Crítica | Tomb Raider: A Origem que a personagem não merecia

A série Tomb Raider iniciou sua longa jornada na cultura pop em 15 de Outubro de 1996, onde teve o seu primeiro lançamento para os videogames. O jogo mesclava ação, aventura e puzzles, além de contar com uma forte protagonista feminina. A inspiração em Indiana Jones era clara, o que trazia os saudosistas de volta a esse mundo de mistérios e caçadas a tesouros. A franquia também teve dois filmes estrelados por Angelina Jolie, sendo um lançado em 2001 e outro em 2003. Após mais de uma década, Tomb Raider retorna ao mundo dos cinemas. Isso aconteceu após a compra dos direitos cinematográficos pela GK Films, com direção de Roar Uthang. No papel de Lara Croft, temos a ganhadora do Oscar, Alicia Vikander.

O Filme

A história mostra a vida de Lara como uma mera entregadora nas ruas caóticas de Londres, ainda atormentada pelo sumiço de seu pai há 7 anos atrás. Ela treina artes marciais, tem problemas financeiros e nega-se a herdar a fortuna dos Croft, o que a levaria a admitir que seu progenitor estaria morto. Quando aconselhada a seguir em frente, Lara começa sua investigação para resolver o misterioso quebra-cabeças da morte de seu pai. O destino a faz deixar tudo para trás e embarcar numa missão à uma misteriosa ilha. Nela, o propósito principal de Lara é sobreviver e tornar-se digna do nome Tomb Raider. Uma história de origem, como o próprio título do longa diz.

Reprodução

O Elenco

O elenco principal do filme, além da premiada Alicia Vikander, possui Dominic West como Richard Croft, Walton Goggins no papel de Mathias Vogel e Daniel Wu como Lu Ren. O roteiro do filme é assinado por Geneva Robertson-Dworet e Alastair Siddons. A fotografia é dirigida por George Richmond, que esteve em Missão Impossível: Nação Secreta. O design de produção conta com Gary Freeman, que trabalhou em Malévola. Nomes experientes para um filme que merecia sucesso, principalmente hoje em que protagonistas femininas têm e devem aparecer mais nos cinemas e nas séries de televisão.

É inquestionável dizer que a melhor qualidade de Tomb Raider: A Origem é Alicia Vikander. Ela consegue protagonizar Lara Croft com o carisma que a personagem merece. A atriz ainda teve de lidar com uma péssima escolha de frases clichês que o roteiro impõe. Mesmo assim, consegue se sobressair e encarnar uma jovem que, assim como nos últimos jogos lançados, consegue expressar seu medo, sua fragilidade e superá-las com coragem e determinação. Lara é o principal e melhor ponto do filme, mas não é o suficiente para torná-lo bom.

O Que Achamos?

A principal falha do reboot está em seu roteiro, que leva a trama adiante com uma série de coincidências desastrosas e preguiçosas, além de possuir os piores clichês nas falas de seus personagens principais. “Você mexeu com a família errada”, “Eu não sou esse tipo de Croft” e tantas outras. A forma com que os roteiristas trabalham o vilão é, no mínimo, pavorosa. O desperdício do enorme talento que Walton Goggins tem é terrivelmente triste, visto que nas mãos certas, como o do próprio Quentin Tarantino em 8 Odiados, ele se torna uma das figuras mais marcantes da película. Não há uma motivação clara aqui para as atitudes de Vogel e da Trindade, uma “organização criminosa que quer trazer caos ao mundo”. Quantos clichês.

Divulgação

A direção não tem uma marca; ela é genérica. Muitos dos enquadramentos utilizados assemelhavam-se a produções de pequeno orçamento que são reproduzidos na televisão, somando a péssima direção de ação em cenas de luta. O diretor Roar Uthang corta de câmera para câmera em questão de segundos, não dando entendimento da cena. Perdão, eu disse segundos? De milésimo a milésimo de segundo há algum corte, o que torna a ação intragável e nada fluída. Para piorar, os efeitos especiais são nítidos e tiram toda tensão; é ridiculamente fácil perceber quando trata-se de um boneco digital, uma dublê ou a própria Alicia Vikander.

O chromakey é outro aspecto que deixa muito a desejar, e algo realmente não esperado em pleno 2018. Não existe emoção, nem tensão; apenas um amontoado de clichês e cenas mal dirigidas de ação do início ao fim. A história não se sustenta. É clara a vontade do estúdio em iniciar uma franquia lucrativa, engajando-se talvez, no sucesso de Mulher-Maravilha.

Para Concluir

Tomb Raider: A Origem é um início aquém do esperado, possuindo muitos problemas técnicos que incomodam do início ao fim. Alicia Vikander carrega nas costas todas as falhas e consegue interpretar uma Lara Croft digna, que certamente merece uma sequência em mãos de outros profissionais. O próprio Joss Whedon sempre soube trabalhar protagonistas femininas e entende da relevância desse tema atualmente. O começo pode não ter sido bom; o estúdio dependerá da recepção do público nas bilheterias para uma continuação. Em mãos certas, a franquia tem todos os ingredientes para ser um sucesso.

2

Regular

Tomb Raider: A Origem é um início aquém do esperado, possuindo muitos problemas técnicos que incomodam do início ao fim. Alicia Vikander carrega nas costas todas as falhas e consegue interpretar uma Lara Croft digna, que certamente merece uma sequência em mãos de outros profissionais.