Crítica | Roma: Alfonso Cuarón oferece poesia e cinema

Depois do impasse de ficar fora do Festival de Cannes 2018 que decidiu banir filmes do serviço Netflix, Roma poderia perder o prestígio. Muito pelo contrário. O longa de Alfonso Cuarón conquistou o Leão de Ouro de Melhor Filme no Festival de Veneza e foi aplaudido de pé no Festival de Toronto. 

Fato é que Cannes saiu perdendo nessa história por deixar de fora de sua programação um dos grandes filmes do ano. Roma é daqueles filmes para estar na prateleira de qualquer cinéfilo. A produção mais inspirada do diretor mexicano ganhador do Oscar por Gravidade

O filme

Apesar do título, Roma não remete à capital da Itália. Faz alusão ao bairro situado na Cidade do México. Porém, o diretor deixa transparecer muito da cultura italiana presente na narrativa. A escolha pelo preto e branco e a crítica social presente na história se assemelha com Roma, Cidade Aberta.

O filme segue o drama de uma família mexicana de classe média durante os anos 70. A protagonista é Cleo (Yalitza Aparicio), uma jovem que trabalha como babá e doméstica em meio dos acontecimentos que afetarão sua vida, a família que cuida e a cidade em meio a conflitos sociais. 

Ritmo

Alguns podem se incomodar com o ritmo lento que Cuarón predomina em quase 2h de fita. Mas é uma escolha assertiva em deixar o telespectador a par de todo o cenário mexicano. E notem o diretor abordar a desconstrução da família de uma forma gradativa. Ora, um exemplo de núcleo, que agora sofre com o divórcio, uma gravidez indesejada. 

Cleo representa a figura do pessoa comum, a do espectador por algumas vezes. A performance de Aparicio é sempre imprevisível e instigante. A estrutura narrativa deixa claro que ela e quem está assistindo essa obra não sabe do que esperar. Os momentos de clímax soam sempre como uma catarse. O ato final na praia é excepcional por trazer angústia e alívio ao mesmo tempo.

Alfonso Cuarón

Roma é a obra mais completa de Alfonso Cuarón. O mexicano dirigiu, escreveu e produziu o filme com tamanha inspiração. 

De forma direta o cineasta contextualiza a precariedade das periferias e o massacre de Corpus Christi, quando mais de 100 pessoas foram mortas durante uma manifestação estudantil. O grupo paramilitar Los Halcones foram os responsáveis pela barbárie.

O que achamos?

Ao final, Roma é um longa para ser visto e revisto. Sob o olhar da doméstica Cleo, acompanhamos o drama de uma família que depois de tantas adversidades e sofrimentos, encontram na pessoa mais comum o afeto e liga para manter unidos Sofia (Marina de Tavira) e os quatro filhos Pepe (Marco Graf), Sofi (Daniela Demesa), Toño (Diego Cortina Autrey) e Paco (Carlos Peralta).

Um belíssimo drama social que se candidata ao Oscar 2019. Poesia e cinema unidos em um só.

https://youtu.be/ICR6YvcyyJc
5

Excelente

Roma é daqueles filmes para estar na prateleira de qualquer cinéfilo. A produção mais inspirada do diretor mexicano ganhador do Oscar por Gravidade