Crítica | It: Capítulo Dois

Reprodução/New Line/Warner Bros

Depois de se tornar o filme de terror sensação em 2017, It – A Coisa retorna para o seu capítulo derradeiro, com o retorno do Clube dos Otários em Derry para o confronto final com Pennywise. Com quase 3h de duração, o diretor Andy Muschietti propõe uma visão mais profunda no universo da obra de Stephen King, apostando mais na mitologia e no passado obscuro da cidade.

It: Capítulo Dois alterna com eficiência entre as linhas de tempo, com a versão adulta e jovem do Clube relembrando a promessa de 27 anos para derrotar a entidade que assombra a cidade do Maine.

Apesar da presença de grandes nomes como James McAvoy e Jessica Chastain para as versões mais adultas, a história se desenrola e se torna mais cativante quando a trama é ambientada no passado, trazendo de volta Finn Wolfhard, Jaeden Martell, Sophia Lillis, Jeremy Ray Taylor, Jack Dylan‌‌ Grazer, Chosen Jacobs e Wyatt Oleff, ainda mais carismáticos e com uma química pontual.

Mas, isso não quer dizer que a versão adulta dos Clube dos Otários não possuem o seu charme. James McAvoy e Jessica Chastain estão seguros como Bill e Beverly, respectivamente. McAvoy carrega toda a insegurança e traumas do Bill jovem, enquanto Chastain apresenta uma performance discreta e sutil, que condiz com a vida repleta de abusos. Jay Ryan passa despercebido Ben, Isaiah Mustafa desempenha uma versão paranoica como Mike, já que foi o único que se manteve residente em Derry. James Ransone e Bill Hader repetem os mesmos trejeitos e piadas de Eddie e Richie, respectivamente. Hader até passa que Richie esconde suas inseguranças e medos nas piadas, mas há pouco desenvolvimento.

Bill Skarsgård reprisa o papel do palhaço Pennywise e continua sendo uma avalanche de medo. Neste capítulo, ele utiliza com eficácia o humor para aterrorizar cada membro do clube de uma maneira totalmente distinta. Contudo, tem menos espaço neste longa, com Muschietti focando nas visões assustadoras e macabras, fruto do jogo psicológico do palhaço.

It: Capítulo Dois consegue ser um filme mais leve e divertido que o seu antecessor. Sobra cenas com easter eggs, desde a participação especial do autor Stephen King e muitas referências a cultura pop. Teve lugar até para a paixão do diretor argentino pelo time de futebol, Independiente.

Se o primeiro e segundo ato reservam momentos mais leves e cômicos, o terceiro é o mais dramático e assustador. Cumpre a promessa do diretor de mais sanguinolência e mais gore.

Ao final, It: Capítulo Dois acaba sendo uma experiência incompleta. Por mais que esteja acima da média do que muitos filmes do gênero e, repetir a fórmula de sucesso do longa anterior, a proposta de ser um longa épico ficou apenas nos 30 minutos finais. Com quase três horas de duração, o longa acaba se perdendo nos excessos. Andy Muschietti demonstra amor pelos personagens e pelo material original. Mas no fim, o filme agrada pela mensagem de que todos devemos encarar nossos medos. Pennywise representa os traumas mantidos debaixo do tapete pelo Clube dos Otários, que decidem colocar um ponto final ao invés de deixar para trás e continuar vivendo sob intensa insegurança.

3

Bom

Por mais que esteja acima da média do que muitos filmes do gênero e, repetir a fórmula de sucesso do longa anterior, a proposta de ser um longa épico ficou apenas nos 30 minutos finais.