Crítica | Star Wars: Os Últimos Jedi deixa lições e entrega o capítulo mais maduro da franquia

Se Star Wars: O Despertar da Força recebeu críticas por seguir o mesmo rito de outros filmes da franquia, o novo capítulo Os Últimos Jedi vai direto para o território inexplorado. Ainda existem muitas histórias a ser contar de Star Wars, e o diretor Rian Johnson exibe um novo leque com este capítulo da saga.

Em Os Últimos Jedi não existe nada claro, as reviravoltas e lições que a trama apresenta em duas horas e trinta minutos trazem emoção sobre o destino dos personagens e, um certo cansaço, já que há uma quebra de ritmo e é sentido a duração do filme. Mas tudo é compensado de forma eficiente.

A trama começa a partir do filme do capítulo VII com a Primeira Ordem avançando seus ataques contra a Resistência liderada pela General Leia Organa (Carrie Fisher). Com a ajuda do habilidoso piloto Poe Dameron (Oscar Isaac), eles buscam encontrar meios de impedir o avanço, enquanto esperam o retorno de Luke Skywalker (Mark Hamill), que está isolado em uma antiga ilha Jedi. Lá está Rey (Daisy Ridley), que busca encontrar seu caminho, ainda envolta de dúvidas e incertezas.

Vamos para as lições que o roteiro trincado de Johnson deixa. Pré-julgamento. Esse foi o grande erro que culminou nessa nova tragédia da família Skywalker. Luke pre-julgou que Ben Solo (Adam Driver) estava abraçado com o lado negro da força e tomou uma escolha precipitada. Ben ainda em dúvidas e com a decisão do mestre, cedeu para o caminho de Snoke (Andy Serkis), o que poderia ter sido evitado, assumindo alcunha de Kylo Ren. Rey possui as mesmas incertezas e o medo que tinha o jovem Ben Solo. Luke rapidamente teme esse poder em ascensão, mas quando ouve a si mesmo e, com ajuda de antigos companheiros, percebe que todo Mestre Jedi está na linha tênue entre errar e acertar. Não existe um mestre perfeito, os erros acontecem para que acertos aconteçam no futuro.

Mark Hamill entrega seu melhor desempenho como Luke Skywalker. Ele é um Mestre Jedi cansado de guerras e batalhas, e de ver seus amigos/familiares morrerem ou serem consumidos pela escuridão. Hamill coloca toda essa dor em seus olhos. Ele está quebrado quando Rey o encontra, e está longe de ser o Jedi lendário que a jovem aprendiz sempre acreditou ser. Diferente de um Jedi idealista e corajoso em filmes passados, as escolhas de Johnson e Hamill para este filme é de um lobo solitário, que busca apenas encontrar paz. É uma performance soberba e corajosa, e a atuação de Mark Hamill entra para o acervo da franquia, que com certeza merece indicações a prêmios.

Já Carrie Fisher como a General Leia Organa está cercada de culpa e tristeza pela morte de Han Solo e o destino do filho Ben Solo/Kylo Ren. Ainda assim, Leia precisa tomar decisões, muitas delas difíceis e que parecem incompreensíveis. Daí vem outra lição, Leia nos mostra tudo o que é a verdadeira liderança, os riscos e as consequências que estão envolvidos. Pancadas virão, mas às vezes é preciso se tornar um vilão para depois ser visto como herói.  É inegável a emoção em ver Carrie Fisher em cena depois de sua inesperada morte no ano passado. A atriz presenteia todos os fãs com seu melhor trabalho no papel da personagem.

Daisy Ridley como Rey apresenta mais uma performance segura. Enquanto em O Despertar da Força, havia nuances do jovem Luke Skywalker, Rian Johnson e Daisy Ridley levam a heroína a lugares que não são esperados. O mesmo vale para o desempenho de Adam Driver como Kylo Ren, um homem que está perdido e procurando de qualquer maneira encontrar seu próprio lugar na galáxia. A natureza do relacionamento de Rey e Kylo  é melhor trabalhada no filme, mas tanto Ridley quanto Driver preenchem seus personagens com incerteza, medo e raiva. Tanto Rey como Kylo estão sendo manipulados por forças externas que fogem de de seu controle, e ambos são colocados ao limite.

John Boyega talvez seja o mais deslocado nessa história. Sua participação é a menos interessante, embora não seja importante. Contudo, é possível analisar o filme sem sua presença na história. Sua performance evolui quando Boyega contracena com Kelly Marie Tran (Rose). Ambos têm boa química juntos. Poe Dameron de Oscar Isaac se encontra forçado a fazer decisões e compromissos que vão contra o que ele acredita estar correto. Ainda mais quando a vice-almirante Holdo (Laura Dern) não parece ter as melhores decisões para a Resistência, pelo menos para a compreensão de Poe, que aprende uma lição deveras importante que está sempre evidente em Star Wars: nem tudo é aquilo que parece.

A trilha sonora do mestre John Williams está melhor do que O Despertar da Força com temas que alcançam a grandeza que o filme representa. As sequências de ação de Os Últimos Jedi são algumas das mais emocionantes e, sentimos isso com o tema de Williams.

Embora o CGI peque em alguns momentos, principalmente na recriação de um importante personagem, as batalhas espaciais e as lutas com sabre de luz são de tirar o fôlego. O visual do filme é o mais soturno. Destaque sempre para as cores vermelhas que representam o perigo e a violência. Existe uma propulsão e intensidade que provavelmente colocará o público em clima de tensão e pesar com as muitas perdas, todas bastante sentidas. Johnson enche esses momentos de poder e emoção.

Por fim, Star Wars: Os Últimos Jedi representa além de um grande filme, um grande evento. Há momentos de lágrimas, momentos para suspirar fundo e momentos de medo com o destino de nossos heróis. Rian Johnson entrega o capítulo mais maduro da saga em uma épica aventura. Este é o filme mais emocionante por ser imprevisível e poderoso em seu ato final.

5

Excelente

Por fim, Star Wars: Os Últimos Jedi representa além de um grande filme, um grande evento. Há momentos de lágrimas, momentos para suspirar fundo e momentos de medo com o destino de nossos heróis. Rian Johnson entrega o capítulo mais maduro da saga em uma épica aventura. Este é o filme mais emocionante por ser imprevisível e poderoso em seu ato final.