Não se pode duvidar do tamanho e da grandeza de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba. A história de vingança de Tanjiro Kamado se tornou um fenômeno no mundo dos animes e, em muitos casos, o primeiro contato de muita gente com o gênero. Em Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito, a obra de Koyoharu Gotouge — agora explorando todo o potencial de uma sala de cinema — reúne tudo o que fez Demon Slayer se tornar o fenômeno que é hoje.
Mesmo aproveitando os elementos que levaram a obra a esse patamar, é importante dizer que o filme não é uma boa porta de entrada para novatos. Para assimilar os acontecimentos e a grandiosidade das lutas, é essencial ter assistido às quatro temporadas anteriores. Em nenhum momento Castelo Infinito busca contextualizar o público: parte do princípio de que quem está no cinema já conhece os desdobramentos da história, já que a produção foi pensada como continuação direta da série.
A trama é dividida em três grandes lutas, que ditam o ritmo das longas 2h35min de duração. Cada confronto possui um arco emocional próprio, mostrando as motivações e crenças dos personagens, o que torna as batalhas mais envolventes por carregarem aspectos pessoais de cada lado. O que realmente chama atenção é a brutalidade com que o filme retrata esses duelos: sangue, cortes, socos e mutilações são mostrados de forma visceral, tornando a experiência ainda mais intensa.
A primeira luta é entre a Hashira dos Insetos, Shinobu, e o Lua Superior de nível 2, Doma. O interessante é como o filme adapta cada combate para refletir seus personagens. No caso de Shinobu, sua velocidade e graciosidade fazem cada movimento parecer uma dança. Já a “falsa gentileza” de Doma traz um aspecto sombrio para o confronto, assustando apenas com sua presença e sarcasmo macabro. É também a primeira vez que vemos Shinobu em todo seu potencial, pois, após o demônio revelar um trauma de seu passado, a Hashira entende que a luta é pessoal.
Se nas temporadas anteriores Zenitsu era visto como um fardo ou alívio cômico irritante, aqui é fácil afirmar que o jovem é a estrela do filme. Em sua luta contra Kaigaku, ex-amigo e discípulo de seu avô que traiu a confiança do mestre e se tornou um Lua Superior, o espadachim do trovão mostra como Demon Slayer consegue aprofundar seus personagens por meio dos confrontos. No maior desafio de Zenitsu até agora, a batalha se transforma em uma montanha-russa de emoções, capaz de arrepiar e até arrancar lágrimas do público.
A terceira luta, que representa o último capítulo do longa, fica por conta de Tanjiro e do Hashira da Água, Tomioka, contra o Lua Superior de nível 3, Akaza. É a revanche aguardada desde a segunda temporada, despertando no espectador um forte sentimento de vingança. O embate contra Akaza é um dos mais belos e inventivos de toda a obra, principalmente pelo perigo que ele representa e pela forma como Tanjiro consegue se adaptar durante a luta. É aqui que o filme revela seu coração pulsante, mostrando de maneira emocionante o passado do demônio, marcado por injustiças que explicam suas ações no presente. Ainda assim, sem se preocupar em reinventar a roda, Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito surpreende com um desfecho que ressalta o amor como a correnteza que percorre nossos corpos e inflama a humanidade dentro de qualquer um.
Mesmo exigindo conhecimento prévio das temporadas anteriores e talvez sendo mais longo do que precisava — já que em certos momentos as 2h38min se fazem sentir —, Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito pode ser exatamente a motivação que muitos precisavam para começar a acompanhar uma das histórias mais emocionantes e épicas em andamento.
Muito bom
Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito pode ser exatamente a motivação que muitos precisavam para começar a acompanhar uma das histórias mais emocionantes e épicas em andamento.