Crítica | Vidro encerra duas das melhores obras de M. Night Shyamalan

Vidro, o último filme da trilogia do diretor M. Night Shyamalan que ficou conhecida como “Eastrail 177”, chegou para finalmente unir os personagens de Corpo Fechado (2000) e Fragmentado (2017).

Em Corpo Fechado, o indestrutível David Dunn (Bruce Willis) encontra seus poderes apenas para descobrir que eles foram trazidos à tona por um ato maldoso do frágil Elijah Price, conhecido como Mr. Glass/Sr. Vidro (Samuel L. Jackson). Fragmentado, o segundo filme da trilogia, se passa no mesmo universo de Corpo Fechado e mostra como Kevin Wendell Crumb (James McAvoy) – um indivíduo que tem um severo desvio de identidade – se tornou incrivelmente forte e com uma personalidade chamada A Fera após sequestrar três garotas. A grande surpresa de Fragmentado foi uma cena final com Bruce Willis em seu antigo papel, a única coisa que conectava os dois filmes até então.

Vidro se passa apenas algumas semanas após os eventos de Fragmentado. No longa, após uma breve batalha, David Dunn e Kevin Wendell Crumb acabam indo parar no hospital psiquiátrico onde Elijah Price está sendo mantido desde que foi capturado. O vilão de ossos frágeis então começa a orquestrar um jogo de gato e rato entre o herói indestrutível e A Fera, ao mesmo tempo em que a Dra. Staple (Sarah Paulson) tenta convencer a todos de que eles são apenas seres humanos normais, sem nenhum tipo de superpoder.

Vidro é um filme de super-herói bastante diferente do que vemos nos mais famosos da Marvel e DC atualmente, com um ritmo mais lento, similar ao que o diretor M. Night Shyamalan fez com as duas primeiras partes da trilogia. O longa brinca o tempo todo com os arquétipos dos heróis e vilões de histórias em quadrinho e explora a obsessão que o público tem por esses personagens com superpoderes. Apesar disso, Vidro segue o ritmo natural do gênero e apresenta uma história de origem, desvendando segredos principalmente do primeiro filme da trilogia.

A Dra. Staple, personagem de Sarah Paulson, levanta umas das principais questões e faz com que o público fique se questionando se realmente existem pessoas com poderes ou se estamos prestes a descobrir que estivemos acompanhando a história de pessoas loucas ou se estamos prestes a ver mais um dos famosos plot twists do diretor.

Bruce Willis ainda consegue manter o ar de herói indestrutível e introspectivo, mesmo com os cabelos e barba brancos pelas quase duas décadas que se passaram desde sua primeira aparição como David Dunn. Samuel L. Jackson mais uma vez se mostra bastante carismático e divertido, com seus planos mirabolantes e sarcasmo. Outro destaque é o trio de personagens de apoio formado por Charlayne Woodard e Spencer Treat-Clark, reprisando seus papéis de mãe do Elijah e Joseph Dunn, o filho de David, respectivamente, e Anya Taylor-Joy mais uma vez como Casey, a prisioneira sobrevivente de Fragmentado.

Mas, obviamente, quem rouba a cena é James McAvoy, que consegue trocar de personalidade com naturalidade, alternando vozes, expressões e emoções aparentemente sem nenhum esforço, de forma que sabemos qual das personalidades está em cena apenas de olhar para tela.

Depois de alguns erros, Shyamalan voltou a acertar com Fragmentado e conseguiu manter uma boa qualidade em Vidro, apesar de ser o mais fraco da trilogia. O longa definitivamente não é uma opção para os que querem ver um filme dinâmico e cheio de cenas de ação, pois apresenta uma abordagem muito mais realista dos heróis e vilões. Apesar disso, é um ótimo desfecho para a trilogia e certamente fará com que os fãs de M. Night Shyamalan sintam que valeu a pena esperar.

Vidro entra em cartaz no dia 17 de janeiro de 2019.

4

Ótimo

Apesar de não funcionar muito bem como um filme sozinho – aconselhamos ver Corpo Fechado e Fragmentado antes de conferir o novo filme de M. Night Shyamalan – Vidro tem ótimas atuações e, com uma abordagem muito mais realista dos heróis e vilões, levanta muitas questões sobre o relacionamento do público com os quadrinhos, finalizando muito bem a trilogia.