Duna Duna

Duna | Crítica

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Duna, o longo romance de ficção científica de Frank Herbert, é cheio de camadas e sempre foi considerado difícil de adaptar, não apenas pelos mundos complexos criados pelo autor, mas por ser complicado de conseguir transmitir para a tela toda a trama política e religiosa que envolve os personagens.

A primeira tentativa de levar o filme para o cinema aconteceu em 1984, mas a versão de David Lynch foi considerada um fiasco pela crítica. Portanto, quando Denis Villeneuve anunciou que faria sua própria adaptação, muitos consideraram isso loucura, ainda que a tecnologia de hoje permita trabalhar muito mais facilmente com a criação de mundos fantásticos do que há 30 anos. Mas Villeneuve é um mestre na criação de mundos futuristas, o que ficou provado em longas como A Chegada e Blade Runner 2049. Em Duna, novamente, ele não falha a nos transportar para um mundo desconhecido e incrível.

Duna se passa no ano 10191 e mostra a trajetória do jovem Paul Atreides (Timothée Chalamet), filho do duque Leto Atreides (Oscar Isaac) e único herdeiro da nobre família. Os Atreides são obrigados pelo Imperador a deixarem seu planeta natal para sobreviver ao ambiente árido e severo de Arrakis, onde devem coletar a matéria mais importante e valiosa do universo: a especiaria. Porém, isso causa discórdia com os Harkonnen, família importante que comandava o planeta e tirava suas riquezas do deserto.

Além de lidar com a mudança, com suas obrigações como herdeiro da Casa Atreides, Paul luta para interpretar seus sonhos, que frequentemente incluem uma bela Fremen, chamada Chani (Zenadaya). Ao chegar em Arrakis, a vida do protagonista sonhador sofre uma reviravolta gigantesca, mas que parece ser a deixa para que ele cumpra seu destino como o possível escolhido que cumprirá a profecia prevista pelas Bene Gesserit.

O elenco de Duna, formado por vários rostos conhecidos da lista A de Hollywood, não decepciona. Timothée Chalamet está muito bem como o protagonista confuso e misterioso. Jason Momoa e Josh Brolin trazem alguns momentos de humor para o longa. Oscar Isaac e Rebecca Ferguson convencem com sua postura nobre para os Atreides, enquanto Stellan Skarsgård é completamente grotesco como o Barão Vladimir Harkonnen.

Como esperado de um filme de Villeneuve, toda a parte visual e sonora do longa é de tirar o fôlego.  As locações são lindíssimas, as naves espaciais inovadoras e vermes gigantescos surgindo das profundezas da areia, assustadores. Tudo isso conseguido através de um belo trabalho de fotografia e efeitos especiais.

Vale destacar também os figurinos perfeitos criados pela três vezes indicada ao Oscar Jacqueline West. Os trajes militares foram desenhados com maestria, assim como o visual sóbrio da família Atreides e o belo vestido em que Jessica (Ferguson) chega à Arrakis. Mas certamente o que mais chama atenção são os trajes típicos dos Fremen, com sistemas completos de filtragem de água, chamados trajestiladores, que filtravam a umidade do corpo e que são essenciais para o enredo.

Duna é uma adaptação lindíssima, um espetáculo visual que realmente deve ser visto na tela grande. Um dos poucos defeitos do longa consiste em não ser um filme completo e não funcionar tão bem como um filme único. Ele simplesmente acaba quando a história parece estar apenas começando, como se o terceiro ato tivesse sido guardado para depois. Teremos que ter muita paciência até que o destino de Paul Atreides seja mostrado na tela, já que a sequência ainda não começou a ser produzida, mas certamente iremos aguardar com bastante ansiedade.

4

Ótimo

Duna é uma adaptação lindíssima, um espetáculo visual que realmente deve ser visto na tela grande, como apontado pelo diretor Denis Villeneuve. Timothée Chalamet está muito bem como o protagonista confuso e misterioso e o resto do elenco, repleto de nomes conhecidos, também faz um bom trabalho ao dar vida aos personagens de metade do complexo romance de Frank Herbert. Um dos poucos defeitos do longa consiste em não ser um filme com um final, mas ele certamente deixa o espectador aguardando ansiosamente pela sequência.