Crítica | O Rei do Show nos faz lembrar o porquê de amarmos musicais

Dividindo opiniões da crítica internacional, O Rei do Show chega para trazer mais um musical de destaque aos cinemas. No último ano, La La Land emplacou as mais altas críticas ao falar de cinema, no cinema. O diretor Michael Gracey trouxe as telas algo que, assim como Cantando Estações, fala de arte. Baseado na trajetória do showman norte-americano P.T. Barnum, a produção traz os melhores momentos de uma exótica trupe circense em busca de reconhecimento.

Após o enorme sucesso da produção de Damien Chazelle, o público estava ansiando por uma produção musical de alta qualidade. Por meio de músicas emblemáticas, com destaque para This Is Me (vencedora do Globo de Ouro de Melhor Canção Original), O Rei do Show chegou para emplacar em todas as plataformas digitais – e o está fazendo desde o lançamento. Está certo que não temos aqui um roteiro muito profundo, afinal trata-se de uma história real, mas as cores, danças e efeitos oferecidos no longa nos deixam boquiabertos do início ao fim.

No ano de 2017, Hugh Jackman se despediu de seu eterno Logan. Através de um filme memorável e emocionante, o ator pendurou as costeletas e nos fez perguntar quando o veríamos novamente. Felizmente não tivemos que esperar tanto. Encarando mais um desafio de ser o protagonista, o australiano nos deu mais um exemplo de sua enorme versatilidade e liderou toda uma trupe de artistas igualmente talentosos. Desde 2013, onde interpretou Jean Valjean em Les Misérables, Jackman não se via obrigado a ensaiar a voz. E que voz. Diferente do que aconteceu com Rebecca Ferguson, que interpretou a cantora Jenny Lind e teve sua voz dublada por Loren Allred, Hugh cantou ele mesmo em todas as músicas. Vale lembrar que ele não é cantor profissional e estava se recuperando de um câncer, então o que temos diante de nós é algo maravilhoso, sem mais.

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O Rei do Show traz a história de Barnum, dono do maior circo de horrores norte-americano do século XIX. Criado em meio à miséria, o menino cresce sendo maltratado e hostilizado pelos compradores do pai. Como toda criança, ele desejava em fazer parte da alta sociedade e encontra no exército uma oportunidade de prosperar. Seu maior sonho era se casar com Charity, filha de um dos maiores clientes de seu pai e precisa esperar 26 anos para enfim ter condições de pedi-la em casamento. Interpretada por Michelle Williams, vencedora de inúmeros prêmios, a esposa de Barnum faz o típico papel da mãe. Vendo o marido prosperar rapidamente, ela fica em casa com as filhas e logo se vê nas sombras. Diante do elenco em questão, Williams não tem a chance de externar todo o potencial que sabemos ter. Apesar de importante, sua personagem não encontra brechas para se sobressair e depende de um momento criado unicamente para tal. Mesmo se encaixando perfeitamente no papel de presença forte, mas com traços de menina, Michelle poderia ter sido melhor aproveitada em meio a tanto material.

Um circo não é nada sem sua trupe, assim como um filme sem seu elenco. Um dos maiores destaques é a atuação de Zac Efron no papel do playboy Philip Carlyle, que transforma a imagem de seu personagem no decorrer da produção, além de oferecer toda a capacidade vocal que Troy Bolton não ofereceu. Ainda em termos musicais, não temos como não falar das duas maiores vozes femininas de O Rei do Show. A atriz havaiana Keala Settle rouba a atenção em todas as cenas que aparece no papel da Mulher Barbada. Extremamente julgada pela sociedade da época por distinguir do senso comum, ela encontra nas perfomances musical sua chance de brilhar. Com uma voz forte e vibrante, Lettie Lutz é a quebra de paradigmas que precisávamos, mostrando que não é uma característica física que define uma pessoa. Além dela, a já mencionada Loren Allred é responsável por uma das cenas mais impactantes do filme, onde Jenny Lind se revela ao mundo.

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Criticado por seu carisma no filme, Jackman transformou o abusivo Barnum em um homem revolucionário e distanciou a produção da realidade.  Enquanto na história original o empresário era preconceituoso com seus funcionários, egocêntrico, mesquinho e excessivamente ganancioso, o personagem que vemos busca reconhecimento para sua trupe e só quer o melhor para sua cidade. Até mesmo nas situações em que a verdadeira face de Barnum é revelada, não demora para tudo voltar a ser colorido como antes. Uma vez que O Rei do Show é principalmente uma produção para a família, tirar a agradabilidade do empresário seria perder o objetivo principal do longa, encantar. Outro exemplo está nos assuntos abordados na produção. Temas como o racismo nos Estados Unidos durante o século XIX são abordados brevemente no decorrer, mas com medo de entrar mais e gerar repercussões negativas, Michael Gracey os transforma em algo superficial, o que não são.

Mesmo com os deslizes, O Rei do Show se tornou um dos filmes mais memoráveis que tive o prazer de ver. Por meio de um elenco único, performances musicais incríveis e um roteiro raso, mas suficiente para agradar, o filme consegue o destaque musical que desejava. Pode não ter sido o mais elogiado pelos críticos, mas certamente será adorado pelo público que presenciar o show nas telas de cinema.

  • Muito Bom
4

Resumo

O Rei do Show se tornou um dos filmes mais memoráveis que tive o prazer de ver. Mesmo com os deslizes, a produção conseguiu saciar a vontade que o público tinha por um musical de qualidade. Por meio de um elenco único, performances musicais incríveis e um roteiro raso, mas suficiente para agradar, o filme consegue o destaque musical que desejava. Pode não ter sido o mais elogiado pelos críticos, mas certamente será adorado pelo público que presenciar o show nas telas de cinema.

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