Crítica – Tim Maia

Tim Maia

Tim Maia é mais um daqueles artistas que vivia a vida intensamente sem arrependimentos e sem olhar para trás. Assim como Cazuza e Renato Russo, o rei do soul nacional foi classificado por ser uma figura egocêntrica para alguns. Para outros, esses “personagens” foram apenas incompreendidos por estarem a frente do seu tempo. Na verdade, nós, meros mortais, era que não compreendiam essas figuras que não tinham papas na língua e falavam o que vinham na cabeça.

Inspirado no livro Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia, do jornalista Nelson Motta, o longa aborda o “personagem” Tim Maia. Sim, ao longo de toda sua trajetória o músico criou uma figura folclórica com muitas lendas sobre sua vida. Para uns, Tim era apenas um drogado e que faltava com os compromissos. Para outros, ele foi um gênio capaz de extravasar toda sua fúria decorrente de uma juventude complicada em sua canções.

Dividida em duas fases, a trama de início apresenta Sebastião Rodrigues Maia (Robson Nunes), um jovem que começou vendendo marmita para ajudar a família na Tijuca, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Conhecido inicialmente como Tião, o garoto foi fisgado pela música negra americana e decide montar sua própria banda. É aí que ele conhece os jovens Roberto Carlos e Erasmo Carlos, porém o projeto musical não dá muito certo e cada um segue seu rumo. Durante sua viagem para Nova York, Tião tem contato com a música negra, o soul. É quando nasce Tim Maia, que leva toda a influência do swing para suas canções e começa a compor seus primeiros sucessos.

Dirigido por Mauro Lima (Meu Nome Não é Johnny), o longa foca no temperamento explosivo, mas que condicionou Tim Maia como um dos grandes nomes da música. Sua maneira grosseira de conversar misturada com sua crença de que seria um grande nome como Roberto Carlos (já se destacando no cenário musical) rende divertidas situações como o encontro após anos entre os dois, que culminou com a produção do hit “Não Vou Ficar”, gravada por Roberto Carlos (interpretado com competência por George Sauma) e que tirou Tim Maia do anonimato para um dos promissores nomes da música.

Desde o início, o longa é narrado por Fábio (Cauã Reymond), um personagem criado para o filme, que na verdade é a junção de muitos amigos de Tim, que presenciaram situações embaraçosas, mas épicas do cantor, segundo o próprio jornalista Nelson Motta. A forma da narrativa é válida, que logo de início apresenta de uma forma irônica a figura de Tim.

Tudo isso, embalado pelas clássicas canções que ajudam a compensar a duração longa do filme, um grande problema visto durante o segundo e terceiro ato em algumas situações arrastadas.

Robson Nunes e Babu Santana interpretam em fases diferentes, mas que captam a mesma intensidade e personalidade forte do cantor. É como se os dois fossem apenas um só, um mesmo ator interpretando Tim Maia. A caracterização na fase derradeira é incrível, levando a crer que realmente estamos vendo o Tim em tela, seja pelos trejeitos e entonação de voz.

Assim como seus 46 anos de vida, Tim Maia mostra com intensidade e força a trajetória de um músico marcada por qualidades e defeitos. Ame-o ou deixe-o. Assim era Tim, uma figura polêmica, mas que deixou um buraco que jamais será preenchido. Uma boa jornada musical.

  • Bom
3

Resumo

Assim como seus 46 anos de vida, Tim Maia mostra com intensidade e força a trajetória de um músico marcada por qualidades e defeitos. Ame-o ou deixe-o. Assim era Tim, uma figura polêmica, mas que deixou um buraco que jamais será preenchido. Uma boa jornada musical.