Bridget Jones: Louca Pelo Garoto | Crítica

A Bridget Jones de Renée Zellweger entrou nas nossas vidas há quase 25 anos. Em 2001, essa mulher de cerca de 30 anos, bebedora de vinho, fumante, tagarela, propensa a quedas e incrivelmente desajeitada, saiu das páginas dos livros de Helen Fielding e chegou às telonas com O Diário de Bridget Jones. E ela virou um fenômeno! Desde então, Bridget ganhou três filmes repletos de romances complicados e agora, Bridget Jones: Louca Pelo Garoto chega aos cinemas para mais um pouco do que ela sabe fazer de melhor: nos entreter com seu jeito atrapalhado.

O roteiro da autora da série Helen Fielding, ao lado de Dan Mazer e Abi Morgan, estabelece sua fundação na tristeza, saltando para vários anos após os eventos do terceiro filme, O Bebê de Bridget Jones. Ele também vem sem tanto do humor bobo dos episódios anteriores.

Depois de finalmente conquistar Mark Darcy (Colin Firth) e se casar com ele, Bridget ainda está de luto quatro anos depois ele ser morto durante uma missão humanitária no Sudão. Viúva, ela vive com sua adorável filha de seis anos, Mabel (Mila Jankovic), que era jovem demais para se lembrar bem do pai, e com o filho mais velho, Billy (Casper Knopf), agora com 10 anos, que é um garoto inteligente, mas um tanto retraído e tocado pela tristeza.

No últimos quatro anos, Bridget abandonou o trabalho, largando seu emprego como produtora de televisão. Ela não namorou ninguém e não teve vontade de namorar. Perdida e indisposta, ela ainda tem visões de Mark (ele aparece como um fantasma romântico em vários momentos), e isso é um sinal do quanto ela deseja poder voltar para a vida perfeita que encontrou com ele. Mas depois que ficamos sabendo desses eventos trágicos, a melancolia é deixada de lado e acompanhamos Bridget buscando mudança em sua vida. Uma jornada que começa com a sequência efervescente dos créditos de abertura, na qual ela pula para cima e para baixo na cama com seus filhos ao som de Modern Love de David Bowie.

Como de costume, todos insistem que o que Bridget precisa é transar para resolver todos os seus problemas. Isso inclui seu grupo de amigos principais Shazzer (Sally Phillips), agora uma podcaster; Tom (James Callis), um coach; e Jude (Shirley Henderson), uma grande empreendedora. O discurso é repetido pela ex-colega de trabalho de Bridget, Miranda (Sarah Solemani) e a co-apresentadora dela em programa de TV diurno para mulheres, Talitha (Josette Simon). Miranda toma a iniciativa de fazer um perfil para Bridget no Tinder, destacando que ela é uma viúva em busca de sexo.

Além dos grupo de amigos já conhecidos pelos fãs da franquia, o antigo chefe e amante de Bridget, Daniel Cleaver (Hugh Grant), também está de volta. Anteriormente dado como morto em um acidente de avião, mas agora muito vivo, está de volta como um amigo querido, embora ainda seja um flertador escandaloso. O mulherengo libertino envelheceu, mas isso não quer dizer que ele amadureceu com os anos. Certamente, Daniel é um dos melhores personagens de Bridget Jones: Louca Pelo Garoto, sendo o dono das falas mais engraçadas.

Outro retorno triunfal é de Emma Thompson como Dra. Rawlings, a ginecologista com quem Bridget insiste em marcar consultas para o que quer que a esteja incomodando. Assim como Grant, Thompson tira o máximo proveito do tempo limitado na tela e traz à tona o melhor de Zellweger.

Se tratando de Bridget Jones, é claro que esperamos que muito romance seja mostrado. Os pretendentes aparecem quando Bridget e seus filhos ficam presos em uma árvore de um parque. Um é o professor de ciências de Billy, Sr. Walliker (Chiwetel Ejiofor) e o outro é um estudante de bioquímica muito mais jovem que trabalha meio período como guarda florestal, conhecido como Roxster (Leo Woodall).

Roxter acaba vendo o perfil de Bridget no Tinder e vai atrás dela. Apesar de ter apenas 29 anos, ele aparentemente não vê problemas na diferença de idade e um romance de verão acontece entre eles. Mas, talvez o garoto pelo qual nossa protagonista está louca não seja o novo homem de sua vida e ele seja quem abre o caminho para que ela encontre o amor verdadeiro. Além de cuidar de sua vida sexual, Bridget deixa de lado seu pijama e volta ao trabalho como produtora de TV e procura trazer mais equilíbrio para a vida de seus filhos.

Renée Zellweger é especialmente boa nesse retorno para a personagem, ela consegue construir a partir da base da tristeza, enquanto Bridget lentamente percebe que sua vida não acabou e a felicidade ainda pode estar ao seu alcance. Apesar de ser toda ansiosa e cheia de dúvidas sobre si mesma, agora estando mais velha, ela é mais sábia e charmosamente responsável. A atriz consegue levar essa amada heroína a um lugar adequado de encerramento, trazendo uma versão mais vulnerável e mais honesta da personagem, sem cair tanto em estereótipos.

Com menos palhaçadas que seus antecessores e mais sinceridade, o filme se torna uma representação da descoberta do potencial para a alegria, mesmo ao suportar uma dor tão terrível. Inesperadamente, de longe as cenas mais tocantes são entre Bridget e o charmoso canalha Daniel Cleaver, que está vivenciando a solidão de um playboy envelhecido, se alinhando com os sentimentos da amiga.

Apesar de seus pretendentes não terem o mesmo charme de filmes anteriores, Bridget Jones: Louca Pelo Garoto acaba sendo uma viagem estranhamente reconfortante, tranquila e nostálgica para os fãs da franquia. Muito mais do que uma história de amor, ele traz uma história doce e surpreendentemente madura de uma mulher imperfeita reconstruindo sua vida e se deixando apaixonar novamente. De forma divertida, essa sequência fará com que boa parte de seu público alvo se identifique com algumas das situações vividas pela protagonista, assim como se identificaram quando viram os filmes anteriores em diferentes momentos de suas vidas. É um filme fácil de assistir, que exige pouco de nós, mas consegue arrancar algumas risadas e lágrimas nos momentos apropriados.

Bridget Jones: Louca Pelo Garoto chega aos cinemas em 13 de fevereiro de 2025, com distribuição da Universal Pictures.