Eu Só Posso Imaginar Eu Só Posso Imaginar

Crítica | Eu Só Posso Imaginar traz a história por trás da canção

No decorrer dos anos, inúmeras produções de cunho religioso passaram em frente as câmeras de Hollwood. Enquanto umas expunham claramente o gênero da qual fazem parte, outras tentaram mascarar seu verdadeiro objetivo. O que sempre dever ser levado em conta acima de tudo, é a qualidade da produção. Independente da opção religiosa do público, o que está sendo exibido na tela deve ser julgado como qualquer outro filme. Quando assisti o trailer de Eu Só Posso Imaginar, não fazia ideia que se tratava de uma história real. Na verdade, só fui descobrir isso por ter gostado da produção. O fato de não se tratar de uma trama fictícia, coloca uma responsabilidade ainda maior sobre o filme. O longa não apenas precisa ser bom, como também fazer jus a história original. E Eu Só Posso Imaginar o faz.

Eu Só Posso Imaginar
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O Filme

Em 1999, a banda norte-americana MercyMe lançava seu maior sucesso, I Can Only Imagine. Embora no Brasil a banda seja praticamente desconhecida, a música se tornou um hit mundial. Como boa parte das canções, essa tem uma bela história por trás. E é sobre tal história que Eu Só Posso Imaginar trata.

Bart era um menino tranquilo, que brincava com os amigos e gostava de fazer tudo que jovens de sua faixa etária têm direito. Entretanto, ao contrário do que seu sorriso mostrava, Bart escondia uma tristeza enorme dentro de si. Filho de um pai violento e abusivo, ele costumava apanhar – e muito – de quem mais deveria protege-lo. E não estamos falando de qualquer tipo de tapa. Seu pai o batia com qualquer coisa que aparecia pela frente, independente do que isso poderia causar ao filho. Além disso, o garoto viu sua mãe ir embora por não aguentar o marido, deixando-o sozinho no mundo. O resto da infância só não foi pior graças a seu melhor amigo e sua namorada, quem ele conheceu durante um acampamento religioso. Foi lá também que ele reforçou seu amor pela música, usando-a nos momentos difíceis.

Mesmo que procurasse sempre fazer o que pai pedia, a criança viu seus sonhos se desfazerem exponencialmente. Quando mais velho, entrou no time de futebol americano para tentar criar um vínculo com o pai, mas não bastou. Para botar um ponto final em sua carreira esportiva, ele sofre uma grave lesão que o tira do campo de vez. Como alternativa, ele só encontra o tradicional Glee Club do colégio. Diferente daquilo que imaginava, Bart encontra sua verdadeira vocação nos palcos, com uma voz afinada de causar inveja em muito cantor. Ele sai de casa e vai em busca de um emprego. Quando descobre que a banda MercyMe está precisando de um cantor, encontra sua oportunidade. Começa então, sua jornada rumo ao estrelato.

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O Que Achamos de Eu Só Posso Imaginar?

É difícil imaginar o porquê de gostarmos de um filme que trata sobre uma banda desconhecida no Brasil. Mas o que deve ser tirado de Eu Só Posso Imaginar, é a grande lição que Bart Millard nos dá. O longa é acima de tudo, sobre fé e sobre perdão, independente de sua opção religiosa. Bart encontrou sua salvação na música, principalmente no rock gospel, podendo ter seguido um caminho muito mais tenebroso. Com um pai abusivo, ele tinha todos os pré requisitos para se tornar um homem amargo e/ou igualmente violento. É bonito de ver a superação do jovem solitário, que pode servir de exemplo para tantos outros.

Há quem possa dizer que Eu Só Posso Imaginar é praticamente uma lavagem cerebral. Diferente de outros filmes de cunho religioso (como A Cabana), onde a fé por si só é o principal assunto, este traz a religião propriamente dita. Bart menciona Deus o tempo todo, além de cantar músicas de uma doutrina específica. O longa entretanto, está longe de querer forçar o espectador a algo. Seu objetivo é contar uma história, e não te fazer seguir aquilo a qual ela se refere. Quantas outras músicas não tiveram seu background revelado nas telas? Os diretores Andrew e Jon Erwin trouxeram apenas os fatos que inspiraram o vocalista do MercyMe a escrever sua canção de maior sucesso.

Enquanto acompanhamos a jornada musical do protagonista, temos a chance de conhecer o âmago de seus sentimentos. O relacionamento de Bart com o pai é algo perturbador e intenso ao mesmo tempo. E embora o final pareça muito óbvio (quase um desfecho digno de Walt Disney), não podemos esquecer que se trata de uma história real. Uma história complexa, incrível e inspiradora, mas principalmente real.

Eu Só Posso Imaginar
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O Elenco

Eu Só Posso Imaginar trouxe um ator “desconhecido” para o protagonismo da trama. Não é difícil adivinhar o motivo de J. Michael Finley ter sido escolhido para assumir tal desafio. Bastam poucos segundos para nos apaixonarmos por sua voz, que é o principal chamariz de seu personagem. Acostumado a se destacar nos palcos da Broadway, Finley mostrou que não é preciso uma bagagem cinematográfica extensa para brilhar num papel principal. Mesmo quando não estava cantando, conseguiu construir um Bart solitário e sonhador. Seus traços são verdadeiros, e ele desenvolve empatia no público com suas expressões orgânicas. Finley se mostrou confortável e apreensivo ao mesmo tempo, algo fundamental para a formação de seu personagem.

Embora tenha um protagonista não tão famoso, o “vilão”de Eu Sou Posso Imaginar é bem conhecido. Dennis Quaid provou mais uma vez ser um dos melhores atores de Hollywood até hoje. Não é fácil viver um pai abusivo com qualidade suficiente para o odiarmos desde os primeiros momentos. E assim como aconteceu com o filho, ele sofre uma grande transformação ao longo do filme. Era preciso desenvolver tais mudanças de forma gradativa, caso contrário, teríamos algo forçado e irreal. Ao final do longa, é difícil não derramar lágrimas com seu personagem. Palmas para Quaid por mais uma atuação sublime. Podemos dizer até mesmo, que ele consegue roubar o protagonismo de J. Michael Finley em boa parte das cenas que atuam junto.

  • Muito Bom
4

Resumo

Por ser baseado em uma história real, Eu Só Posso Imaginar não apenas precisa ser bom, como também fazer jus a história original. E o faz.

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