Crítica | Depois Daquela Montanha – Elba e Winslet não escapam do clichê em satisfatória aventura dramática

Quando um homem e uma mulher desconhecidos vivenciam juntos uma experiência extrema, a inevitável sugestão de envolvimento romântico aparece imediatamente, mas em Depois Daquela Montanha, a relação é trabalhada cuidadosamente e mesmo caindo no clichê, acaba ficando satisfatório e condizente com todo o drama vivido. Ambos estão feridos, congelando e sobrevivendo com um pequeno suprimento de alimentos. Como são forçados a confiar um no outro para sobreviver, uma atração começa a crescer.

No filme, Idris Elba (A Torre Negra) vive o médico Ben Bass, cujo voo acaba de ser cancelado por conta de uma tempestade que se aproxima. Na mesma situação encontra-se a  fotojornalista Alex Martin, papel da vencedora do Oscar Kate Winslet (O Leitor), que com o empecilho no aeroporto, corre contra o tempo para não perder o próprio casamento. A solução encontrada por ela é contratar um piloto de aluguel, interpretado pelo veterano e simpático Beau Bridges para levá-los ao destino em um avião particular.

Após um inesperado acidente no ar, eles caem no topo da montanha, acompanhados do labrador do piloto, acabam à deriva. Eles precisam encontrar forças para sobreviver, usando tudo o que sabem para contornar as adversidades da natureza: frio, ferimentos,falta de comida, penhascos, rios congelados e até mesmo pumas. Aqui, revela-se a personalidade de cada um, Ben um neurocirurgião é mais comedido, quer ficar e esperar por ajuda, já Alex, fotógrafa de área de conflitos, acredita que eles tenham mais chances se movendo.

O filme desenvolve-se em um ritmo bem controlado, não é cansativo de jeito nenhum, com o roteiro de J. Mills Goodloe (A Incrível História de Adaline) em parceria com Chris Weitz (Rogue One), baseado no livro de Charles Martin, cria diálogos rápidos e, muitas vezes, bem espirituosos. Os momentos de clichê são contornados pela eficiente direção do israelense Hany Abu-Assad (Paradise Now e Omar).

Há algo de reconfortante sobre como a obra evita um tom excessivamente extenuante. É uma aventura, mas também é um romance e há uma boa gestão dos dois gêneros que o tornam um entretenimento, apesar da situação. Como não poderia deixar de ser, a dupla de protagonistas, com toda a sua competência já reconhecida, seguram o filme basicamente por conta própria, e a química entre os dois funciona naturalmente. E destaco a atuação de Elba, que mesmo com Winslet de par, conseguiu se sobressair, com seu personagem excessivamente cauteloso e tímido, que sustenta tudo no olhar.

Ao final, quando você já se conformou com o clichê, o terceiro ato traz um novo fôlego com sua calmaria repleta de resoluções. É como se ele te preparasse para aceitar o destino com uma satisfação sincera e simples.

Depois Daquela Montanha estreia dia 2 de novembro nos cinemas brasileiros.

(Divulgação/ 20th Century Fox)
  • Bom
3

Resumo

Há algo de reconfortante sobre como a obra evita um tom excessivamente extenuante. É uma aventura, mas também é um romance e há uma boa gestão dos dois gêneros que o tornam um entretenimento, apesar da situação. Como não poderia deixar de ser, a dupla de protagonistas, com toda a sua competência já reconhecida, seguram o filme basicamente por conta própria, e a química entre os dois funciona naturalmente.