Crítica | Velvet Buzzsaw: Sangrenta sátira da arte de Dan Gilroy

Depois do surpreendente O Abutre, Dan Gilroy sai do mundo do jornalismo e entra no cenário das artes. Os excessos e os perigos são novamente abordados. O que diferencia aqui é que Velvet Buzzsaw funciona como uma sátira sobre os lucros e o quanto os profissionais arriscam suas vidas para ganhar notoriedade. Gilroy alfineta os artistas pretensiosos, os galeristas, os agentes, os clientes e, especialmente, os críticos. Contudo, o longa funciona como uma pintura. Cada um terá sua visão. Uns acharão uma grande obra, enquanto outros não encontrarão nada de artístico.

O filme

A trama apresenta Jake Gyllenhaal como Morf Vandewalt, um crítico de arte excêntrico capaz de alavancar ou quebrar a carreira de um artista. O seu círculo profissional inclui a agente Rhodora Haze (Rene Russo) e sua assistente Josephina (Zawe Ashton), a gerente da galeria Gretchen (Toni Collette), o artista Piers (John Malkovich), o jovem agente Jon Dondon (Tom Sturridge), o jovem artista Damrish (Daveed Diggs) e a nova assistente Coco (Natalia Dyer). Todos têm em comum a superficialidade de suas vidas, prestes a serem destruídas quando Josephina encontra no apartamento do vizinho morto dezenas de lindas pinturas – com um design de arte ímpar. Contudo, as peças parecem estarem assombradas, mas pensando nos lucros que pode ganhar, ela decide expor ao público.

Elenco

O mais cativante em Velvet Buzzsaw é o elenco afiado e que compreendeu a excentricidade buscada pelo diretor. Jake Gyllenhaal, que trabalhou com Gilroy em O Abutre, repete a ótima performance como Morf Vandewalt, alguém que esconde sua verdadeira face como se precisasse ser outra pessoa para conseguir seus objetivos no mundo artístico. Quando as peças mal assombradas surgem, conhecemos sua personalidade fragilizada e confusa. Zawe Ashton, Rene Russo, Toni Collette e John Malkovich aproveitam do humor negro, porém caem na superficialidade no terceiro ato.

Visual

Entre as várias vertentes que Velvet Buzzsaw nada, o terror é o mais presente. Contudo, no lugar das cores escuras e baixa iluminação típica em produções do gênero, o longa abre espaço para a iluminação de cores vivas como o vermelho, que se mistura entre sangue e tinta. O design e as escolhas visuais das pinturas, os figurinos e as sequências dos assassinatos mantém o telespectador envolvido entre a beleza e o terror.

Roteiro

As intenções de Dan Gilroy, que também assina o roteiro, são compreendidas, porém mal executadas. A narrativa parece desajeitada e incerta sobre qual caminho seguir – sátira ou terror. Há diálogos que não fazem sentido como uma cena de início entre Piers e Jon Dondon sobre o lançamento de uma galeria. A intenção é boa sobre os desafios que muitos profissionais encontram e a disputa comercial que há entre eles, mas a construção da cena é superficial e o diálogo sem nexo algum.

O que achamos?

Velvet Buzzsaw agrada pela originalidade. Um longa imprevisível e diferente. Embora não esteja tão inspirado como em O Abutre, Dan Gilroy expõe uma visão reflexiva sobre o mundo das pinturas e galerias. Quase todas as tragédias no filme envolvem personagens sendo absorvidos pela arte. Ao final, Gilroy expõe ser um preço a se pagar por quem vive nesse mundo que pode ser belo e assustador ao mesmo tempo.

Há visuais impressionantes e um belo traço de humor negro e terror capazes de proporcionar um bom entretenimento.

3

Bom

Velvet Buzzsaw  agrada pela originalidade. Um longa imprevisível e diferente. Embora não esteja tão inspirado como em O Abutre, Dan Gilroy expõe uma visão reflexiva sobre a arte. Há visuais impressionantes e um belo traço de humor negro e terror capazes de proporcionar um bom entretenimento.