Crítica | Guardiões da Galáxia Vol. 2 é a prova de que menos é mais

Guardiões da Galáxia foi uma enorme surpresa para os fãs do Universo Cinematográfico da Marvel e, além disso, para os amantes de cinema. James Gunn conseguiu apresentar um novo grupo de heróis em um roteiro bem elaborado que mescla humor, ação e um ótimo desenvolvimento de seus personagens. O diretor conseguiu perpetrar um trabalho que conquistou os fãs e que angariou em um contrato para mais dois filmes dos heróis espaciais. A sequência, titulada de Volume 2, tem a missão de superar (ou igualar) as expectativas dos fãs e de trazer novidades a mais nova franquia da Marvel Studios.

A história mostra a equipe atuando em missões em torno da galáxia após seis meses dos acontecimentos do primeiro filme. Em meio a viagens em torno do universo, Peter Quill (Chris Pratt) encontra seu pai, Ego (Kurt Russel) e começa a aprender sobre o seu passado, como também sobre seus genes alienígenas. Gamora (Zoe Saldana), Drax (Dave Bautista), Baby Groot (Vin Diesel) e Rocket Raccoon (Bradley Cooper) acompanham o Senhor das Estrelas em sua jornada pessoal, além de contarem também com a ajuda de Yondu Udonta (Michael Rooker), Nebulosa (Karen Gillian) e Mantis (Pom Klementieff).

James Gunn não só mantém a base do primeiro filme, como também a exagera. Algumas decisões do diretor para sua sequência desagradam, sendo que duas delas foram as que mais agradaram no seu filme de 2014: o humor e a trilha sonora. O filme perde a sutileza e originalidade, embora consiga trazer boas risadas pelo ótimo timing do elenco. O diretor encaixa piadas e sátiras em praticamente todas as cenas de sua trama; umas são realmente engraçadas e outras não chegam perto disso. Drax, outrora engraçado por não entender metáforas e manter-se sempre com uma postura séria, agora virou o principal alívio cômico. As músicas eram encaixadas de forma sutil e acompanhavam perfeitamente o que determinada sequência nos mostrava, mas em sua continuação elas são extremamente forçadas. Os personagens do filme pedem a todo o momento alguma música, mesmo que ela de nada sirva para a ocasião (na maioria das vezes). Em outros pontos da trama existem explicações da letra de uma determinada canção para a história, subestimando o espectador a interpretar e encaixá-la dentro do contexto do enredo, como no primeiro filme.

Apesar desses erros específicos, o contexto da história acerta em fechar arcos importantes que envolvem Peter Quil e seu parentesco desconhecido; Gamora e a relação com sua irmã, Nebulosa; Yondu e seus motivos obscuros para não ter entregado Peter ao seu pai. Todos esses pontos são bem desenvolvidos e alcançam a sensação de continuidade e de que os personagens estão em evolução. Outro elogio que a produção merece é quanto à fotografia e a coreografia das cenas de ação. É indubitável que Thor: Ragnarok pegou como inspiração o visual colorido e vivo de Guardiões da Galáxia, sem contar no enorme trabalho visual que Steve Dikto e Jack Kirby deixaram nos arquivos da Marvel. Alguns momentos do filme parecem ter sido retirados do visual psicodélico de Doutor Estranho (2016, Scott Derrickson), trazendo à tona que James Gunn não tem medo de fazer filmes que sejam baseados em quadrinhos. Pelo contrário, o diretor (também roteirista do filme) homenageia e faz referências a eles sempre que possível.

Guardiões da Galáxia Vol. 2 não tem a mesma urgência do seu antecessor, tampouco o mesmo peso. James Gunn nos conta uma história que não tem a devida grandiosidade para o momento em que o Universo Cinematográfico da Marvel está, sem contar a terrível sensação episódica, que ao contrário do recente Star Trek: Sem Fronteiras (2016, Justin Lin), não é nada boa. O diretor repete a estrutura narrativa do primeiro e exagera onde acertou, trazendo um bom filme de comédia ao público, mas que não leva a lugar algum; prova de que menos sempre é mais.

Observação: o filme possui mais de duas cenas pós-créditos, sendo que algumas estão entre os créditos e outras depois. Permaneça até o final.

  • Bom
3

Resumo

Guardiões da Galáxia Vol. 2 não tem a mesma urgência do seu antecessor, mas é a prova de que James Gunn não tem medo de fazer filmes que sejam baseados em quadrinhos. O diretor acerta no visual e na ação, mas peca pelo excesso e na repetição da estrutura narrativa do primeiro filme.