Crítica | Trumbo – Lista Negra retrata um período conturbado em Hollywood

Inspirado no livro de Bruce Cook, Trumbo – Lista Negra acompanha o conturbado período em Hollywood, que podemos classificar de caça às bruxas. Se nos tempos de hoje, pessoas públicas sofrem represálias por expor seu posicionamento político, vide o que aconteceu com Chico Buarque recentemente, imaginem no século passado, quando um dos mais talentosos roteiristas de cinema foi perseguido pelo Comitê de Atividades Antiamericanas.

Com a Guerra Fria, o senado americano foi forçado a investigar nomes de profissionais ligados ao Partido Comunista, entre eles, de Dalton Trumbo. Dono de uma personalidade forte, o roteirista e escritor era um defensor dos direitos trabalhistas e se declarava um comunista. Trumbo e mais profissionais acabaram integrando a Lista Negra, que continha nomes de pessoas ligadas ao partido comunista e que, não poderiam trabalhar em Hollywood. A partir daí, muitos nomes talentosos tiveram suas carreiras encerradas. Contudo, Trumbo continuou trabalhando em grandes filmes, mas assinando com pseudônimos.

Dirigido por Jay Roach e escrito por John McNamara, Trumbo – Lista Negra soa mais como um telefilme do que uma longa cinematográfico. A narrativa, a estrutura técnica é simplista. O longa ainda apresenta um sério problema em se definir como um drama ou comédia, faltando consistência narrativa desde o início da fita. Os personagens são pouco aproveitados e estereotipados. A colunista Hedda Hopper é interpretada brilhantemente por Helen Mirren, mas ela é vista apenas como uma bruxa deplorável. Edward G. Robinson, interpretado pelo competente Michael Stuhlbarg, é apresentado no longa como um delator, sendo que na história real, o ator foi enganado. O comediante Louis C.K. interpreta o fictício roteirista Arlen Hird e se destaca no papel de um sujeito idealista. Sua cena diante dos congressistas é uma das mais eficientes.

Bryan Cranston faz jus a indicação ao Oscar. Seus trabalhos sempre envolvem uma intensidade apaixonante em cada cena, mesmo em produções pífias como o remake de O Vingador do Futuro. Uma pena que esta produção limita sua composição do personagem. Contudo, a sequência final é notória, o que provavelmente garantiu seu reconhecimento pela Academia.

Ao final, Trumbo – Lista Negra é uma boa produção, que pecou pela limitação da forma como Dalton Trumbo é representado em tela. O roteirista era muito mais do que um sujeito raivoso e indignado durante as perseguições políticas.

  • Bom
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Resumo

Ao final, Trumbo – Lista Negra é uma boa produção, que pecou pela limitação da forma como Dalton Trumbo é representado em tela. O roteirista era muito mais do que um sujeito raivoso e indignado durante as perseguições políticas.