Bambi: Uma Aventura Na Floresta é um documentário belo e enfadonho

Bambi: Uma Aventura Na Floresta, que tem direção e roteiro de Michel Fessler (roteirista do filme vencedor do Oscar A Marcha dos Pinguins), é uma adaptação do livro Bambi: A Fábula de uma Vida na Floresta, de Felix Salten (1869-1945), um dramaturgo, roteirista e romancista, que escreveu vários contos sobre animais. Quando Bambi nasce, ele não tem ideia de quantas aventuras o aguardam e dos perigos que a vida lhe reserva. Sua mãe, no entanto, o ajuda a dar os primeiros passos, o educa para que ele cresça forte e aprenda a conhecer a floresta, mesmo quando o maior perigo, os humanos, espreita por perto. Um dia, Bambi é separado de sua mãe para sempre por caçadores e, a partir de então, precisa se virar sem ela.

Mas Bambi não está completamente sozinho. Em seu caminho acidentado, ele é acompanhado por um coelho cinza, um corvo e um guaxinim, que não conseguem protegê-lo completamente do perigo, mas podem pelo menos alertá-lo. Depois de um tempo, Bambi encontra sua amiga de infância Faline, que lhe oferece apoio adicional. Juntos, eles vagam pela floresta. Ele também tem a proteção e os ensinamentos de seu pai.  

Bambi, o desenho animado da Disney de 1942, é uma das primeiras tristezas cinematográficas de muitas crianças, mas essa versão chega como algo um pouco mais leve e bastante voltado para o público mais jovem, diminuindo a quantidade de aspectos brutais e sombrios. Essa adaptação vem com um toque mais emocional, com uma narração (da atriz, dubladora e youtuber Lhays Macedo) que em muitos momentos adiciona uma dimensão poética e melancólica à história. A questão é que em alguns momentos em que há somente beleza a ser contemplada, não há muito o que se dizer e são jogadas frases de efeito que acabam se tornando enfadonhas conforme o filme segue. 

Confesso que fiquei muito curiosa quando foi anunciado que chegaria aos cinemas uma versão live-action dessa história totalmente filmada com animais reais e sem o uso de CGI. Afinal, os animais presentes nessa história não costumam ser adestrados, então imaginei que seria um desafio como os cineastas combinariam cervos, guaxinins e coelhos, além de lidarem com a imprevisibilidade da natureza. É uma ideia ousada e bem realizada. O filme é muito bem montado, nos levando a acreditar nas interações entre os animais e formando uma narrativa que é em grande parte coerente.

Porém, junto com a curiosidade veio um certo receio de que Bambi: Uma Aventura Na Floresta seria como um dos programas documentais sobre animais da TV a cabo, com belas imagens e uma narração melodramática – em alguns momentos, ele realmente é isso. Apesar de estar sendo vendido como um live-action, esse filme é basicamente um documentário sobre animais, com um estilo narrativo realista e descontraído, mas ao mesmo tempo quer manter a todo custo um tom de conto de fadas e acaba ficando em um meio de caminho que causa estranhamento.

É um hino à natureza, que aborda poeticamente a vida, a morte, a época de acasalamento, a amizade e o respeito entre os animais. As imagens são incríveis, mas falta ritmo e é entediante. No geral, há muita beleza, mas faltou um pouco de magia.

Bambi: Uma Aventura Na Floresta chega aos cinemas brasileiros no dia 28 de agosto, com distribuição da A2 Filmes.