Crítica | O Predador: Não foi o retorno que o monstro alienígena merece

Há 31 anos, O Predador chegava aos cinemas e estabeleceu o monstro como um dos assustadores e temidos ao lado de Alien. Porém, as continuações e o crossover com Alien no cinema e games não corresponderam. De assustador, Predador se tornou galhofa e, assim continua na visão de Shane Black, que estava no elenco do filme original dirigido por John McTiernan. O personagem de Black abusava do humor sarcástico, algo que fez sempre parte do seu trabalho como diretor. Ao reviver a franquia, o diretor faz um filme com sustos, violência extrema (tanto que pegou censura alta) e muito sangue jorrado. Mas, tudo acaba sendo diluído por situações embaraçosas e bem humoradas de personagens que não se levam a sério. Do segundo para o terceiro ato, O Predador mais parece uma comédia de terror com direito a cachorros-predador.

O Filme

A versão 2018 do caçador é uma continuação direta de Predador (1987) e Predador 2 (1990), mas com leve referências ao sofrível Predadores (2010). Na trama, a relação entre os alienígenas não é das melhores. Durante uma batalha espacial, um Predador acaba caindo na Terra e capturado para pesquisa. A existência dos seres já é de conhecimentos dos humanos. Contudo, eles não contavam que o monstro estava vivo, fazendo do laboratório uma carnificina. Ao fugir do local, o Predador percebe que está sem parte do equipamento, que foi roubado do soldado Quinn McKenna (Boyd Holbrook) em uma expedição no local. Rory (Jacob Tremblay), filho de McKenna, tem acesso aos artefatos alienígenas pegos pelo pai, iniciando uma grande caçada pela cidade.

Roteiro

Shane Black busca revitalizar a franquia, mas sem perder as origens. Há menções claras ao original como o bordão “Get to the Choppa!” de Arnold Schwarzenegger no primeiro filme, além da trilha clássica. A simplicidade do primeiro e segundo filme, os melhores da série, é o principal motivo para os longas serem reverenciados até hoje. Com efeitos práticos, uma narrativa sem rodeios e uma atmosfera instigante, os filmes foram capazes de prender o telespectador na cadeira. Esta simplicidade faltou a Black, que inventou de estabelecer várias subtramas, nenhuma delas aproveitadas. O maior exemplo fica para Rory, vivido por Jacob Tremblay. O ator prodígio vive uma criança no espectro autista. Suas primeiras cenas são ótimas para estabelecer uma conexão com Rory, que sofre bullying na escola e tenta seguir uma vida normal. Mas fica por aí. No segundo e terceiro ato, ninguém mais se lembra de Rory, porque Black parte para a ação desenfreada sem respeitar a condição de cada personagem.

Elenco

O Predador conta com grandes nomes. Contudo, o potencial não é aproveitado. Uma pena ver Sterling K. Brown, Thomas Jane, Boyd Holbrook, Olivia Munn e Jacob Tremblay presos ao clichê. O personagem de Brown é o mais decepcionante seguindo a linha do clássico antagonista com frases prontas. Munn, que vem fazendo bons trabalhos desde The Newsroom, vive uma cientista transformada na garota em perigo e desesperada, já que os heróis do filme são ex-fuzileiros com problemas psicológicos.

O que achamos?

Sendo mais otimista possível, O Predador proporciona aqui e acolá alguns momentos de diversão. Tudo de assustador que foi prometido foi transformado em um filme de gato e rato, que por muitas vezes beirou ao ridículo. Não era o retorno que o monstrengo merecia. De símbolo e referência para uma geração, o Predador se torna cada vez menos ameaçador.

Regular

Sendo mais otimista possível, O Predador proporciona aqui e acolá alguns momentos de diversão. Tudo de assustador que foi prometido foi transformado em um filme de gato e rato, que por muitas vezes beirou ao ridículo. Não era o retorno que o monstrengo merecia. De símbolo e referência para uma geração, o Predador se torna cada vez menos ameaçador.