Wim Wenders, renomado diretor alemão, traz à tela uma história aparentemente simples, mas profundamente comovente, em Dias Perfeitos. O filme, indicado ao Oscar 2024, surpreende ao transformar a rotina de um zelador de banheiros públicos em Tóquio em uma jornada de autodescoberta e reconexão com o passado.
Inicialmente concebido como um documentário sobre a impecável limpeza dos banheiros de Tóquio, o filme se desdobra para explorar a vida deste homem aparentemente comum, cujas paixões por música, literatura e fotografia o distinguem de maneira singular. A cada cena, somos convidados a refletir sobre a nossa própria rotina e a valorizar as pequenas alegrias que muitas vezes negligenciamos.
Na trama, acompanhamos a jornada diária de Hirayama (interpretado por Kōji Yakusho) conciliando seu trabalho como zelador dos banheiros públicos de Tóquio com sua paixão por música, literatura e fotografia. Sua rotina é lentamente interrompida por encontros inesperados que o forçam a se reconectar com seu passado.
A atuação de Kōji Yakusho é um dos pontos altos do filme, com sua habilidade de transmitir emoção através de poucas palavras e de um olhar doce, porém carregado de significado. À medida que o enredo se desenrola, somos gradualmente introduzidos ao passado de Hirayama e aos desafios de seu processo de recomeço, o que nos leva a uma maior empatia e compreensão do personagem.
O filme nos leva a refletir e a contemplar a beleza que nos cerca, mesmo nas situações mais comuns. Através da história de Hirayama, somos lembrados da importância da dedicação, da valorização das coisas mais simples e da gratidão pela rotina diária.
É uma pena que Dias Perfeitos não tenha recebido o reconhecimento que merece nos cinemas e que não seja um forte candidato ao Oscar de Melhor Filme Internacional. Este é um filme que, apesar de sua simplicidade, entrega uma mensagem poderosa que ressoa com o público. É uma obra tocante que nos ensina a valorizar os Hirayamas que cruzam nosso caminho, muitas vezes sem serem notados.
Utilizando a trilha sonora de maneira única, o filme apresenta uma interpretação comovente de “House of the Rising Sun” na cena final, convidando o espectador a refletir sobre a transitoriedade da vida e a encontrar beleza mesmo nas circunstâncias mais mundanas.
Em um mundo muitas vezes marcado por sombras e desilusões, Dias Perfeitos nos lembra da importância de valorizar os momentos efêmeros de felicidade e conexão. Ao invés de lamentar as dificuldades da vida, o filme nos encoraja a abraçar a beleza que nos rodeia, tornando cada dia um pouco mais luminoso. Assim, Wim Wenders nos presenteia com uma obra que não apenas nos comove, mas também nos inspira a encontrar significado nas experiências aparentemente simples da existência.
EXCELENTE
Wim Wenders nos presenteia com uma obra que não apenas nos comove, mas também nos inspira a encontrar significado nas experiências aparentemente simples da existência.