Crítica | Lady Bird não empolga, mas é um ótimo filme

O Oscar 2018 se aproxima, com um cardápio repleto de produções de altíssima qualidade. Uma delas logo ganhou destaque por um pequena conquista. Lady Bird: É Hora de Voar atingiu chegou próximo de atingir a maior nota no Rotten Tomatoes, um dos sites mais consultados no universo cinematográfico. Famoso por suas críticas severas – e diferentes da maioria -, o site classificou a produção com 99% de avaliações positivas. Tal avaliação só havia sido dada anteriormente para um único filme, Toy Story 2. Não é de se estranhar que o longa tenha recebido cinco indicações na premiação: Melhor Filme, Melhor Diretora, Melhor Atriz, Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz Coadjuvante

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O Filme

Christine McPherson está vivendo a vida tradicional de uma jovem no último ano do ensino médio. Seu maior sonho é frequentar a faculdade em um lugar o mais longe possível de Sacramento, Califórnia. A ideia claro, não agrada seus pais. Exigindo ser chamada de Lady Bird, ela usa toda sua personalidade e perseverança para ir atrás daquilo que quer. Antes que possa pensar na universidade, a garota precisa enfrentar seus últimos desafios escolares no colégio católico onde estuda. Como uma típica menina de 17 anos, ela enfrenta todos os problemas característicos de sua idade: o primeiro namoro, a chegada da vida adulta, problemas com a mãe e os nervos a flor da pele.

Em sua escola, Lady Bird está longe de ser considerada popular. A personalidade excêntrica e a vida simples de sua família só corroboram para tal. Seus poucos amigos, porém, para ela bastam. O filme se passa em 2002, época em que a economia dos Estados Unidos não ia muito bem. A mãe da menina é obrigada a enfrentar uma dupla jornada no trabalho, enquanto o pai está desempregado. Mesmo assim, é a quem Lady Bird tem como maior ídolo. Diferente do que pode parecer, a interação entre a menina e aqueles que a cercam não é o que deve ser levado em conta. A maneira como o o roteiro é trabalho pela diretora Greta Gerwig, explora a individualidade de cada personagem. Tal recurso a permite brincar com cada pessoa, criando um pequeno filme dentro do contexto como um todo.

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O Elenco

Ainda não sabemos se Saoirse Ronan estava atuando ou apenas sendo ela mesma. O lado menina, mas com temperamento forte combinaram com rosto jovem da atriz. Espontânea e cheia de energia, Ronan desenvolveu sua própria versão da protagonista. Os diálogos estabelecidos entre Lady Bird e seus colegas são fenomenais e muito bem pensados. Através deles, a menina distancia a produção dos tradicionais filmes de adolescentes passando pela transição. Suas ideias nos mostram o que realmente importa durante o último ano do ensino médio. Vestibular, formatura e arrumar um namorado são problemas pequenos. O que se passa na cabeça de um(a) jovem nessa idade é assustador e precisa ser lidado com responsabilidade, como Ronan o faz.

Laurie Metcalf assume a difícil responsabilidade de interpretar a mãe de Christine. Lidar com uma pequena bomba relógio dentro de casa não é fácil, ainda mais quando é sua própria filha. A maneira como a diretora entrega tal relacionamento, porém, não nos resta dúvida que o amor transborda entre as duas. Como toda relação entre uma adolescente e uma mãe conservadora, discrepâncias de pensamentos podem surgir. A maneira como Marion McPherson aborda sua opinião com a filha traz a tona antigos fracassos de seu passado. Como ensinar algo que você mesma não conseguiu cumprir?

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O Que Achamos?

Lady Bird: É Hora de Voar é na verdade um grande ensinamento. Marcando a estreia de Gerwig na direção, o longa se utiliza de diálogos e situações orgânicas para construir a imagem desejada. Estamos diante da realidade de uma jovem, que assim como muitas, se vê questionando a si mesma sobre seus sonhos. A trama nos leva para dentro dos pensamentos de Lady Bird e crescemos com ela a cada decisão tomada. Entretanto, não há grandes emoções ou situações que distancie o público do restante do filme, e ele acaba se torna morno. Mesmo com uma história rica e uma protagonista perfeita para o papel, Lady Bird: É Hora de Voar não empolga, apenas se arrasta diante de nossos olhos.

Gerwig buscou o tempo todo transportar o público para dentro das cenas. Para isso, usou e abusou de uma trilha sonora composta basicamente por músicas dos anos 90 e 2000. Alanis Morissette e Justin Timberlake são alguns dos nomes responsáveis pelo ritmo do longa.

Quando recebeu cinco indicações a premiação, o longa passou a disputar com grandes produções. E é então que a falta de emoção de Lady Bird pesa. O filme está longe de ser ruim, muito pelo contrário, é daqueles que dá vontade de ver e rever sempre que possível. Quando analisado sem o rótulo de “indicado ao Oscar”, tem tudo para cair nas graças do público. Jovial, espontâneo e cheio de vida, Lady Bird: É Hora de Voar é um bom filme. Mas é só.

  • Bom
3

Resumo

Jovial, espontâneo e cheio de vida, Lady Bird: É Hora de Voar é um bom filme. Mas é só.