Crítica | A Múmia não é um bom começo para o Dark Universe

Desde que a Universal anunciou a criação de seu novo universo de monstros, o Dark Universe, muitas expectativas foram postas em cima de seu primeiro capítulo. Para iniciar os trabalhos, o estúdio escolheu A Múmia como primeiro capítulo e contou com Tom Cruise para viver o protagonista ao lado da mesma. Por mais que a ideia tenha sido boa, o primeiro filme ficou muito longe de um começo com o pé direito. Há pouco entusiasmo, o que foi bem diferente da versão anterior de 1998 estrelada por Brendan Fraser, que foi uma surpresa agradável e um dos grandes filmes de aventura daquele ano. Ali há entretenimento, cenas empolgantes de ação e um elenco competente e divertido. Com o Dark Universe, a Universal buscou um tom mais sóbrio com menos diversão e mais explicações para o que virá a seguir.

Até hoje diversos filmes voltados para múmias foram lançados, alguns inclusive com o mesmo nome, o que acarretou em uma responsabilidade muito grande para o diretor Alex Kurtzman. A nova franquia já tem próximos filmes e protagonistas definidos (Javier Bardem como Frankenstein e Johnny Depp como o Homem Invisível) e o apelo popular da última versão de A Múmia pode ter levado Kurtzman a começar pelo monstro egípcio.

Na trama, Nick Morton (Tom Cruise) e Chris Vail (Jake Johnson) são dois soldados do exército dos EUA implantados no Iraque. Mas eles têm uma pequena “empresa” paralela quando resgatam as antiguidades e as vendem no mercado negro. Ao serem atacados por militantes, eles acabam encontrando uma antiga tumba egípcia enterrada sob o deserto. O caminho da dupla se cruza com a da arqueóloga Jenny Hasley (Annabelle Wallis). Eles percebem que o local onde a tumba se encontra está fora de contexto. Em primeiro lugar, é um túmulo egípcio no meio do Iraque. Em segundo lugar, não é um túmulo, mas uma prisão por um mal antigo. Quem está preso é Ahmanet (Sofia Boutella), uma princesa egípcia que fez um acordo com o diabo. Em troca de receber poderes sobrenaturais e vida eterna, ela ajudaria o Set, o deus egípcio da Morte, em nosso mundo. Ela só precisa de um anfitrião para ele. Como Nick, Chris e Jenny libertam involuntariamente Ahmanet de seu túmulo, a princesa começa o processo de cumprir o acordo com o Set. Mas primeiro ela deve executar seu ritual em seu anfitrião escolhido para Set. Infelizmente para Nick, é ele.

O encontro de vários monstros no cinema não é algo inédito. O que a Universal Pictures planeja com Dark Universe é retornar às raízes e recuperar o prestígio de clássicos do gênero. Este primeiro capítulo abre portas para um universo rico e que pode ser muito bem aproveitado. Há cenas que parecem perdidas, mas que mostram que muita coisa boa está por vir. Prestem atenção na cena em que Nick está na sede de Dr. Jekyll (Russell Crowe), há uma chuva de Easter Eggs.

Com o tom mais sério em relação às últimas produções, o filme acerta em conectar a sequência inicial aos eventos atuais mostrando os militantes do ISIS destruindo antiguidades e as vendendo para ajudar a financiar seu terrorismo, o que acontece na realidade.

Quanto à ação, há alguns momentos de destaque, uma pena que todos os trailers entregam praticamente 90% de toda a trama. Com isso, há poucas situações de surpresa. Porém, as cenas envolvendo a Múmia são impressionantes na medida que buscam referências aos clássicos filmes de terror. E o desempenho de Sofia Boutella é excelente. A que se salva.

Nem mesmos a atuações de Tom Cruise e Russell Crowe conseguiram transparecer tudo aquilo que prometeram. Enquanto Cruise vive o galã Nick Morton, Crowe é Jekyll e Hide ao mesmo tempo que será o grande elo entre as produções futuras, o que ainda nos dá esperança de um maior desenvolvimento. A introdução de Jekyll e Hyde foi confusa e mal feita, e o personagem ficou perdido em meio a tanta ação e um elenco significativo para a trama em questão. A Múmia parece uma versão egípcia de The Walking Dead, com mortos-vivos nadando melhor do que seres humanos e caindo do céu no meio de uma floresta. O ponto positivo é a atuação excelente de Sofia Boutella no papel da antagonista. Ter optado por uma personagem feminina talvez tenha sido a escolha mais inteligente de Kurtzman e, Boutella supera até mesmo Tom Cruise e Russell Crowe.

A Múmia é o pontapé inicial não tão empolgante do Dark Universe. O que seria Os Vingadores do mundo dos monstros não deixa sequer um aperitivo durante os créditos finais. A produção pode ser um eficaz passatempo para quem está entediado e quer ver um filme pipoca. Mas ao final, ficou devendo muito. O filme de 1998 estrelado por Brendan Fraser e Rachel Weisz continua sendo imbatível.

P.S: Esse filme foi conferido em duas sessões, uma delas na sala 4DX dos cinemas UCI, no Rio de Janeiro, caso contrário teria sido ainda pior. Com cadeiras que se movimentam (muito), tremem, reproduzem efeitos de tiros, ventos, cheiros e até mesmo jogam água no público, a sala nos leva para mais perto do filme e aumenta ainda mais a intensidade das cenas de ação. A qualidade da tela e do som não está altura da tecnologia das poltronas – sendo iguais a de uma sala 3D tradicional – e visto que estamos em uma espécie de simulador, faltou apenas isso para a experiência completa. O UCI está de parabéns com seu novo lançamento, é incrível.

2

Regular

A Múmia é o pontapé inicial não tão empolgante do Dark Universe. O que seria Os Vingadores do mundo dos monstros não deixa sequer um aperitivo durante os créditos finais. A produção pode ser um eficaz passatempo para quem está entediado e quer ver um filme pipoca. Mas ao final, ficou devendo muito. O filme de 1998 estrelado por Brendan Fraser e Rachel Weisz continua sendo imbatível. 

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