Crítica – Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário

Há 20 anos atrás Os Cavaleiros do Zodíaco estreavam no Brasil pela extinta rede Manchete e foi um verdadeiro fenômeno para um anime no país. Quem viveu aquela época acompanhou a febre da criação de Masami Kurumada entre os brasileiros, que até hoje cultuam o mangá e anime.

Com o público envelhecido, a Toei decidiu atrair o público mais jovem renovando a série. Depois da boa saga de Saint Seiya Ômega na TV, é lançado Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário, uma animação em computação gráfica que tem um único objetivo: apresentar a história dos cavaleiros de Atena para quem não assistiu o anime nos anos 90. Paralelo a isso, a história original completa 30 anos e o público fiel gostaria de uma certa homenagem, mas o que receberam foram uma mudança radical na conhecida Saga do Santuário.

A batalha nas 12 Casas do Zodíaco foram adaptadas do mangá em 31 episódios para o anime na TV. No filme dirigido por Keichi Sato e escrito por Chihiro Suzuki, o arco foi adaptado em exatos 93 minutos. Uma tarefa deveras árdua e complicada, já que muitas coisas teriam que ser deixadas para trás. Mas, coisas que eram necessárias estar neste filme foram excluídas ou alteradas sem motivo algum.

A trama resume a história da reencarnação de Atena na jovem Saori Kido. Ao completar 16 anos, ela descobre o que realmente representa para o mundo e que jovens cavaleiros irão protege-la em sua jornada como deusa. Ao descobrir que Saori sobreviveu ainda bebê depois de um ataque mal-sucedido que resultou na morte do cavaleiro de Sagitário Aiolos, o Mestre do Santuário junto com os Cavaleiros de Ouro tentam impedir que Saori ao lado de Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e Ikki invadam o Santuário. Para isso, eles terão que passar pelas 12 Casas do Zodíaco.

O longa até começa bem estabelecendo uma boa dinâmica entre os personagens e aproveita bem o humor. Porém, esse lado cômico que diverte e prepara para o clima mais dramático conhecido da série continua e prejudica o desenrolar da história.

O roteiro de Chihiro Suzuki é bastante confuso e não explora bem os motivos da ida ao santuário. Os diálogos entre os personagens são vazios e só forçam para o espectador que é importante passar pelas 12 Casas, apenas isso.

O pior está na mudança drástica e deveras desnecessária em personagens cruciais da história. Quem iria acreditar que o Máscara da Morte, o temido e assustador cavaleiro de ouro de Câncer, seria um cantor de musical da Disney? Bem, foi isso que fizeram aqui. O personagem que causava aflição no anime e mangá se transformou em uma piada de quinta categoria. Shaka de Virgem, um dos cavaleiros mais importantes das 12 casas, é totalmente descaracterizado e a épica luta contra Ikki não acontece. NÃO ACONTECE! Ikki, conhecido por ser um respeitado cavaleiro de bronze, é apenas um figurante nesta versão.

As épicas e sangrentas batalhas se transformaram em lutas corridas e sem nenhuma emoção aparente. O sacrifício, o drama e a busca pelo sétimo sentido não ganham importância alguma. Ficou claro que a intenção foi criar um filme mais divertido e leve. Mas não precisava de um número musical com cenas de pura vergonha alheia.

O que agrada no filme é o visual que em tela funciona muito bem. Apesar das imagens causarem estranheza de início entre os fãs, o novo visual da animação apresenta um tom interessante (bebendo muito de Final Fantasy) seguido de uma ótima direção de arte.

Se faltou nostalgia durante o filme, para os fãs brasileiros o alívio está na dublagem nacional, que trouxe de volta Letícia Quinto, Hermes Baroli, Élcio Sodré, Francisco Bretas, Ulisses Bezerra, Leonardo Camilo, entre outros, que dublam esses personagens há 20 anos. Contudo, algumas frases que esperávamos ouvir no cinema como “Me dê sua força, Pégaso” e “Ave, fênix” não foram usadas.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário não fez jus a obra de Masami Kurumada. Sem criatividade e não explorando o que fez da série um fenômeno durante três décadas, o filme funcionaria com um roteiro menos preguiçoso e que não transformasse alguns personagens em alegorias de carnaval. Esta nova versão seria melhor sucedida em forma de trilogia seguindo o exemplo de Samurai X, que adaptou um arco em três filmes no Japão (muito bem, por sinal). Aqui, faltou nostalgia, emoção e não desconstruir uma saga importante para tanta gente.

Observação: Há uma cena extra após os créditos finais.

  • Regular
2

Resumo

Se faltou nostalgia durante o filme, para os fãs brasileiros o alívio está na dublagem nacional, que trouxe de volta Letícia Quinto, Hermes Baroli, Élcio Sodré, Francisco Bretas, Ulisses Bezerra, Leonardo Camilo, entre outros, que dublam esses personagens há 20 anos. Contudo, algumas frases que esperávamos ouvir no cinema como “Me dê sua força, Pégaso” e “Ave, fênix” não foram usadas.

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