Crítica | Shazam! é o filme mais quadrinhos e nerd do universo DC

Depois da empreitada frustrada em acreditar que a fórmula sombria e realista de Christopher Nolan na trilogia Cavaleiro das Trevas poderia ser aplicada em todos os heróis da DC Comics sob a alcunha de Zack Snyder, a Warner Bros. parece ter compreendido que resgatar a essência da HQ é o melhor caminho em vez de inventar ou construir complexidades desnecessárias.

Mulher-Maravilha (2017) e Aquaman (2018) apresentaram uma melhora significativa depois dos conturbados O Homem de Aço (2013), Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016), Esquadrão Suicida (2016) e Liga da Justiça (2017). Shazam! comprova a evolução positiva em um filme que mais representa quadrinhos desta nova geração cinematográfica da DC Comics.

O filme

Na trama, Billy Batson (Asher Angel) é um adolescente solitário que busca reencontrar a mãe perdida quando pequeno. Ele vive pulando de vários lares adotivos até ser encaminhado para uma nova e acolhedora família, onde reside um grupo de crianças simpáticas, entre elas, Freddy (Jack Dylan Grazer). Enquanto precisa lidar com a nova família, Billy acaba sendo escolhido por um mago (Djimon Hounsou) para se transformar no seu campeão, o ser poderoso Shazam! (Zachary Levi), e proteger a Terra da ameaça dos Sete Pecados Capitais. Inexperiente e despreparado, Billy conta com a ajuda de Freddy (Jack Dylan Grazer) para conhecer seus poderes. Enquanto a dupla aproveita a oportunidade para tirarem proveito da situação, Billy/Shazam! é confrontado pelo Dr. Silvana (Mark Strong), um homem invejoso que adquiriu habilidades mágicas ao se vender para os Sete Pecados Capitais.

Roteiro

O roteiro escrito por Henry Gayden se baseia na versão mais recente do herói nos quadrinhos, os Novos 52 de 2012. Gayden faz o feijão com arroz apresentando uma história de origem segura e que acerta em cheio ao estabelecer o núcleo central da trama em Billy Batson e seus irmãos adotivos. O elenco infantil é sensacional garantindo diversão, emoção e pontuais referências a cultura pop. Há homenagens aos clássicos oitentistas como Os Goonies (1985) ao empregar um tom aventuresco na narrativa  O filme é eficiente em dar importância ao fascínio das crianças por super-heróis. Apesar das figuras sombrias de Batman e Superman por Zack Snyder, o filme resgata o símbolo de esperança que só os heróis são capazes de despertarem na criançada.

Zachary Levi

Depois de ingressar por pouco tempo no MCU como o asgardiano Fandrall, Zachary Levi ganha a chance de brilhar no universo DC e entrega uma ótima performance de um herói dando os primeiros passos. Ele é deveras convincente interpretando um adulto no corpo de criança. Seu olhar e trejeitos ingênuos correspondem com Asher Angel. Sua atuação traz uma gostosa lembrança ao filme Quero Ser Grande (1988) estrelado por Tom Hanks, que ganha uma justa homenagem durante uma cena. Não há dúvidas de que Levi será um dos rostos importantes desta nova geração cinematográfica da DC.

Direção

Conhecido por trabalhos em filmes de terror como o recente Annabelle 2: A Criação do Mal (2017), David F. Sandberg surpreende ao mostrar um tom mais leve e saudosista. É nítido que ele é um apaixonado pelos anos 80, que serve de base para piadas e as cenas de ação. O diretor opta por sequências pouco grandiosas, apostando nos confrontos pessoais de Billy em se tornar um herói e proteger a família adotiva dos perigos.

Engraçado que Superman no seus 33 anos destrói quase toda Metrópolis em O Homem de Aço, enquanto Billy com seus 14 anos demonstra mais responsabilidade com o uso dos poderes enquanto enfrenta Silvana no ato final. Por falar no vilão, Silvana é interpretado com competência por Mark Strong, que apesar do pouco espaço e do ar quase caricato, faz um contraponto interessante de Shazam. Mas ambos tem algo em comum – a busca pela identidade.

Veredito

Por fim, Shazam! é um filme para aquecer o coração de qualquer nerd. Uma produção que não tem vergonha de ser irreverente, despretensiosa e clichê em alguns momentos. A melhor aventura do atual universo cinematográfico DC, pois soube explorar com eficiência todos os conflitos de uma história clássica de super-herói.

Ps: Shazam! conta com duas cenas pós-créditos. 

4

Ótimo

Por fim, Shazam! é um filme para aquecer o coração de qualquer nerd. Uma produção que não tem vergonha de ser irreverente, despretensiosa e clichê em alguns momentos. A melhor aventura do atual universo cinematográfico DC, pois soube explorar com eficiência todos os conflitos de uma história clássica de super-herói.