Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal, longa sobre o serial killer mais famoso dos EUA na década de 70, mostra o quanto as pessoas conseguem se fascinar por uma mente tão doentia. Charles Manson e Ted Bundy foram símbolos desta fascínio, conseguindo uma legião inexplicável de fãs.
Bundy era diferente. Era estudante de Direito, sempre bem vestido, charmoso, carismático e inteligente. Era muito fácil enganar suas vítimas, todas mulheres. Quando as primeiras investigações começaram e seu nome começou a se conectar com as mortes de diversas mulheres, ele começou a usar seu charme e sua forma sempre contundente de falar para provar sua inocência.
Essa dicotomia entre a natureza aparentemente carismática de Bundy e os crimes brutais que ele cometeu é o ponto crucial do filme, que traz Zac Efron no papel principal. Além da semelhança física, Efron desempenha uma performance convincente e que captou a figura controversa de Bundy. Seria ele um monstro ou uma vítima?
Escrito por Michael Werwie e dirigido por Joe Berlinger, o longa é inspirado no livro The Phantom Prince: My Life with Ted Bundy, de Elizabeth Kloepfer, a namorada de Bundy na época dos crimes. O filme é contado através dos olhos de sua namorada de longa data, interpretada por Lily Collins, que consegue passar em tela o dano que Bundy causou em sua vida.
O filme não foca nos assassinatos do serial killer, mas na dificuldade de Elizabeth conciliar os supostos crimes do homem que aparentemente demonstrava compaixão por ela e sua filha. De fato, não há dúvidas que Ted sentia apreço por Elizabeth e sua filha. Se não tivesse, ela teria sido assassinada outrora. O filme trabalha com eficiências algumas informações desencontradas sobre os crimes de Bundy, que soube com maestria levantar a dúvida em todo caso que surgia e seu nome estava ligado. Ele era hábil e aproveitava a imprensa sensacionalista para se posicionar de vítima e levantar a dúvida, principalmente, na namorada. O trabalho de Efron é consistente em toda a narrativa. Talvez a grande performance de sua carreira. Ao ser narrado pelo ponto de vista de Elizabeth, acompanhamos o trabalho de Efron como um sujeito comprometido em provar sua inocência. Contudo, o longa não o glorifica. Pelo contrário, deixa nas entrelinhas que Ted era egocêntrico e subestimava que a justiça poderia culpa-lo.
Joe Berlinger estabelece pontos interessantes sobre o relacionamento de Ted e Elizabeth. Os dois são vítimas na história. Mas apenas Ted apresenta falsas motivações. Já Elizabeth, tem motivos para ainda acreditar no sorriso encantador do namorado e no seu olhar penetrante que a faz acreditar na inocência. Embora sem tanto destaque quanto Efron, a atuação de Collins transmite uma mistura de tristeza, confusão e constrangimento. Como ela permitiu ser enganada durante tanto tempo e como ela deixou um monstro dividir o mesmo espaço que ela e sua filha.
O longa apresenta uma perda de ritmo entre o segundo e terceiro ato, quando Elizabeth perde a função no filme, que opta pelas tentativas de fuga de Ted Bundy e até um relacionamento amoroso com a personagem interpretada por Kaya Scodelario, que entra muda e sai calada. Mas há uma uma recompensa quando Ted e Elizabeth finalmente se confrontam.
Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal mostra que além dos crimes brutais que causam dor e sofrimento aos parentes das vítimas até hoje, o cinismo e frieza do serial killer serviu para manipular muitas pessoas. Elizabeth, na verdade, não passou de uma ferramenta que o assassino utilizou para cometer seus crimes. Era seu abrigo depois de vitimar dezenas de mulheres. Elizabeth pode não ter sido assassinada por Ted, mas ela sente como se fosse.
Bom
Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal, longa sobre o serial killer mais famoso dos EUA na década de 70, mostra o quanto as pessoas conseguem se fascinar por uma mente tão doentia.