Crítica | Alexander Skarsgård é o destaque da nova produção da Netflix, Mudo

Produções futurísticas estão realmente “na moda”. Depois de seu recém lançamento Altered Carbon, a Netflix disponibilizou em seu cardápio uma nova tentativa de mundo virtual. Mudo retoma as cidades cheias de letreiros coloridos, carros voadores e sinalizações em neon típicas do gênero. Com um roteiro bastante raso e confuso, o filme ganha destaque pela atuação de seu protagonista. Alexander Skarsgård é a salvação do roteiro. Mesmo sem falar muitas palavras, ele consegue trazer qualidade para seu personagem – e para o longa. O filme adquiriu um tom mais sombrio após certas perdas na vida do diretor Duncan Jones. Em pouco tempo, Jones viu seu pai, o cantor David Bowie, e sua segunda mãe morrerem pela mesma doença.

Reprodução/Netflix

O Filme

O lado negro de Mudo contrasta com o colorido das luzes de neon. Entretanto, temos a sensação de estar vendo sempre o mesmo plano de fundo. O cenário é uma espécie de Alemanha futurista, repleta das mais modernas tecnologias e recursos. A história é centralizada em Leo, um homem reservado e isolado do mundo por não conseguir falar. Quando era criança, sofreu um acidente terrível, onde a hélice de um barco cortou suas cortas vocais. O que poderia ter sido resolvido por cirurgias, foi apenas escondido por trás de uma cicatriz. A família de Leo segue a religião amish, conhecida por ser extremamente conservadora e alheia a tecnologias. Pensando nisso, sua mãe não deixou que o filho fosse operado. Desde então, Leo nunca proferiu uma palavra.

30 anos após o acidente, Leo segue uma vida normal. Trabalha, tem sua casa e seu carro, além de ser apaixonado pela namorada Naadirah. Os dois trabalham em uma boate localizada em Berlim, ele como barman e ela como garçonete. O conto de fadas de Leo vai por água abaixo quando Nad desaparece. A menina dos cabelos azuis se envolveu com as pessoas erradas no passado e as consequências disso são cobradas no presente. Duck e Cactus são duas dessas pessoas. Juntos, estão dispostos a tudo para se dar bem, mesmo que isso envolva assassinatos e torturas. A incansável busca de Leo se transforma em uma jornada extremamente perigosa, com o último desfecho que ele imaginava ser possível.

Reprodução/Netflix

O Que Achamos?

Skarsgård é a alma do filme. A dor e a aflição de seus personagens transparecem emoções verdadeiras. Realmente dá para acreditar naquilo que Leo está sentindo ao perceber que sempre soube onde Nad estava. A medida em que a ficha vai caindo, o personagem se desespera e isso acontece de maneira extremamente natural. Paul RuddJustin Theroux (Cactus e Duck respectivamente) tiram a pressão dos ombros de Skarsgård. A dupla é divertida, sarcástica e bizarra na medida certa. Juntos acrescentam a essência do filme, caso contrário, pareceria uma espécie de monólogo de Leo. Suas ações são fundamentais para melhor compreendermos o objetivo buscado por Duncan Jones.

A escolha de Berlim talvez não tenha sido a melhor opção. Por mais que seja uma história de ficção, com um cenário fictício, não há como compará-lo com o original. A cidade alemã é enorme e imponente, diferente da imagem do subúrbio futurista criado.

Mudo é um bom filme, mas apenas isso. A produção não ganhará destaque em meio ao cardápio da Netflix. Após duas horas de filme, ficamos cansados e sem entender realmente o porquê da existência do longa. Se dispensarmos a necessidade de um motivo, e imaginarmos o filme como algo para se assistir enquanto vagamos pelas inúmeras opções de entretenimento do serviço de Streaming, então Mudo cumpre seu papel muito bem.

Reprodução/Netflix
  • Bom
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Resumo

Mudo é um bom filme, mas apenas isso. Se imaginarmos o filme como algo para se assistir enquanto vagamos pelas inúmeras opções de entretenimento da Netflix, então o longa cumpre seu papel muito bem.