Crítica | Kingsman – Serviço Secreto

Mesmo sem a grife de Zack Snyder, Christopher Nolan, Joss Whedon ou Jon Favreau, Matthew Vaughn emplacou duas das melhores adaptações ao cinema sobre HQs: Kick-Ass e X-Men – Primeira Classe. Depois de produzir e criar o argumento de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, o diretor assume sua terceira grande adaptação ao cinema inspirada nesse universo em Kingsman – Serviço Secreto, HQ criada por Mark Millar e Dave Gibbons.

O longa resgata a elegância dos filmes de espionagem e apresenta uma linha narrativa ágil, inteligente e com várias referências a cultura pop, algo bem presente nas histórias de Millar. A parceria entre o quadrinista e o cineasta repete o mesmo êxito de Kick-Ass por assumir o teor violento e extravagante, mas com qualidade. Neste longa, inclusive, há muitas semelhanças com a estética de Quentin Tarantino, que explode cabeças, jorra sangue na tela, mas sempre com um fotografia ímpar e uma trilha fantástica.

A trama segue Eggsy (Taron Egerton), um rebelde órfão de 17 anos destinado a seguir uma vida criminosa. Após ser detido pela polícia, ele é abordado por Harry Hart (Colin Firth), um integrante de uma agência de espionagem secreta chamada Kingsman. O pai de Eggsy era um agente e amigo de Harry, que foi morto em ação. O experiente espião vê potencial no garoto e o convida para uma seleção com o objetivo de escalar o próximo agente da Kingsman. Eggsy e mais um grupo de jovens terão que enfrentar diversas missões para garantir o lugar na agência.

Sendo estabelecido como uma potencial franquia, Kingsman – Serviço Secreto apresenta um ritmo que de início parece lento, mas que favorece para a construção dos personagens. Firth inicia como o protagonista e sua persona em cena é importante para o crescimento de Eggsy. O experiente ator britânico transmite a segurança e sobriedade, além de desempenhar espetaculares cenas de ação no melhor estilo James Bond. Egerton inicia a trama como um pupilo e o roteiro de Jane Goldman valoriza seu crescimento de um garoto rebelde para um vindouro e importante agente. Seu personagem é uma mistura de Jason Bourne com Agente 86, rendendo ótimas referências e cenas de ação e humor.

A direção de Vaughn é deveras segura e expõe mais uma vez seu gosto pela selvageria e sanguinolência dosadas com humor sarcástico. Essa curiosa diversão é despertada quando, por exemplo, fiéis de uma igreja são massacrados ao som de uma bela canção chamada “Free Bird”. A violência é tão gratuita em tela, que fica impossível levar algo a sério, nos restando apenas se divertir com a letal Gazelle (Sofia Boutella) mutilando pessoas com suas pernas protéticas.

Com participações pontuais de Mark Strong, Michael Caine e Mark Hamill, é Samuel L. Jackson que rouba a cena como o vilão nerd Richmond Valentine. Muito a vontade, o ator se diverte e nos diverte por ser um antagonista mais carismático do que repugnante. Ele consegue ser violento, ao mesmo tempo que ingênuo, por querer dizimar milhões de pessoas sem derramamento de sangue. Na cena mais dramática do longa, vemos o vilão se arrepender profundamente e ficar assustado por ter atirado em alguém.

Kingsman – Serviço Secreto se destaca por ser uma adaptação com personalidade e seguir a HQ de maneira justa sem temer o medo da censura. Diversão e violência com qualidade neste longa que homenageia os clássicos filmes de espionagem.

  • Ótimo
4

Resumo

Kingsman – Serviço Secreto se destaca por ser uma adaptação com personalidade e seguir a HQ de maneira justa sem temer o medo da censura. Diversão e violência com qualidade neste longa que homenageia os clássicos filmes de espionagem.