Crítica | As Trapaceiras

As Trapaceiras é a terceira versão da mesma história, mas pela primeira vez houve a inversão do gênero dos personagens. Os dois trapaceiros originais foram Marlon Brando e David Niven em Dois Farristas Irresistíveis de 1964, longa com roteiro de Stanley Shapiro e Paul Henning. A criação da dupla foi para a tela grande novamente em 1988 com Os Safados, que estrelava Steve Martin e Michael Caine, dessa vez com roteiro de Dale Launer e Jac Schaeffer.

Na nova versão da comédia, Anne Hathaway interpreta Josephine Chesterfield, uma britânica com um sotaque escandalosamente falso que comanda as trapaças na Riviera Francesa, roubando dinheiro de homens de maneiras que parecem mais complicadas do que o necessário. Já Rebel Wilson assume o papel de Penny Rust, uma versão de baixa renda de Josephine, que decide entrar no território de sua rival. As duas então entram em uma competição para ver quem consegue aplicar primeiro um golpe em Thomas Westerburg, o jovem criador de um app lucrativo interpretado por Alex Sharp.

O remake, infelizmente, não tem o mesmo charme de seus antecessores. A vencedora do Oscar, Anne Hathaway, roubou a cena em Oito Mulheres e um Segredo, no qual interpretava uma personagem de personalidade parecida com a de Josephine, mas com muito mais brilho. E Rebel Wilson, mais conhecido como Amy Gorda na franquia A Escolha Perfeita, pareceu perder um pouco de seu timing cômico como Penny.

O filme é basicamente uma repetição de seu antecessor, que aspira a ser mais feminista, fazendo das mulheres líderes que são capazes de enganar homens ricos, apelando para seus egos e arrogância. É uma boa abordagem, mas que não funcionou muito bem – talvez por ter sido comandado por uma equipe masculina. Os alvos de Josephine e Penny são comicamente ingênuos a ponto de não ser exatamente satisfatório vê-los serem enganados, o que faz com que não exista nada particularmente desafiador ou perspicaz sobre a maneira como o filme lida com o sexismo no mundo moderno.

Seria possível não se importar tanto com o roteiro medíocre se fosse um daqueles filmes que fazem a gente rolar de rir o tempo todo, mas não é o caso. As graças de Wilson e o desempenho bobo de Hathaway com seus sotaques falsos tornam o filme uma opção divertida, mas que faz a gente sair da sala de cinema pensando no quanto o elenco foi desperdiçado.

As Trapaceiras já está em cartaz nos cinemas brasileiros.

2

Regular

Anne Hathaway e Rebel Wilson estrelam o As Trapaceiras, remake de Dois Farristas Irresistíveis e Os Safados. A nova versão, que tenta ser mais feminista que seus antecessores, não consegue entregar nada além de um filme levemente divertido e totalmente esquecível.