quase sobrenatural de conferir profundidade, dignidade e intensidade a qualquer personagem que interpreta.
Em G20, Davis não apenas comanda reuniões diplomáticas — ela também estrangula terroristas com o cano de uma submetralhadora. E faz isso com tanta naturalidade que você esquece por alguns instantes que está assistindo a um filme de ação e começa a acreditar que essa seria a reação real de uma chefe de Estado diante de uma crise global.
A trama de G20, dirigida por Patricia Riggen, bebe claramente da fonte de Duro de Matar, Invasão à Casa Branca e muitos outros filmes do gênero, mas com uma reviravolta interessante: ao invés de o presidente ser resgatado, é ele — ou melhor, ela — quem entra em ação.

Durante o encontro das nações mais poderosas do mundo em um luxuoso hotel da Cidade do Cabo, mercenários armados até os dentes tomam os líderes como reféns. Mas Danielle Sutton, com seu passado militar e senso de dever inabalável, foge com um pequeno grupo e vira o jogo contra os sequestradores.
E é aí que entra Antony Starr, o sempre eficiente vilão. Quem já conhece seu trabalho como o perturbador Capitão Pátria em The Boys sabe que Starr tem uma facilidade desconcertante em interpretar personagens desprezíveis. Em G20, ele encarna Rutledge, um antagonista frio e calculista, que embala discursos sobre desigualdade global enquanto arquitetava um esquema para lucrar com o caos. Sua atuação consegue ser ao mesmo tempo carismática e repulsiva — o tipo de vilão que você odeia amar ver em cena.
Ainda que o roteiro não seja exatamente inovador ou profundo nas críticas sociais que tenta levantar (há uma tentativa de discutir as consequências econômicas das guerras e o papel dos países ricos, mas tudo isso acaba diluído em clichês), o filme se mantém firme graças ao seu ritmo acelerado, boas cenas de ação e, claro, pelo elenco.

Ramón Rodríguez também merece destaque como Manny Ruiz, o agente de segurança e braço direito da presidente. Sua lealdade e camaradagem ajudam a construir uma relação emocional que dá peso às cenas de perigo. A química entre ele e Viola Davis é genuína, trazendo uma carga dramática que complementa os tiroteios e combates corpo a corpo.
Há ainda momentos mais leves, como a dinâmica familiar entre Danielle, seu marido Derek (Anthony Anderson), e os filhos Serena (Marsai Martin) e Demetrius (Christopher Farrar), que adicionam humanidade à personagem de Davis e ajudam o espectador a se importar com mais do que apenas a missão.
No fim das contas, G20 é um entretenimento direto, daqueles que não reinventam o gênero, mas entregam o que prometem. E quando se tem Viola Davis no centro da ação, isso já é metade do caminho andado. Ela transforma o que poderia ser apenas mais um thriller político em algo memorável. E com Antony Starr como o vilão que você ama odiar, a experiência fica ainda mais saborosa. Um ponto positivo para o Prime Video.
Bom
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