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Crítica | Anon tem uma boa premissa, mas é fraco e cansativo

Nos últimos anos, a Netflix vem investindo cada vez mais em filmes de ficção futurística. Além disso, uma das maiores séries envolvendo os problemas da tecnologia no mundo atual provém do streaming (#issoémuitoblackmirror). Por consequência, era de se esperar que ao unirmos os dois assuntos, o resultado fosse excelente. Infelizmente, teremos de esperar pelo próximo lançamento do gênero para ver algo de qualidade. Mesmo que seja apenas distribuído pela Netflix, Anon entrou para os destaques negativos. O longa-metragem alemão produzido pela K5 oferece uma premissa ótima, com bom elenco e efeitos ainda melhores. Contudo, quando o roteiro é fraco, não há filme que sustente suas falhas.

Anon
Reprodução/Netflix

O Filme

Anon se passa em um futuro não muito distante, embora suas tecnologias pareçam estar muito a nossa frente. Para a felicidade da nação, o índice de criminalidade da sociedade está próximo a zero. Entretanto, para atingir tal tranquilidade um  sistema de vigilância dos cidadãos foi instalado, e por consequência, a privacidade praticamente se extinguiu. Para burlar esse sistema é preciso ser um(a) hacker extremamente poderoso(a). O que antes era considerado uma raridade, porém, começou a atrapalhar os planos do governo. As invasões ai sistema começam a aumentar, assim como o número de corpos.

Quando estranhos crimes acontecem em pequenos intervalos de tempo, Sal assume a responsabilidade da investigação. Por ser um Detetive Primeira Classe, é esperado que consiga resolver facilmente os assassinatos, mas nada de simples acontece. As mortes alteram o ponto de vista das vítimas, deixando o detetive confuso. Quando uma mulher “fantasma” aparece nos registros de Sal, a falha no regime é revelada. Os dados de milhares de pessoas podem ser facilmente manipulados por ela em questão de segundos, inclusive os do detetive. A privacidade pela qual políticos e investidores tanto lutaram vai por água abaixo.

Uma vez que a garota misteriosa não deseja ser encontrada, Sal percebe está apenas no começo de sua investigação. Não apenas a vida de milhares de pessoas está em risco, como também a sua. Ele precisa encontrar a mulher misteriosa!

Anon
Reprodução/Netflix

O Que Achamos de Anon?

Antes de mais nada, não há como não relacionar o filme com Black Mirror. Embora o sucesso e a qualidade da série sejam altos, depois de assistir Anon temos a sensação de ter assistido um dos poucos episódios ruins do seriado. O longa se arrasta e demora muito para engatar em um ritmo aceitável, e só o faz nos minutos finais.

Anon não defende um lado específico, apenas expõe o melhor e o pior do uso excessivo de tecnologia. A premissa é boa e a mensagem central é de fundamental importância na atual sociedade, mas a maneira como a trama foi desenvolvida é falha. O roteiro é raso e não dá espaço para seus personagens trabalharem. Parece que estamos assistindo a robôs interpretando rostos conhecidos. Os elementos são expostos ao espectador logo nos primeiros minutos e por consequência, nada parece surpreender no restante do filme. Em determinadas situações, Anon exagera no uso dos efeitos tecnológicos e dá a impressão de que depende daquilo para existir. É um alívio quando uma cena “normal” começa a se desenvolver na tela.

Quando enfim o filme começa a crescer, descobrimos que nada daquilo era o que parecia ser. O arco final de cenas é sem dúvidas o clímax do longa, mas logo é substituído por novos momentos arrastados e previsíveis. O resultado? Não irá demorar para Anon cair no esquecimento.

Anon
Reprodução/Netflix

O Elenco

Nem mesmo o elenco consegue salvar a produção. Anon é o tipo de filme que apenas ocupará espaço no extenso currículo de Clive Owen, e certamente não será dos mais lembrados. O ator não deve ser culpado pelos erros do filme, visto que faz aquilo que lhe foi pedido. Poderia ter sido um dos grandes trabalhos de sua carreira, mas Owen não ganha espaço para mostrar o que sabe.

Um dos poucos destaques positivos – quem sabe o único – é Amanda Seyfried. Mesmo que já tenha protagonizado produções infinitamente superiores, a atriz se sobressai em Anon. Em determinado momento inclusive, temos a sensação de que tudo foi feito para ela brilhar. Diante da atuação de Seyfried, os outros personagens se tornam totalmente dispensáveis. Os diálogos travados entre ela e Owen são o ponto alto do filme e talvez, as únicas cenas interessantes de assistir.

  • Regular
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Resumo

Era de se esperar que ao unirmos tecnologia e ficção futurística, o resultado fosse excelente, visto outras produções da Netflix. Infelizmente, teremos de esperar pelo próximo lançamento do gênero para ver algo de qualidade. Mesmo que seja apenas distribuído pelo streaming, Anon entrou para os destaques negativos.