Ao longo dos anos, foram inúmeras produções relacionadas a naufrágios, ondas gigantes e teorias conspiratórias. Intitulado Hunter Killer em inglês, o mais novo filme de Gerard Butler entrou para a lista de produções prejudicadas pela tradução do nome para o português. É provável que você já tenha ouvido falar de Mar em Fúria, filme protagonizado por George Clooney anos atrás. Trazendo todos os clichês característicos do gênero, a produção emplacou e fez sucesso na época. Agora, 18 anos depois, Butler estampa as telas de cinema protagonizando uma trama intitulada Fúria em Alto Mar. É praticamente impossível não associar e/ou tratar como uma cópia moderna do filme de Clooney.
Embora traga a analogia no título, as semelhanças entre os filmes não vão muito à diante. O que temos em Fúria em Alto Mar nada tem a ver com fenômenos naturais e ondas gigantescas. Assim como acontece nos dias de hoje, a catástrofe em questão é unicamente provocada pelos maiores destruidores do planeta.
Fúria em Alto Mar
Quando mais novos, fomos apresentados a um jogo clássico de tabuleiro envolvendo barcos, explosões e domínio de territórios. Conforme crescíamos, Batalha Naval foi se transformando em versões modernas do tradicional retângulo demarcado por letras e números. Seja em versões virtuais ou físicas, o jogo ganhou diversas variantes ao longo do tempo. Fúria em Alto Mar chega para ser mais uma dessas referências, com direito a um elenco de altíssima qualidade.
Brincadeiras a parte, a lembrança do jogo se dá pelo fato de que o filme se passa quase inteiramente dentro do mar. Quando um submarino norte-americano desaparece em território russo, questões diplomáticas são envolvidas na busca. Ao mesmo tempo, a falta de explicações para o tal sumiço desperta o interesse das autoridades nos Estados Unidos. Como uma embarcação daquela categoria simplesmente afundaria no oceano? Para responder tal pergunta, um condecorado capitão da marinha norte-americana é enviado nas buscas do submarino. Joe Glass (Butler) inicia o que seria apenas uma missão de resgate, mas que logo se transforma nos primórdios de uma Terceira Guerra Mundial.
A História
Fúria em Alto Mar nos traz o patriotismo exacerbado típico de muitos filmes norte-americanos. De um lado temos um Estados Unidos apaziguador, tentando salvar a vida do presidente russo sequestrado. Do outro, uma Rússia impulsionada por um ministro rebelde, disposto até mesmo a matar seu próprio presidente. Enquanto isso, o mundo paira sob conflitos envolvendo duas das nações mais poderosas em poderio bélico.
O longa se inicia com submarinos sendo destruídos em meio ao oceano, dando ao espectador uma prévia do que viria pela frente. A perda de sua embarcação em meio ao mar russo instiga o congresso norte-americano a investigar. O que descobrem, porém, não é nada daquilo que tinham em mente: um golpe de estado no governo russo envolvendo o sequestro do atual presidente. Embora nada tivessem a ver com isso, ter perdido mais de cem homens no ataque ao submarino provoca um sentimento de vingança no país da América do Norte.
Enquanto caçava na Escócia, Joe Glass recebe o tipo de ligação que ninguém deseja receber. O comandante convoca seus homens e embarca rumo as águas russas apenas para verificar o que ocorreu com o submarino. Em meio a missão, descobre que terá de resgatar um presidente. Ao passo que recebe ordens do Congresso, descobre ser nada mais do que um peão em meio ao um jogo de potências.
O Que Achamos?
Minhas expectativas para Fúria em Alto Mar não eram das mais altas. Nos minutos iniciais, confesso ter tido certeza dos meus receios ao pensar que seria apenas mais um filme de guerra envolvendo Estados Unidos e Rússia. Não se engane, isso realmente é. A diferença está na maneira como o roteiro foi desenvolvido e a história criada. Temos uma trama relativamente absurda quando pensamos em questões diplomáticas reais e nas consequências delas. Contudo, basta lembrar que estamos diante de uma história de ficção, uma muito boa por sinal. Como resultado, temos elementos existentes no “mundo real” que se encaixam em uma rede de conflitos políticos e militares.
A história de Fúria em Alto Mar alterna entre mar e terra a medida que novas decisões têm de ser tomadas. Arne Schmidt e Jamie Moss conseguiram desenvolver um roteiro muito bom, que faz sentido e progride de forma natural. Mas o grande destaque foram, em minha opinião, as situações de tensão criadas. O público fica realmente apreensivo em muitos momentos, chegando a torcer verdadeiramente pelo time “dos bonzinhos”. O sentimento quando tudo dá certo, mesmo que isso atribua um quê de conto de fadas ao filme, é de verdadeiro alívio. Quando pensamos que poderíamos ter apenas mais um filme de ação com roteiro fraco, não há do que reclamar.
O Elenco
Não há dúvidas que todos os olhos estejam em Gerard Butler. Além de ser o protagonista do filme, é quem mais aparece e se destaca com seus atos heroicos. O ator se mostra extremamente a vontade no papel, trazendo um Joe Glass imponente e carismático ao mesmo tempo. Sabemos que Butler já interpretou personagens semelhantes na liderança, e Fúria em Alto Mar será mais uma adição positiva no currículo. Michael Nygvist interpreta o capitão russo Andropov, e ao lado de Butler protagoniza os melhores diálogos do filme. Ambos têm muito a perder caso não cooperem, mas antigos paradigmas têm de ser quebrados para tal.
Outro nome conhecido estampa o cartaz de Fúria em Alto Mar. Ganhador do último Oscar de Melhor Ator, Gary Oldman é uma boa adição ao elenco. Entretanto, seu personagem aparece pouco e o ator não tem chance de mostrar tudo aquilo que sabemos ser capaz. Sua atuação é apagada, assim como a de Linda Cardellini, mas que fique claro que ambos nada tem com isso. O filme apenas não lhes dá espaço para se destacar.
Fúria em Alto Mar foi dirigido por Donovan Marsh, que baseou seu roteiro no livro Firing Point de Don Keith e George Wallace.
Bom
Minhas expectativas para Fúria em Alto Mar não eram das mais altas. Nos minutos iniciais, confesso ter tido certeza dos meus receios ao pensar que seria apenas mais um filme de guerra envolvendo Estados Unidos e Rússia. Não se engane, isso realmente é. A diferença está na maneira como o roteiro foi desenvolvido e a história criada. Temos uma trama relativamente absurda quando pensamos em questões diplomáticas reais e nas consequências delas.