Five Nights at Freddy's 2
Divulgação.
Five Nights at Freddy's 2
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Five Nights at Freddy’s 2 é a exceção em um ano excelente para os filmes de terror

O primeiro Five Nights at Freddy’s se tornou um sucesso entre o público mais jovem, muito por conta da comunidade fiel e extremamente engajada que o título já possuía antes mesmo de chegar aos cinemas. Ainda assim, tecnicamente, o longa deixava bastante a desejar. Dois anos depois, em 2025 — um ano fantástico para o terror, marcado por obras que apostaram em estéticas autorais e narrativas que vão além de sustos fáceis —, Five Nights at Freddy’s 2 surge quase como um lembrete do que não se deve fazer ao produzir um filme do gênero.

É interessante analisar a franquia para além de sua adaptação cinematográfica. O universo de Five Nights at Freddy’s, seja nos jogos ou no engajamento dos fãs, é criativo, possui identidade e uma mitologia rica. No entanto, ao ser transportado para as telonas, tudo isso se dilui em um terror genérico, que parece sobreviver apenas de migalhas narrativas e easter eggs feitos exclusivamente para agradar os fãs mais dedicados.

A trama se passa um ano após os eventos sobrenaturais ocorridos na Freddy Fazbear’s Pizza. Quando Abby (Piper Rubio) começa a receber pistas de que seus amigos animatrônicos ainda estão “vivos”, ela foge para tentar se reconectar com eles. No processo, acaba revelando segredos obscuros sobre a verdadeira origem da Freddy’s e libertando um horror escondido há décadas. Agora, Mike (Josh Hutcherson) e Vanessa (Elizabeth Lail) precisam enfrentar fantasmas do passado para tentar colocar um fim nesse pesadelo aparentemente interminável.

O grande problema da sequência está no roteiro de Scott Cawthon. Mesmo tentando justificar os acontecimentos do primeiro filme e introduzir uma narrativa de vingança, a história não funciona. Todos os personagens, sem exceção, são rasos e frequentemente irritantes. A preocupação central do roteiro é agradar fãs por meio de referências constantes — não construir uma narrativa envolvente ou personagens pelos quais possamos nos importar. O resultado é um grande compilado de nada: fan-service não sustenta um filme, apenas cria uma sucessão de cenas desconexas que, em muitos momentos, parecem mais prompts de inteligência artificial do que escolhas cinematográficas reais.

Outro ponto crítico é a ausência total de ameaça nos animatrônicos. Visualmente, eles são fiéis ao material original e até interessantes, mas, quando as cenas de perseguição começam, todo o medo se dissipa. Não há tensão. Faltam ideias mais engenhosas, soluções que trabalhem o terror de forma sugestiva, com ritmo, montagem e uso inteligente do fora de campo — em vez de colocá-los correndo atrás de personagens em situações pouco inspiradas.

Apesar do roteiro fraco, é justo destacar o trabalho de Emma Tammi na direção. Mesmo limitada por um texto problemático, ela consegue extrair bons enquadramentos e movimentações de câmera, criando, em momentos pontuais, uma atmosfera interessante. Seu trabalho visual é competente, mas claramente prejudicado por uma base narrativa inconsistente.

Em um ano em que o terror buscou se reinventar com filmes como Faça Ela Voltar e A Hora do Mal, Five Nights at Freddy’s 2 funciona quase como um alerta: um exemplo claro de como apostar apenas em nostalgia e fan-service pode esvaziar completamente uma obra que tinha tudo para ser mais do que isso.

1.5

Muito ruim

Five Nights at Freddy’s 2 surge como um ponto fora da curva em um ano excelente para o terror. Mesmo vindo de um universo rico e criativo nos jogos, o filme insiste em se apoiar quase exclusivamente em fan-service e referências rasas, esquecendo de construir personagens interessantes ou uma narrativa minimamente envolvente.

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