Crítica | O Lar das Crianças Peculiares (só) é bom para quem não leu o livro

Desculpem o transtorno, preciso falar do Tim Burton.

Existem duas possíveis vertentes para se descrever O Lar das Crianças Peculiares. Se você não leu o livro, provavelmente sairá do cinema feliz. Com uma produção bem feita e original, apresentando nuances de aventura, magia, comédia e até mesmo um lado macabro, o filme possuí em todos os detalhes, traços típicos de Tim Burton.

Caso você tenha lido o livro (como eu), certamente irá se sentir confuso, decepcionado e até mesmo tentando entender como Burton conseguiu fugir tanto do assunto e destruir uma história tão boa. Adaptar livros para as telas pode acarretar em uma imagem negativa para a franquia original (vide Percy Jackson), e mudar praticamente todo o conteúdo que o embasa só corrobora.

Como muitos devem saber, a história narra a vida de Jake (Asa Butterfield), após a morte de seu avô, (Terence Stamp) e os grandes mistérios que surgiram com isso. Todas as histórias de sua infância vem à tona, e Jake se vê indo ao País de Gales para desvendá-las. Lá, ele conhece a famosa senhorita Peregrine (Eva Green) e todas as crianças peculiares que vivem em seu Orfanato. Como o nome já diz, cada criança tem uma característica diferente, peculiar, que as torna incomuns para o mundo exterior.

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Assim como tudo na vida, existem os bonzinhos e os vilões, nesse caso, os Etéreos e Acólitos (informação nova para quem viu o filme, já que no mesmo eles não recebem o nome tão mencionado no livro). As criaturas bizarras e monstruosas são a razão por esse não ser um filme/livro para crianças, pelo menos não até uns 10 anos de idade. Mais uma vez, Burton errou na mão e transformou os temidos Acólitos em criaturas engraçadas. Tendo Samuel L. Jackson à disposição para um personagem ótimo, Burton o fez “divertido” para o público, fugindo outra vez do propósito original.

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No filme, tudo acontece muito rápido e o roteiro é extremamente modesto, se compararmos com o repertório da obra de Ranson Riggs. Chamar de adaptação chega a ser um exagero, uma vez que apenas 1/3 da obra corresponde ao livro (nem mesmo o nome de todos os personagens é o mesmo). Com todo o conteúdo disponível, Burton poderia ter produzido algo extremamente sensacional e não previsível do início ao fim, gerando até mesmo uma nova franquia de sucesso para a 20th Century Fox.

Ainda não sei se a fuga do tema se deve ao fato de termos três livros e apenas um filme, mas O Lar das Crianças Peculiares pode ser uma grande decepção para quem o aguarda há muito tempo. Nem mesmo a presença de grandes atores como Eva Green e Asa Butterfield consegue salvar a produção, visto que os mesmos não tiveram espaço para exercer todo o potencial que já sabemos possuírem.

Uma pena, é o que posso dizer a respeito da adaptação de Tim Burton. Todos que quiserem conhecer a magia e singularidade da história original, terão de ler os livros. O filme não é ruim, muito pelo contrário, é bem feito e os efeitos são bons; mas está a quilômetros de distância daquilo que foi baseado. A quem não leu o livro, recomendo que vá ao cinema ver mais um filme de Burton. Caso você tenha lido, é melhor baixar e ver em casa.

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Resumo

Existem duas possíveis vertentes para se descrever O Lar das Crianças Peculiares. Se você não leu o livro, provavelmente sairá do cinema feliz. Caso você tenha lido o livro (como eu), certamente irá se sentir confuso, decepcionado e até mesmo tentando entender como Burton conseguiu fugir tanto do assunto e destruir uma história tão boa. O filme não é ruim, muito pelo contrário, é bem feito e os efeitos são bons; mas está a quilômetros de distância daquilo que foi baseado.

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