Clube dos Vândalos Clube dos Vândalos

Clube Dos Vândalos | Crítica

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Inspirado no livro de fotografia de Danny Lyon, Clube dos Vândalos foi adaptado pelo roteirista e diretor Jeff Nichols. A história do filme é fictícia, mas conta com alguns personagens reais, cujas entrevistas foram incluídas no livro. O próprio autor se tornou um personagem na telona, interpretado por Mike Faist, que aparece fotografando e reunindo material sobre a subcultura de motociclistas na Chicago dos anos 1960.

O foco da história está em três personagens que têm relação com os Vândalos. Kathy (Jodie Comer), que serve praticamente de narradora da história, afinal ficamos sabendo da maioria dos fatos através de seu ponto de vista ao ser entrevistada por Lyon. Ela acaba se envolvendo com os motociclistas ao conhecer Benny (Austin Butler) em um bar. Apesar de detestar a atitude dos outros membros do clube, ela achou Benny diferente deles e logo de cara iniciaram um relacionamento. Ela conhece o motoclube por dentro  por ser a esposa de um dos principais membros, mas o fato de ser mulher faz com que ela também tenha a visão de quem está fora – na época do filme nenhuma das mulheres pilotava.

Benny é um dos poucos integrante dos Vândalos que parece genuinamente o clichê do motoqueiro que vive pela liberdade que a alta velocidade em uma estrada pode trazer, que aceita a violência para defender sua honra e que é extremamente leal às suas convicções. Isso faz com que ele cause muitos problemas na visão de Kathy, mas também o torna alguém que seus companheiros motoqueiros aspiram ser.

O último é Johnny (Tom Hardy), o fundador e líder dos Vândalos, que também se encanta pelo modo que Benny vive sua vida. Johnny criou o seu motoclube após ver Marlon Brando em O Selvagem, sua intenção era a de reunir amigos com os mesmos interesses. Ele se torna uma referência para esses homens que amam as estradas e é o cara que todos procuram em busca de orientação. Mas ele é um homem de família que trabalha como motorista de caminhão e tem uma vida fora do clube, apesar de se esforçar ao máximo para parecer um motoqueiro selvagem e durão, ele não possui o mesmo espírito livre de Benny.

Johnny torna Benny seu protegido, treinando-o para se tornar o próximo líder dos Vândalos. Mas Kathy quer que Benny deixe para trás o estilo de vida rebelde por medo do que acontecerá com eles ou de quem eles se tornarão quando as coisas começam a ir para um rumo inesperado.

Clube dos Vândalos mostra como união e senso de comunidade podem ser formados até nos ambientes mais perigosos. Esses clubes se tornam um espaço para que os desajustados encontrem um lugar para pertencer. No início, é apenas um bando de homens, – alguns com suas esposas e namoradas – que não tem muito o que fazer e andam por aí em suas motocicletas, fazem piqueniques e bebem no bar. Eles não se adequam as regras da sociedade, então criam um local onde fazem suas próprias regras.

Mas, o que começou como um pequeno clube para amigos que gostam de motocicletas, acabou passando por uma mudança cultural. O clube foi se expandindo, agregando não apenas homens levemente violentos, mas pessoas problemáticas de verdade. Os Vândalos saíram do controle de Jonny e acabaram se tornando uma organização criminosa que passou a operar em todo o país.

O roteiro às vezes pode ser um pouco óbvio e em outros momentos levemente monótono, mas ainda assim esse estilo de vida desregrado dos motoqueiros consegue exercer fascínio no público. Além disso, a fotografia e a montagem são belíssimas.

O elenco definitivamente é ponto alto. Clube dos Vândalos conta com coadjuvantes de peso, alguns deles não tem tempo o suficiente para desenvolverem bem suas histórias, mas deixam uma marca. Entre esses nomes relevantes estão Michael Shannon, Boyd Holbrook, Damon Herriman e Norman Reedus. Apesar disso, é o trio principal que carrega esse drama nas costas, com atuações notáveis, mesmo que o roteiro em muitos momentos não dê a profundidade que eles mereciam.

Clube dos Vândalos estreia nos cinemas de todo o país em 20 de junho, com distribuição da Universal Pictures.

3.5

Muito bom

Apesar de ter um roteiro que peca em se aprofundar nos assuntos tratados, Clube dos Vândalos consegue prender o público do início ao fim por conta de seus personagens extremamente carismáticos, interpretados por atores que fizeram muito bem o seu trabalho.