Mais um final de ano se aproxima, e com ele mais um filme sobre catástrofe “naturais”e destruição em massa do planeta chega aos cinemas. Por mais que a indústria cinematográfica evolua a cada dia, parece que os diretores nunca se cansam de trazer exemplos do que poderia acontecer com a Terra em um futuro próximo. Geralmente carregados de efeitos visuais, explosões e tudo aquilo que a tecnologia tem a oferecer, as produções possuem um efeito quase premonitório do que nos aguarda daqui a alguns anos, se continuarmos a tratar o planeta como fazemos hoje em dia. Infelizmente, nem mesmo com uma demonstração hiperbólica – será? – conseguimos compreender a finitude de nossos recursos naturais. Apesar da fórmula parecida, Tempestade: Planeta em Fúria consegue inovar em suas cenas e previsões, atribuindo a culpa a outro(s) indivíduo(s), que não a natureza.
O que aconteceria se juntássemos O Dia Depois de Amanhã (2004), Armagedom (1998) e um clássico final de filmes da Disney? Provavelmente sairíamos com algo parecido com Tempestade: Planeta em Fúria. O diretor Dean Devlin mostrou ter aprendido com o parceiro Roland Emmerich (diretor do filme de 2004) e produziu um blockbuster a altura, com tudo o que uma produção desse tipo tem direito. Provavelmente não será o melhor filme do ano, mas certamente ficará no lado positivo da memória quando mais um filme sobre catástrofes vier pela frente.
A narração inicial com voz de criança pode ser um pouco forçada e apelativa, mas quando o filme começa a se desenrolar tudo faz sentido. Tentando deixar muito claro o propósito da história com frases de efeito como “o mundo é um só povo unido”, o clichê se faz necessário assim como em diversas outras situações ao longo da trama. Apesar de estarmos cansados de ouvir jargões assim, parece que não conseguimos entender seu significado. Todo dia somos obrigados a ver telejornais recheados de notícias desanimadoras sobre algumas das principais nações do planeta. Em meio a uma grande briga de egos, armas químicas e bombas nucleares, países como Estados Unidos, China e Rússia detém em suas mãos o destino do mundo – assim como acontece no filme.
Gerard Butler assume a missão de viver o herói protagonista Jake Lawson, o cientista responsável pela criação do projeto Dutch Boy – uma rede de satélites organizada ao redor do globo terrestre para controlar a temperatura do planeta. Tendo funcionado por anos, o projeto começa a apresentar problemas e várias regiões da Terra são completamente dizimadas (uma aldeia no Afeganistão é congelada e para alegria geral da nação, uma praia no Rio de Janeiro é completamente tomada por temperaturas negativas mortais). Coincidentemente, os defeitos nos satélites começam a surgir próximos a data em que o controle do Dutch Boy sairá das mãos do governo norte-americano, mesmo com a equipe sendo formada por cientistas de 17 países diferentes. Embora tenha sido demitido pelo próprio irmão Max (Jim Sturgess), os serviços de Jake são requisitados novamente e ele é obrigado a voltar para o espaço.
Com uma dose saudável de piadas, necessárias para aliviar o espectador do clima tenso do filme, Tempestade: Planeta em Fúria se torna agradável do início ao fim, principalmente se for visto em uma tela de cinema. Apesar das versões estereotipadas de alguns países (é claro que o Brasil seria representado por uma mulher de biquini, um homem mulato e uma praia completamente diferente de Copacabana), a ideia de ter o combate entre as nações é interessante e reflete um pouco a atual situação do planeta. Confesso que fiquei esperando a voz de Steven Tyler ecoar a qualquer momento, pois até os últimos segundos achei que teríamos um novo Armagedom.
É claro que os Estados Unidos tentam puxar a atenção para o seu lado, mesmo que seja como os principais causadores das catástrofes. Em contrapartida, temos diversas críticas ao atual presidente do país, famoso por suas medidas xenofóbicas e segregacionistas contra imigrantes. No final de tudo…agradeça ao mexicano!
Resumo
Apesar da fórmula parecida com muitos outros filmes, Tempestade: Planeta em Fúria consegue inovar em suas cenas e previsões. Por meio de uma fotografia excelente e um bom desenvolvimento dos acontecimentos pelo diretor, o longa entra para o cardápio de produções relacionadas a catástrofes monumentais no planeta Terra.