Bailarina é o mais novo filme de ação do universo John Wick. Dirigido por Len Wiseman e com refilmagens de Chad Stahelski, o filme acompanha Eve Macarro (Ana De Armas), uma bailarina-assassina treinada pela Ruska Roma em busca de vingança pela morte de seu pai. Agora, Keanu Reeves tem um papel fundamental, mas não central e Eve assume o protagonismo. Com isso, esse filme derivado percorre a linha tênue entre satisfazer os fãs da franquia e construir sua própria identidade. Ambientado entre John Wick 3: Parabellum e John Wick 4: Baba Yaga, o derivado expande habilmente o universo, honrando suas raízes.
O filme começa com um prólogo marcante que estabelece o passado trágico de Eve Macarro. Ela é filha de assassinos que foram traídos por uma organização obscura, um culto misterioso. Após uma sequência eletrizante de violência, vemos seu pai (David Castañeda) ser morto e a garota ficar órfã. Então, ela é entregue para a Diretora (Anjelica Huston) da Ruska Roma, organização na qual Eve passará por um treinamento intenso que mistura toda a graça do balé com a brutalidade das lutas.
A primeira meia hora nos mostra a introdução de Eve ao mundo dos assassinos, o que nos dá uma nova perspectiva, pois vemos o treinamento árduo pelo qual ela passa, até sua primeira missão em campo. Com o treinamento finalizado, acompanhamos Eve por um mundo com iluminação sombria, cenários neon e violência habilmente coreografada. Mais um banquete visual e uma viagem visceral entregues por essa franquia tão amada.
Uma noite, depois de derrotar um clube cheio de bandidos, ela percebe que o pulso de um deles está marcado com o mesmo símbolo dos capangas que mataram seu pai. Eve descobre que se trata de um culto que mata por esporte, com o Chanceler (Gabriel Byrne), ladrão de crianças, em seu centro impiedoso. Contrariando a vontade da Diretora, Eve transforma sua busca por vingança em um resgate quando uma garotinha é sequestrada, e viaja para uma vila austríaca coberta de neve, repleta de locais assassinos.
Desde as sequências iniciais, Bailarina mergulha de volta ao mundo clandestino e arriscado da Mesa Principal e seus vários sindicatos obscuros. A atmosfera é familiar, as regras estão lá, e os rostos que retornam do hotel, incluindo um Winston mais jovem (Ian McShane) e o enigmático Charon (última aparição de Lance Reddick), fornecem uma continuidade reconfortante. A presença desses retornos nunca parece forçada, mas sim merecidas, entrelaçando a história de Eve perfeitamente à trama mais ampla.
No coração de Bailarina está Ana de Armas, que traz um magnetismo cru, uma intensidade emocional e uma grande vulnerabilidade para sua personagem. Ela equilibra graça e garra com notável delicadeza, convencendo como uma assassina mortal e uma mulher assombrada pelo passado. A atriz domina a tela com uma mistura cativante de graça e precisão letal, provando que é mais do que capaz de liderar filmes de ação como uma protagonista forte.
Também fica claro que a ela dedicou horas e horas de treinamento físico para ser convincente. Por ser uma mulher pequena e leve em relação aos oponentes, ela utilizou o ambiente, as fraquezas físicas dos homens e seu treinamento elegante para dominar os vários inimigos que encontra ao longo do filme. Sua dinâmica com o elenco de apoio, particularmente com Daniel Pine (Norman Reedus) e o ameaçador Chanceler, adiciona profundidade emocional à narrativa carregada de ação.
E claro, as sequências de ação são outro grande destaque, mantendo a reputação da série de coreografia inovadora e brutal, com mortes criativas envolvendo lança-chamas, granadas e explosivos. Elas são uma prova do trabalho dedicado dos dublês e da criação das coreografias. Cada luta é uma dança cuidadosamente coreografada de lâminas, balas e movimentos de balé. Um dos triunfos do filme é seu compromisso com os efeitos práticos e o trabalho de dublês. O impacto visceral de cada luta mergulha o público no caos, evitando a leveza que às vezes assola os filmes de ação modernos.
Bailarina já está em cartaz nos cinemas, com distribuição da Paris Filmes.
Muito bom
Bailarina expande a franquia John Wick, enquanto apresenta uma nova protagonista muito boa. Ana de Armas consegue entregar muito carisma, vulnerabilidade e violência. Uma ótima adição ao universo.