Crítica | Liga da Justiça é mais um acerto da DC após o ótimo Mulher-Maravilha


Depois de uma tentativa frustrada de chegar aos cinemas em 2008, Liga da Justiça finalmente ganha forma sob muita expectativa. O terceiro longa do universo DC assinado por Zack Snyder (sem contar Watchmen) passou por diversos problemas em sua produção. Snyder abandonou a direção do filme devido a problemas pessoais, dando lugar a Joss Whedon (Os Vingadores), que não apenas finalizou o filme, mas precisou reescrever e refazer boa parte das cenas. Isso tudo em um curto espaço de tempo, já que em setembro deste ano a pós- produção ainda estava em andamento.

Contudo, o resultado foi uma combinação perfeita com as melhores qualidade de ambos os diretores em tela. Visualmente, Zack Snyder é um diretor eficiente, e Whedon é conhecido por saber trabalhar com primor o desenvolvimento dos personagens.

Liga da Justiça é sobre o lado mais heróico. Não há mais pessimismo e escuridão empregado por Snyder. Com as refilmagens de Joss Whedon, há mais cores, mais esperança e um tom mais divertido, que necessariamente não significa ser engraçado. As piadas utilizadas possuem um cunho sarcástico, e funcionam para a trama, principalmente, para que a sintonia entre os heróis possa acontecer. Em alguns momentos, os diálogos lembraram a série animada de 2001, que balanceava o humor com a sobriedade.

Na trama, Bruce Wayne/Batman (Ben Affleck) ainda atormentado pela morte do Superman (Henry Cavill) investiga as invasões dos parademômios, e descobre que uma grande ameaça está por vir. Com a ajuda de Diana Prince/Mulher-Maravilha (Gal Gadot), eles recrutam Barry Allen/The Flash (Ezra Miller), Arthur Curry/Aquaman (Jason Momoa) e Victor Stone/Ciborgue (Ray Fisher) para defender o planeta da ameaça iminente do Lobo da Estepe (Ciaran Hinds), que busca juntar as três Caixas Maternas, possuidoras de um vasto poder.

O roteiro de Chris Terrio (Batman vs Superman) refinado por Joss Whedon é eficiente por apresentar os heróis sem delongas. As motivações de cada um são bem claras e objetivas. Como todo filme de super-herói, é preciso haver uma conexão entre eles, algo que os reúna. Aqui não fica a desejar. O ponto positivo são os diálogos que despertam a busca de cada um fazer a diferença. Tudo com uma boa dose de ironia, algo bem peculiar dos quadrinhos.

A adaptação dos personagens lembram a fase mais heróica da DC, ou seja, deixaram de lado o realismo já saturado. Batman, antes um claro psicopata que marcava seus inimigos para a morte, está mais leve, mais sagaz e um líder que inspira. Bruce sabe que nunca fui nenhum exemplo de heroísmo, mas a inspiração do Superman o moldou para conseguir liderar um bando de estranhos, que assim como ele, temem o pior para humanidade. Ben Affleck demonstra está mais a vontade no papel e constata que foi a melhor escolha possível para viver o Homem-Morcego.

Gal Gadot repete a ótima performance do filme solo da Mulher-Maravilha, funcionando com uma peça chave para a formação da Liga. Vale ressaltar o respeito e o apelo que a heroína conseguiu em um longa que todos poderiam estar mais atentos para Superman ou Batman, mas é ela que chama mais a atenção.

A dúvida ficou para The Flash, Ciborgue e Aquaman, personagens que ainda não tiveram seus respectivos filmes solos. Ezra Miller agrada por uma performance despretensiosa e divertida. Barry Allen é o mais jovem do grupo e com dificuldade em se socializar. Essa combinação proporciona divertidos momentos. Ray Fisher trabalha com solidez a dualidade de ser humano e máquina, algo a ser trabalho com mais afinco nos futuros filmes. Somente o Aquaman de Jason Momoa não se destacou tanto. Os melhores momentos são os vistos nos trailers e ficou apenas nisso.

Por falar nisso, Liga da Justiça não reservou nenhum elemento surpresa.Todos os vídeos de divulgação entregaram cerca de 80% da história. Uma pena porque muitas cenas poderiam ter sido evitadas.

Contudo, o retorno do Superman permaneceu sob mistério. Seu renascimento é apoteótico para os fãs do Homem de Aço e resgata algo que faltava do herói nos filmes anteriores: esperança. A interpretação de Henry Cavill era carregada de amargura com Clark Kent sempre melancólico e indeciso sobre seu destino. Agora, Cavill se torna o Superman que todos sonhavam em ver: sorridente, carismático e abraçado com o lado poético de ser um herói.

No aspecto técnico, o visual continua impecável no que diz respeito ao figurino. Ponto negativo apenas para Lobo da Estepe, com uma aparência pouco imponente e distorcida pelo CGI. Os efeitos para as sequências do Flash são eficazes quando o mesmo usa a força da aceleração. As cenas do Aquaman no oceano indicam que o filme solo precisa de muito cuidado com o uso do CGI. O pouco apresentado agradou, assim como Ciborgue.

O 3D pouco acrescenta com cenas sem muita densidade. Na verdade, só prejudica, porque ficou estranho a boca de Henry Cavill nas cenas que seu bigode precisou ser retirado digitalmente (em virtude do imbróglio com a Paramount).

A produção acertou em cheio em trazer Danny Elfman para a trilha sonora. O compositor de Batman (1989) resgata a sonoridade clássica como o tema original do Homem-Morcego, que é entoado de forma singela, mas no tom ideal.

No mais, Liga da Justiça indica que dias melhores estão por vir no universo cinematográfico da DC, apesar do ceticismo de alguns veículos de imprensa, que parecem sentir prazer em criarem notícias deturpadas, tudo por likes. Fato é que o filme corresponde com uma história sólida, leve e que apresenta o melhor desses heróis, repetindo a fórmula de Mulher-Maravilha. Esperança nunca foi uma palavra tão buscada nos últimos anos. Ao final, o filme consegue despertar esse sentimento.

Ps: Há duas cenas pós-créditos no filme. A primeira um grande fan service e a segunda muito importante para o futuro da DC Films. 

4

Ótimo

No mais, Liga da Justiça indica que dias melhores estão por vir no universo cinematográfico da DC, apesar do ceticismo de alguns veículos de imprensa, que parecem sentir prazer em criarem notícias deturpadas, tudo por likes. Fato é que o filme corresponde com uma história sólida, leve e que apresenta o melhor desses heróis, repetindo a fórmula de Mulher-Maravilha. Esperança nunca foi uma palavra tão buscada nos últimos anos. Ao final, o filme consegue despertar esse sentimento.