Atena Atena

Atena | Crítica

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Atena, novo filme de Caco Souza (O Faixa Preta), nos leva para uma trama sombria de vingança ambientada na cidade de Gramado, Rio Grande do Sul. Acompanhamos a protagonista titular (Mel Lisboa), uma mulher que sofreu abusos por parte de seu pai na infância. Nos dias atuais, ela é dona de uma loja de roupas, porém, essas experiências terríveis do passado fizeram com que ela transformasse sua dor em determinação para impedir com que isso aconteça com outras mulheres. Portando, Atena passa as noites atraindo agressores, abusadores e pedófilos, os capturando e deixando para trás homens mortos e marcados – além de expor a negligência das autoridades, que pouco se importam com as vitimas.

Essas vinganças tomam um novo rumo quando Carlos (Thiago Fragoso), um repórter investigativo, passa a acompanhar as atividades de Atena de perto. Ele questiona se o que ela está fazendo é correto, mas ao mesmo tempo não hesita em revelar para Atena que seu pai abusador, que fugiu e se escondeu sob uma nova identidade, se encontra em Montevidéu, no Uruguai. Eles passam a trabalharem juntos enquanto ela vai buscar vingança e lidar com o causador de todos os traumas de seu passado. Mas o que começa como um acerto de contas, acaba mergulhando em uma série de questões éticas.

Remetendo à filmes como Bela Vingança e Millennium – Os Homens Que Não Amavam as Mulheres e repleto de clichês de outros thrillers hollywoodianos, Atena aborda temas como justiça, vingança e a luta contra a impunidade, retratando a realidade de muitas mulheres que enfrentam abusos e a falta de apoio, principalmente dos órgãos que deveriam dar suporte. Uma história com tanto peso, merecia um roteiro que se aprofundasse mais nessas questões, mas o que Enrico Peccin escreveu é confuso em alguns momentos e bastante superficial, como se apontar o problema fosse o suficiente.

Os muitos flashbacks e cenas explicativas acabam com algo que é muito importante em filmes do gênero: um pouco de mistério. Tudo é entregue mastigado para o espectador, por meio de diálogos que soam no mínimo estranhos. O embate final com o pai abusivo, que deveria ser o ponto alto para encerrar o filme de forma catártica é muito frustrante. Pior do que isso, trata a protagonista como fraca e pouco inteligente.

Mel Lisboa trabalha bem com o que tem, atuando o melhor possível dentro do roteiro medíocre, é também é notável que se esforça nas cenas de luta. Para Thiago Fragoso, não sobrou muito o que fazer, seu personagem está ali apenas para soltar a bomba sobre o pai de Atena e não tem nenhum tipo de desenvolvimento.

O longa tem uma montagem bagunçada e uma trilha sonora que, em muitos momentos, é puro exagero. É difícil se conectar com personagens tão mal escritos em um filme tão desconexo e cheio de cenas absurdas. É uma pena, porque Atena tem uma história com muito potencial e que poderia ter sido muito interessante, se bem trabalhada. Ao atirar para todos os lados o filme perde força como uma história de vingança de uma protagonista feminina e não é profundo o suficiente para funcionar como um filme de denúncia.

Atena será lançado exclusivamente nos cinemas brasileiros no dia 31 de julho, com distribuição da A2 Filmes.

1.5

Ruim

Alguns filmes são feitos sob uma base de boas ideias, mas por equipes que não sabem como desenvolve-las. É o caso de Atena, thriller nacional que tropeça feio ao contar de forma um tanto quanto genérica uma história de abuso e busca por justiça, que nem as atuações competentes conseguem salvar.