Com ares de reboot, Blade Runner 2049 revive uma franquia com mais de 30 anos que vem acumulando fãs através do tempo, conseguindo arrancar suspiros dos mais nostálgicos.
A sequência se passa trinta anos após os acontecimentos do primeiro filme e conta a história do novato oficial K (Ryan Gosling), que desenterra um terrível segredo com o potencial de mergulhar a sociedade no completo caos. A descoberta acaba levando-o a uma busca frenética por Rick Deckard (Harrison Ford), desaparecido por todo esse tempo.
Com um visual incrível, o filme traz novamente o clima noir apresentado no primeiro longa. Conseguimos ver o tempo todo em cena onde foram investidos os U$185 milhões, o que não quer dizer que o filme inova, Denis Villeneuve apenas amplia o que foi criado por Ridley Scott sem fugir do padrão estabelecido, mostrando que apesar do salto temporal, ainda estamos dentro do mesmo universo criado em 1982. O trabalho de cenografia é tão surpreendente que, no decorrer de poucos minutos do longa, temos a impressão de que estamos assistindo a um filme completamente diferente.
Com muitos planos abertos, a direção transmite ao espectador a sensação de solidão vivida pelo personagem de Ryan Gosling, com ambientes amplos, ricos em detalhes, mas ao mesmo tempo vazios e sem vida.
O longa evolui em um ritmo lento, mas isso não o torna cansativo. Durante as 2h43 de duração, a produção consegue envolver o público com uma ótima trama, ainda que o roteiro tenha alguns pontos fracos, como o fato de que, em vários momentos, o filme original é usado como alicerce da história.
A sequência introduz muito bem o espectador no universo, o que não significa que seja independente da produção original. Em certas ocasiões, temos a sensação de que quem não viu a produção original vai ficar carente de detalhes que poderiam enriquecer muito a experiência.
Ryan Gosling consegue segurar muito bem o papel que lhe foi designado, demonstrando apenas esboços de reações como é esperado de seu personagem, e o mesmo se aplica a Ana de Armas, que apesar de interpretar uma personagem que deveria ser claramente secundária, conquista o público da mesma maneira que arrebata o coração do oficial K. Jared Leto por sua vez, tenta entregar um personagem profundo e filosófico, porém, devido a seu pouco tempo em tela, passa longe disso. Harrison Ford traz um Rick Deckard impecável e novamente cheio de personalidade, mas infelizmente desgastado pelo tempo.
Sem dúvidas, Blade Runner 2049 é um ótimo filme, mas não a ponto de ser considerado uma obra-prima. Com uma ambientação espetacular e personagens carismáticos, o longa cativa o público, no entanto a produção que tenta se vender como um reboot fica engessada ao filme original com referências e ganchos desnecessários.
Resumo
Sem dúvidas, Blade Runner 2049 é um ótimo filme, mas não a ponto de ser considerado uma obra-prima. Com uma ambientação espetacular e personagens carismáticos, o longa cativa o público.