Crítica | O Sétimo Filho

Um longa estrelado por Julianne Moore (em alta pela conquista do Oscar em Para Sempre Alice) e Jeff Bridges (ganhador do Oscar por Coração Louco) já é motivo para ir ao cinema e ver um excelente trabalho de incríveis atores. Contudo, um roteiro preguiçoso e uma direção descuidada levam tudo por água abaixo. É o que acontece em O Sétimo Filho, adaptação ao cinema da série de livros As Aventuras do Caça-Feitiço, de Joseph Delaney.

O longa busca repetir o mesmo prestígio de O Senhor dos Anéis e Harry Potter, e foi vendido como tal e tratado como uma potencial franquia. Sendo bem sucinto, a adaptação se resume em excelentes efeitos visuais e lutas bem coreografadas, o que não chega a ser uma qualidade, já que muito foi investido pela Warner Bros. e Legendary Pictures.

No mais, é tudo um desperdício, já começando pelo roteiro escrito por Joseph Delaney, Charles Leavitt, Matt Greenberg e Max Borenstein, parecendo que esqueceram os livros em casa e decidiram mudar tudo, desde o conceito dos personagens, o que deve irritar os fãs dos livros. Delaney, pelo visto, teve pouca colaboração, porque seu ótimo trabalho nos livros foi totalmente desconstruído na versão para o cinema.

A trama acompanha o Mestre Gregory (Jeff Bridges), um Caça-feitiços, lendário cavaleiro que enfrenta seres sobrenaturais. Após a morte de seu último aprendiz, ele viaja para encontrar um herói profetizado que nascera com poderes incríveis, o Sétimo Filho (Ben Barnes). Retirado de sua vida tranquila de fazendeiro, o improvável herói embarca em uma jornada para combater as forças da Mãe Malkin (Julianne Moore), uma terrível bruxa que monta um exército de assassinos sobrenaturais para assombrar o reino.

Bem, a plot do filme é mostrar um aprendiz e seu mestre, o que deveria render em uma parceria, ou em sequências apresentando os segredos do caça-feitiços e a importância da tal profecia do sétimo filho do sétimo filho.

O que vemos em cena é absolutamente zero. A atuação de Barnes é tão fraca como em As Crônicas da Nárnia, e não há nenhuma afeição de herói com o público. Porém, na verdade, o que surpreende é atuação sem brilho de Jeff Bridges. Contudo, a culpa vem do fraco roteiro que transforma o Mestre Gregory em um sujeito rabugento e de poucas palavras, algo inexplicável para quem deveria ser um mestre. Ou seja, não há dinâmica alguma entre mestre e aprendiz. E inexplicavelmente, colocaram uma prótese dentária no ator, o que torna impossível entender suas falas em cena. Talvez isso explique as poucas palavras do personagem. Para piorar, Moore foi transformada em uma vilã caricata e sem motivação alguma.

Além disso, o longa destaca o amor impossível e clichê, tipo Romeu e Julieta, entre o personagem de Barnes e a jovem bruxa interpretada por Alicia Wikander. Mais sem graça que a relação entre os dois, impossível.

Com personagens sem nenhuma afeição e diálogos sem sentido, a consequência da direção fraca de Sergei Bodrov é um filme corrido, que busca corrigir seus diversos erros com cenas de ação aleatórias. Entretanto, as sequências de ação são até boas, com destaque para o ato final.

Com problemas graves, O Sétimo Filho dificilmente vai continuar no cinema e deve repetir o mesmo fracasso de potenciais franquias como Eragon, Dezesseis Luas e Os Instrumentos Mortais, que não conseguiram êxito.

No mais, um filme genérico, chato e que desperdiça o talento de Jeff Bridges e Julianne Moore. É o tipo de filme para ser estrelado por Nicolas Cage, o topa tudo do cinema.

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Resumo

Com personagens sem nenhuma afeição e diálogos sem sentido, a consequência da direção fraca de Sergei Bodrov é um filme corrido, que busca corrigir seus diversos erros com cenas de ação aleatórias. Entretanto, as sequências de ação são até boas, com destaque para o ato final.

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