Crítica – A Bela e a Fera

A Bela e a Fera

Originalmente escrito por Gabrielle-Suzanne Barbot em 1740, A Bela e a Fera já ganhou inúmeras versões no teatro, cinema e TV. Com adaptações bastante modificadas da história original, entre elas, a conhecida animação da Disney de 1992, o diretor Cristophe Gans (O Pacto dos Lobos) volta às raízes com uma produção que mais se aproxima da fábula francesa.

O resultado é um trabalho visual impecável, um roteiro seguro e uma história que consegue prender pelo mistério em volta da história, mesmo que já conhecida, junto com um elenco competente.

Ambientado em 1810, a trama segue um mercador (André Dussollier), pai de três filhos e três filhas, que vai à falência depois que toda sua mercadora é perdida durante um naufrágio. A família se muda para o campo com o intuito de se restabelecer e Bela (Léa Seydoux), a caçula, é a única que encara com naturalidade viver na horta do campo. Quando recebe a notícia de que parte de sua fortuna foi encontrada, o pai de Bela vai em busca da riqueza perdida, mas se perde durante uma tempestade. Ao arrancar uma rosa do jardim de um palácio encantado, ele é condenado à morte pelo dono do castelo, uma fera monstruosa (Vincent Cassel). Ao saber do ocorrido, Bela assume o lugar do pai e aceita jantar com o mostro diariamente, sendo obrigada a morar no castelo. Aos poucos, a jovem descobre o passado sombrio da Fera e uma conexão entre os dois nasce ali.

O roteiro de Sandra Vo-Anh e Cristophe Gans não aposta no romance exacerbado entre os protagonistas e em infantilizar a história. O longa aposta nos dilemas de Bela, dividida entra a família e na maldição da misterioso monstro. Além disso, o texto foca na família problemática da jovem, embora sem profundidade. Mas, seus irmãos que estão mais preocupados com riqueza do que a própria família tem uma certa influência em Bela se libertar desse ambiente mesquinho e se aventurar no palácio do monstro, que mesmo com muitas riquezas, não há sentimento de ganância presente no local.

Fugindo do esteriótipo das princesas sempre felizes e cantarolando nas florestas, Léa Seydoux entrega uma atuação segura e que demonstra uma Bela mais preocupada e inquieta. Embora irreconhecível pelo CG e modulação da voz, Vincent Cassel foge do estigma de um príncipe encantado dos contos da Disney, também seguindo uma atuação justa e com lado dramático mais vigente.

O visual da Fera é incrível, assim como todo o ambiente criado por computação. Os cenários são o grande atrativo do longa, com paisagens belíssimas e de encher os olhos, embora tenham passado um pouco do conto em algumas cenas, como na criação de animais visivelmente artificiais pelo uso dos efeitos visuais. O figurino e a direção de arte estão impecáveis, deixando o filme ainda mais magnífico.

Esta versão de A Bela e a Fera também seja mais lembrada pela beleza estética do que a história apresentada. O fato de ser uma obra já contada em outras versões dificulte isso, mas é um trabalho que merece ser apreciado.

  • Ótimo
4

Resumo

Esta versão de A Bela e a Fera também seja mais lembrada pela beleza estética do que a história apresentada. O fato de ser uma obra já contada em outras versões dificulte isso, mas é um trabalho que merece ser apreciado.