Crítica | No Portal da Eternidade: O lado mais humano de van Gogh

Além de virtuoso diretor, Julian Schnabel (O Escafandro e a Borboleta) é pintor renomado e estava longe das câmeras desde 2010. O cineasta retorna em grande estilo em No Portal da Eternidade, filme sobre os últimos dias do artista holandês Vincent van Gogh. A trama mescla fatos da vida de Schnabel e de van Gogh. Como isso, é um filme mais sensível e delicado que foge dos estereótipos de gênio atormentado. De fato que van Gogh sofria, mas o longa aposta em sua arte como alívio para sua mente, não como consequência.

Performance

O trabalho desempenhado por Willem Dafoe é de pura maestria. Sua escalação foi questionada já que o ator está na casa dos 60 anos, enquanto van Gogh tinha 37 anos quando faleceu. Contudo, a diferença de idade jamais é sentida e nem importa, já que DaFoe em sua primeira cena encanta e fisga o público. Incompreensível que sua performance não esteja entre os favoritos para ganhar o Oscar. Seu trabalho técnico e artístico é o mais completo diante dos outros indicados. Seus olhares perdidos e sorrisos afetuosos traduzem a vida de um homem entre o desespero e alegria. O ator não cai na armadilha de apelar pela emoção na cena da automutilação da orelha esquerda do pintor. A cena é crua e justa para deixar claro que o pintor sofria de distúrbios psicológicos e não era compreendido por ignorância e incompreensão.

Willem Dafoe x Mads Mikkelsen

Apesar da interpretação magnética de Dafoe, há uma breve participação de Mads Mikkelsen no último ato do filme. São quase ou até mais de 10 minutos de diálogo sem interrupções. Se houvesse um Oscar de Melhor Dupla em Cena, sem dúvidas que seria para Willem Dafoe e Mads Mikkelsen. Muito se pode tirar desse diálogo com dois grandes atores em duelo intelectual. A discussão de uma mente incomodada contra uma mente serena.

O que achamos?

No Portal da Eternidade não é um longa para ser choroso. Há momentos bonitos entre diálogos inspirados e a interpretação de Willem Dafoe. Não é uma cinebiografia definitiva, deve ser encarado como uma carta de amor de um artista para um outro. A mente destrutiva abre espaço para o lado mais humano do pintor holandês. Muitos só conheciam van Gogh pela loucura, a mutilação da orelha e o tiro que deu em si próprio. Mas poucos dão a devida importância ou preferem recordar de sua vasta obra e genialidade.

4

Ótimo

No Portal da Eternidade não é um longa para ser choroso. Há momentos bonitos entre diálogos inspirados e a interpretação de Willem Dafoe. Não é uma cinebiografia definitiva, deve ser encarado como uma carta de amor de um artista para um outro. A mente destrutiva abre espaço para o lado mais humano do pintor holandês.