Crítica | A Esposa: Drama movido pela atuação suprema de Gleen Close

Durante as premiações que antecedem o Oscar, muito se questionou do porquê de Gleen Close ser indicada na categoria de Melhor Atriz, já que seu papel em A Esposa soa mais como coadjuvante. Demora, mas aos poucos fica nítido que o filme vai além de uma mulher em segundo plano diante do marido premiado no Nobel de literatura. Close não precisa de muitos diálogos, seus gestos e nuances são suficientes para analisar que o longa trata da melancolia escondida por camadas de sorrisos ilusórios.

O Filme

Inspirado no romance de Meg Wolitzer, Close vive a sexagenária Joan Castleman, esposa do romancista Joe (Jonathan Pryce), que fora escolhido para receber o prêmio Nobel de Literatura. A partir daí, a vida do casal é movida a jantares comemorativos e planos para viajar à Suécia, onde acontecerá a cerimônia. Joe é um tanto distraído, ansioso para receber o brilho do reconhecimento, enquanto Joan parece menos empolgada para ser a esposa sorridente e silenciosa enquanto seu marido comemora a conquista pessoal.

Choque e revelações

Durante a narrativa entendemos que há pontas soltas no relacionamento dos Castleman. Joan e Joe ficam fragilizados quando uma terceira pessoa aparece e questiona sobre a vida que parece perfeita. É assim com o jornalista curioso Nathaniel Bone (Christian Slater) que flerta com Joan e uma bela fotógrafa (Karin Franz Korlof) que encanta Joe. As cenas de flashback do casal nos anos 60 mostra que há muitas lacunas no relacionamento dos dois.

A direção de Bjorn Runge pontua algumas questões válidas sobre o sexismo literário e egos inflados no cenário artístico. Porém, derrapa em desenvolver o segredo central, que não chega a ser tão segredo, porque a charada pode ser resolvida logo de início. As cenas de flasback não causam impacto até o momento que Close entra em cena. Graças ao desempenho da atriz, cria-se uma empatia com Joan e a carga emocional que ela está carregando, prestes a se tornar uma avalanche.

Gleen Close carrega o filme nas costas, mas Jonathan Pryce está ótimo pela performance como Joe, um senhor que revela ser patético. As cenas entre os dois são eficientes com diálogos afiados. Se o terceiro ato fosse um cartoon, veríamos faíscas saindo entre as palavras dos dois. Uma pena que Max Irons, que interpreta o filho do casal, não traz a mesma virtuosidade. Ele atrapalha mais do que ajuda em um momento importante do filme.

O que achamos?

A Esposa é um drama sufocante sobre uma mulher que abdicou de seus desejos. Um reflexo de muitas mulheres passivas diante do machismo enraizado na sociedade. Glenn Close transmite essa angustia com perfeição em uma performance suprema e emocionante. O filme foi condicionado para que a veterana atriz brilhe e conquiste o Oscar. O primeiro objetivo foi concluído com sucesso.

 

3

Bom

A Esposa é um drama sufocante sobre uma mulher que abdicou de seus desejos. Um reflexo de muitas mulheres passivas diante do machismo enraizado na sociedade. Glenn Close transmite essa angustia com perfeição em uma performance suprema e emocionante. O filme foi condicionado para que a veterana atriz brilhe e conquiste o Oscar. O primeiro objetivo foi concluído com sucesso.