Crítica | Natalie Portman entrega performance feroz em Vox Lux

Diante do último incidente no Brasil, em Suzano, Vox Lux – O Preço da Fama deve causar desconforto. O longa de Brady Corbet não tem rodeios e inicia com um tiroteio brutal em uma escola no ano de 1999 (uma referência do que aconteceu em Columbine). Celeste (Raffey Cassidy), uma corajosa garota de 13 anos tenta impedir que o atirador continue sua ofensiva, oferecendo-se a ficar com ele até a polícia chegar. Mas não funcionou. Ele continua abrindo fogo e atinge Celeste no rosto e à medida que os créditos de abertura passam na tela, assistimos o drama de uma jovem lutando pela vida.

O Filme

De cara, nota-se que Vox Lux não é apenas um filme sobre uma estrela pop mundial. O filme dividido em três atos acompanha a dor, o nascimento e a ascensão de uma estrela. O drama narrado por ninguém menos que Willem Dafoe soa quase como um documentário, pontuando com eficiência a trajetória de Celeste. Após cantar em um tributo para seus colegas de classe assassinados, a jovem é engolida pela mídia por sua voz encantadora. A dor e luto que ela está sentindo jamais é questionado. O que importa para as lentes da câmera, jornais e revistas é que estamos diante de uma estrela em ascensão. Com seu rosto estampado em todos os lugares e sua voz idolatrada, Celeste assina com um gerente de música interpretado por Jude Law, iniciando uma nova trajetória sem ter superador o drama pessoal/público. O filme é eficiente em mostrar as distintas visões. Para alguns, Celeste é uma sobrevivente que se torna um símbolo de força, mas para outros, ela simplesmente simboliza tudo de errado com a celebridade.

Raffey Cassidy/Natalie Portman

A jovem Raffey Cassidy desempenha um trabalho maravilhoso e tocante na versão mais jovem de Celeste. Os dois primeiros atos são reservados a ela, fazendo esquecer que Natalie Portman também está no filme como a versão adulta da cantora. Cassidy retorna ao terceiro ato interpretando a filha de Celeste e sua performance continua arrebatadora. A Celeste de Casssidy jamais está confortável como celebridade, não se acha tudo o que dizem sobre ela. Além disso, o trauma do tiroteio assombra sua juventude. Sua irmã vivida por Stacy Martin é o porto seguro e responsável por colocar a garota nos eixos.

Natalie Portman é uma potência absoluta como Celeste aos 31 anos. Embora esteja apenas no ato final, sua atuação é a soma da avalanche que se tornou a vida da artista. Vivendo o ápice da carreira, a popstar precisa lidar com mais um trágico incidente e seu passado volta a assombrar. Portman entrega de forma feroz as fragilidades emocionais e físicas de Celeste. Ela precisa lidar com a filha que odeia ter uma mãe celebridade, o estresse pós-traumático (TEPT) – consequências de uma vida que sempre sugou sua energia, e a carreira diante de uma grande turnê.

Músicas

Todas as canções do longa foram escritas por Sia, uma cantora que sempre fugiu do ambiente tóxico da mídia. As canções se toram um grito de liberdade não apenas de Celeste, mas dela mesma. Tanto Raffey Cassidy quanto Natalie Portman desempenham ótimas performances musicais. Portman se torna uma verdadeira popstar e seu ato final comprova sua versatilidade em nadar por várias vertentes.

Veredito

Brady Corbet foi corajoso em contrapor celebridades e terrorismo, argumentando com desenvoltura que há um elo entre os dois como os excessos e a sede pelos holofotes. Desde o primeiro ato, Celeste é uma vítima e precisou de vinte anos para se livrar das correntes, mas com muitas sequelas. Vox Lux – O Preço da Fama é um trabalho ousado, penetrante e assombroso. Há muita coisa para ruminar.

4

Ótimo

De cara, nota-se que Vox Lux não é apenas um filme sobre uma estrela pop mundial. O filme dividido em três atos acompanha a dor, o nascimento e a ascensão de uma estrela.