Flow Flow

Flow | Crítica

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A animação Flow, que foi indicada aos prêmios de Melhor Animação e Melhor Filme Internacional no Oscar 2025, chega aos cinemas na próxima quinta-feira. Nele, o mundo parece estar chegando ao fim, restando apenas vestígios da presença humana – não está claro quando os ocupantes humanos partiram ou para onde foram. Acompanhamos um gato preto comum e solitário, que foge dos cães e dos pássaros predadores, mas dá para perceber que sua vida nem sempre foi assim, já que podemos ver que o local em que vive foi criado por alguém que certamente amou muito seus gatinhos. O bichano é inteligente e resiliente, mas também arisco, uma pequena criatura em uma grande floresta assustadora.

Um dia, do nada, a floresta é tomada por uma enorme enchente. A água sobe até que somente os picos das montanhas oferecem refúgio. O gato sobrevive por um triz e acaba encontrando uma capivara em um pequeno veleiro desgastado. O mundo fica completamente inundado e eles passam por cidades e montanhas semi-submersas. Durante a jornada, o barco acaba reunindo um grupo um tanto quanto heterogêneo formado pelos dois tripulantes já citados, um lêmure, um pássaro e um cachorro. À medida que atravessam esse novo mundo, esses estranhos precisam encontrar maneiras de coexistir e devem contar com confiança, coragem e inteligência para sobreviver aos perigos de um novo planeta aquático.

Flow tem pitadas de A Incrível Jornada, de 1963, no qual um golden retriever, um bull terrier e um gato siamês percorrem muitos quilômetros da selva canadense para encontrar seus humanos, mas a animação entrega um desafio muito mais existencial do que o filme da Disney.

Com uma animação que tem ares muito artesanais e que não busca ser tão realista, mas que ainda faz com que os movimentos dos animais e seus personagens sejam totalmente verossímeis, Flow não conta com falas – pelo menos não da maneira que conhecemos. Ainda assim, os gestos e olhares desses bichinhos nos dizem muitas coisas. Não é um longa que procura antropomorfizar demais esses animais e cada um deles permanece com suas características naturais, ainda que conte com alguns toques um pouco irreais. O cachorro imita constantemente os outros animais e os leva a brincar. O gato odeia água, mas mesmo assim aprende a nadar e a pescar. Os lêmures acumulam objetos, enquanto a capivara é calma e na dela. A parte mais irreal do filme é que eles descobrem como empurrar o leme, mas quem tem algum bichinho em casa sabe que eles são capazes de aprender coisas que nem imaginamos.

O fato de os humanos estarem completamente ausentes parece deliberado e importante. Muitas das cidades pelas quais esses animais passam parecem terem sido abandonadas às pressas. Está implícito que as pessoas podem ter sido exterminadas por alguma calamidade, deixando apenas os animais para trás, embora isso nunca seja declarado explicitamente. Claramente, é uma metáfora para todos os problemas climáticos que temos enfrentado no planeta.

Um dos temas básicos desse filme é a união, já que esse grupo de espécies muito diferentes – que inicialmente não se dão bem – acaba por aprender a ajudar uns aos outros a sobreviver. O gatinho pode até ter começado solitário, mas no final, esse pequeno grupo de criaturas salvou uns aos outros vezes suficientes para serem inseparáveis. O longa traz um lembrete cativante de que a sobrevivência requer cooperação e que são as nossas diferenças que nos tornam mais fortes.

A água é um símbolo sempre presente no filme e flui constantemente, impulsionando a ação e os personagens. O próprio título original significa “fluir” e isso é basicamente outro dos temas importantes tratados nesse filme – mesmo nos piores momentos, é preciso ter forças para seguir em frente. Tudo isso resulta em uma animação surpreendentemente comovente, mas que também é divertida e que funciona para públicos de todas as idades.

Flow chega aos cinemas brasileiros em 20 de fevereiro de 2025, com distribuição da Mares Filmes.

4

Ótimo

Flow é uma animação emocionante sobre animaizinhos perdidos em um mundo inundado. Eles lidam com suas diferenças e aprendem que a união os faz mais fortes. A luta pela sobrevivência nunca foi tão fofa!