Lançado em 2014, As Tartarugas Ninja foi uma adaptação despretensiosa dos quelônios, com um bom visual, mas que não foi o suficiente para atrair novos fãs. Um filme esforçado que agradou, somente, pela sintonia e o visual mais realista do quarteto criado por Peter Laird e Kevin Eastman. Quem não viveu os anos 80 e 90 com as diversas mídias lançadas, não vai se interessar tanto assim pela continuação, que repete os erros e acertos do primeiro filme.
Tartarugas Ninja – Fora das Sombras apresenta, a priori, o despertar da criança interior com a excelente sequência inicial do longa. A escalação do diretor Dave Green foi importante para resgatar mais o tom de nostalgia e diversão, que ficou faltando no antecessor.
Este novo filme tem mais cores vivas, trabalha melhor no visual e nas sequências de ação e, principalmente, sem aquela bagunça Michael Bay de ser com tudo sendo jorrado à frente na telona, ficando difícil discernir o que está acontecendo ali. #Transformersfeelings.
Pois bem, Em Fora das Sombras, desde os acontecimentos do último filme, as tartarugas têm se contentado em ficarem defendendo Nova York anonimamente, enquanto Vernon Fenwick (Will Arnett) leva todo o crédito por ser o “responsável” pela prisão do Destruidor (Brian Tee). Mas o vilão tem planos para escapar e, com a ajuda do cientista Baxter Stockman (Tyler Perry), pretende dominar a cidade em parceria com o monstro Krang (voz de Brad Garrett), que pertence à uma outra dimensão. Para piorar a vida das tartarugas, os capangas Bebop (Gary Anthony Williams) e Rocksteady (Stephen Farrelly) são transformados geneticamente em animais grotescos para enfrentarem o quarteto.
O grande problema em Fora das Sombras está na construção dos vilões. Destruidor novamente é subaproveitado, sendo mais uma figura alegórica e decorativa do que realmente representa para o universo das tartarugas. Krang tem um visual interessante, que causa impacto, mas sua motivação não é desenvolvida.
Em relação ao roteiro, o que salva é a sintonia entre Leonardo, Donatello, Raphael e Michelangelo. Há uma motivação interessante entre eles: o desejo de viverem ao lado dos humanos, mas que é atrapalhado pela forma negativa como são vistos. Há uma belíssima cena do desabafo de Michelangelo em querer que os humanos o veja pelo interior, e não, simplesmente pelo exterior.
Quando parte para os personagens humanos em tela, o longa derrapa. Megan Fox está linda (como sempre!), mas sua April O’Neil está longe de ser aquela repórter destemida e de personalidade. O Vernon Fenwick de Will Arnett diverte, mas segue o mais do mesmo. E, a novidade Stephen Amell (da série Arrow) faz um Casey Jones correto, mas que não acrescenta muita coisa na trama. O próprio Michelangelo faz uma piada genial sobre sua participação consistir em ser um mero par romântico para April. Ainda há a participação da boa atriz Laura Linney, que ganha um papel relevante, mas que se torna caricato no desenrolar da história.
O visual do longa é bonito e a qualidade do IMAX proporciona uma experiência ainda melhor. Destaque para a fotografia de Lula Carvalho enquadrar cenas de ação que fogem da assinatura Michael Bay. A sequência na Floresta brasileira (sim, o Brasil é retratado como uma grande floresta) é bem construída e detalha minuciosamente cada rusga, folha e faz o bom uso do cenário para uma belíssima sequência de ação, que utiliza de maneira eficiente o 3D.
Ao final, Tartarugas Ninja – Fora das Sombras é um bom filme. Apesar do roteiro utilizar ideias já vistas anteriormente (mutantes buscando seu espaço e respeito entre os humanos), é o filme que mais chegou perto do material original.
Resumo
Ao final, Tartarugas Ninja – Fora das Sombras é um bom filme. Apesar do roteiro utilizar ideias já vistas anteriormente (mutantes buscando seu espaço e respeito entre os humanos), é o filme que mais chegou perto do material original.