Depois a Louca Sou Eu [Crítica] Depois a Louca Sou Eu [Crítica]

Depois a Louca Sou Eu [Crítica]

Reprodução/Paris Filmes

Depois a Louca Sou Eu [Crítica]
Reprodução/Paris Filmes
Depois a Louca Sou Eu pode ser um breve resumo do nosso cotidiano durante a pandemia. Os temas abordados no filme de Júlia Rezende (Ponte Aérea) se conectam na rotina de muitas pessoas. O mais surpreendente é que o roteiro do filme foi desenvolvido bem antes do COVID-19 surgir. Previsto para ser lançado em 2020, o filme estrelado por Débora Falabella só chegou hoje, 25, nos cinemas. Acaba que o lançamento do filme se encaixou perfeitamente com a situação difícil que muitos estão vivendo em relação ao isolamento social.

Inspirado no livro de Tati Bernardi, a trama acompanha Dani (Débora Falabella), uma mulher que lida com crises de ansiedade desde sua infância. Com o talento para se tornar uma grande escritora, Dani tenta levar uma vida normal a base de remédios fortes sem uma administração responsável. Mas, ela não percebe que está deixando as coisas piores do que já são.

O roteiro frenético e sob o ponto de vista de Dani deixa a história ainda mais intrigante. A personagem a todo instante se vê como louca e fora da sociedade. Mas, o detalhe do filme e que Júlia Rezende trabalha de forma eficiente é que Depois a Louca Sou Eu é um filme que fala de nossas vulnerabilidades. Nem sempre somos fortes ou precisamos ser fortes. Utilizando a narração em off, onde a performance de Falabella revela toda a inquietação de alguém sofrendo uma crise, muitos espectadores se sentirão abraçados e conectados com a história.

A performance de Débora Falabella é navega entre o divertido e dramático. Embora seja uma comédia com pitadas de drama, a atriz jamais quer soar engraçada, ela apenas abraçou os anseios de Dani. Ela permite que as situações se tornem engraçadas, como na cena em que ela participa de um talk show. A priori, vamos dar risadas. Mas, no contexto geral, é uma situação para se refletir de quem está sob o efeito abusivo de remédios.

Vale ressaltar o aspecto técnico do filme, detalhe importante para o uso das cores. O uso das cores vermelha e verde refletem o psicológico de Dani. Quando está sob uma forte crise, a cor vermelha entra em destaque, enquanto o verde entra nas cenas em que Dani está se sentindo confortável, passando uma clima de liberdade e calmaria.

A direção minuciosa de Júlia Rezende tem todo cuidado para não transformar Dani em apenas uma personagem fragilizada. Ela busca superar seus medos, só que ainda não tem as ferramentas necessárias para tal. Rezende direciona muito bem a jornada física e mental da protagonista, principalmente quando a personagem tem seus ataques de ansiedade na rua. A diretora também deixa claro que Depois a Louca Sou Eu se trata de uma relação mal resolvida entre mãe e filha. A atuação de Yara de Novaes como Silvia, mãe de Dani, é responsável para os momentos dramáticos do filme, onde mãe e filha precisam cortar algumas amarras. Essas amarras estão prejudicando o bem-estar das duas.


Leia mais: Débora Falabella fala do papel de Dani em Depois a Louca Sou Eu


Depois a Louca Sou Eu diverte e acolhe. Uma história envolvente com muito a dizer. Seja para aqueles que sofrem de ansiedade, seja para aqueles que precisam demonstrar empatia e compreender que ansiedade não é frescura. Afinal, a vida é um liquidificador de emoções. Sem dúvidas, se trata de uma comédia necessária neste período tão caótico.

3

Bom

Depois a Louca Sou Eu é uma comédia dramática que diverte e acolhe. Uma história envolvente com muitos a dizer. Seja para aqueles que sofrem de ansiedade, seja para aqueles que precisam demonstrar empatia e compreender que ansiedade não é frescura. Afinal, a vida é uma jornada com suas qualidades e defeitos.