Crítica | Tudo Que Quero: Dakota Fanning encanta no drama indie nerd

Tudo Que Quero é o mais novo drama indie de Ben Lewin, do aclamado As Sessões (2012). Embora conte com um elenco de primeira, a produção não teve o mesmo respaldo e chegou em poucas salas de cinema, sobrando o lançamento nas plataformas VOD, Amazon e iTunes. Uma pena, porque a história é cativante e Dakota Fanning está encantadora no papel principal. Um agradável road movie sobre uma intrépida heroína autista, que supera as limitações para realizar seu sonho.

O filme

Na trama, Dakota Fanning vive Wendy, uma jovem com transtorno do espectro autista que vive sob os cuidados da psicóloga Scottie (Toni Collette) em San Francisco. Ela é uma obsessiva fã de Star Trek. Quando um concurso é aberto para roteiros de filmes da franquia,  Wendy começa a elaborar uma obra de 450 páginas com seus personagens favoritos (Kirk e Spock). Wendy está convencida de que se ela ganhar o concurso, ela poderá salvar sua casa de infância de ser vendida e voltar a morar com sua irmã Audrey (Alice Eve) que recentemente teve um bebê. Porém, Wendy perde o prazo para postar o roteiro nos correios, e decide viajar até o estúdio em Los Angeles. Não será nada fácil para uma jovem com dificuldades de comunicação. Uma odisseia perigosa para Wendy, que leva seu pequeno cão para não se sentir sozinha e insegura.

Star Trek

O roteiro de Michael Golamco usa como pano de fundo uma enxurrada de referências a Star Trek. Quem não conhece a franquia da TV e cinema, pode não compreender alguns diálogos e importância dos personagens para o crescimento de Wendy. O nome de Scottie é uma interessante sacada. Collette emprega uma função semelhante ao engenheiro interpretado por James Doohan no original e Simon Pegg na versão mais recente do cinema.

Alice Eve, que viveu a Carol Marcus no cinema, interpreta a irmã de Wendy. Todos os percalços e desafios do universo Star Trek funciona como uma espécie de terapia para Wendy. O momento mais tocante é a sequência final com a participação de Patton Oswalt que contracena com Fanning da forma mais nerd possível.

Dakota Fanning

Fanning tem o cuidado de não dramatizar seu desempenho, apresentando Wendy em busca de afirmação. Apesar de ser uma jovem obviamente vulnerável por conta do espectro autista, o roteiro opta por estabelecer provações como se fossem episódios de Star Trek que amadurecem a adolescente. Contudo, a narrativa se desgasta do segundo para o terceiro ato. Fica a sensação de que o filme poderia oferecer mais de Fanning, que encanta e emociona em seu desabafo final. “Você sabe como é difícil escrever alguma coisa? Todo o pensamento, planejamento e reescrita”, diz Wendy quando é menosprezada.

O que achamos?

Tudo Que Quero é um longa simples e sensível. Dakota Fanning encarna uma intrépida heroína tentando superar seus medos. Um retrato genuíno sobre o autismo, que mesmo de diante de soluções fáceis devido ao roteiro mediano, consegue cativar pela atuação magnética de sua protagonista. Um filme que irá entreter e deixar qualquer fã de Star Trek com o sorriso de orelha a orelha. Séries, filmes, quadrinhos e games podem alcançar um potencial terapêutico, apesar da descrença dos mais conversadores. A criação de Gene Roddenberry é tratada com carinho e respeito. Ao longo de mais de cinquenta anos outras Wendys foram acalentadas pela obra na vida real.

3

Bom

Tudo Que Quero é um longa simples e sensível. Dakota Fanning encarna uma intrépida heroína tentando superar seus medos. Um retrato genuíno sobre o autismo, que mesmo de diante de soluções fáceis devido ao roteiro mediano, consegue cativar pela atuação magnética de sua protagonista.