É provável que você não soubesse o quanto precisava assistir Assassinos da Lua das Flores (Killers of The Flower Moon) até fazê-lo. Embora o tempo de duração pareça assustar, afinal estamos falando de 3h27, o cineasta Martin Scorsese prepara uma verdadeira obra prima e o tempo aqui é um elemento chave para que cada detalhe seja absorvido pelo público.
A produção da Apple Studios se passa no início do século XX nos Estados Unidos, um período onde os ameríndios ainda eram os verdadeiros donos de suas terras. O longa se baseia em fatos reais que infelizmente aconteceram, como o massacre que aconteceu ao povo Osage no condado de mesmo nome em Oklahoma, em um período de 20 anos.
Em Assassinos da Lua das Flores, Scorsese nos conta a história de mais de 60 pessoas assassinadas de forma misteriosa e suspeita na região entre meados de 1910 a 1930. A descoberta de Petróleo em suas terras os trouxe prosperidade durante muito tempo, mas também atraiu a ganância do homem branco colonizador.
O mais poderoso deles é interpretado por Robert De Niro. William Hale contou com a participação de seus sobrinhos recém chegados da Primeira Grande Guerra, Byron (Scott Shepherd) e Ernest (Leonado DiCaprio), para a execução do plano perfeito. Além de assassinar os Osage, William buscou obtenção legal de propriedades por meio da hereditariedade, ou seja, através do casamento de seus sobrinhos com mulheres Osage.
É nesse cenário que Assassinos da Lua das Flores nos apresenta a Molly Burkhart através de uma atuação brilhante e emocionante de Lily Gladstone, vencedora do Globo de Ouro pelo papel. Herdeira de uma fortuna por parte da família, Molly vê seus parentes e amigos serem assassinados dia após dia, enquanto ela mesma precisa lidar com sua sobrevivência.
Fragilizada pela hepatite, Molly acaba encontrando conforto nos braços de Ernest, que a mando de William Hale consegue enganar o coração da Osage (e também o seu próprio). Eles constroem família, se casam e criam a fictícia imagem do casal perfeito. Enquanto ela luta para superar a morte de sua mãe e suas irmãs, Molly mal sabe que o assassino está do seu lado.
Mesmo sendo uma história real e nada feliz, nos pegamos torcendo para que algo aconteça e os Osage consigam recuperar suas terras, vingar as mortes de seus membros e expulsar os homens brancos de lá. E é aí que entra a magistralidade de Scorsese em Assassinos da Lua das Flores.
O cineasta constrói seus protagonistas em um ambiente que vagueia entre a ganância de poder e o amor pela família, evidenciando a ingenuidade de Ernest ao passo que nos mostra a força de Molly. Já o personagem de De Niro é a falta de escrúpulos e caráter centralizada em uma única pessoa, um exemplo prático do desprezo dos imigrantes europeus e do homem branco pela cultura dos verdadeiros donos da terra.
Assassinos da Lua das Flores representa um único povo, os Osage, mas cria um paralelo com diversas culturas ao redor do mundo, a brasileira inclusa. A disputa de terras dos povos Yanomami por conta do garimpo ilegal na Amazônia resulta em mortes misteriosas e suspeitas tal como no filme de Scorsese e até hoje pouco foi feito.
A trama do filme é inspirada em um livro que adapta eventos da história real dos Estados Unidos, escrito por David Grann. O massacre histórico culminou também na origem do FBI, recém criado na época e que trouxe as primeiras investigações da morte dos Osage.
Coroando uma obra prima com chave de ouro, Assassinos da Lua das Flores ainda nos traz diálogos misturando o Osage com o Inglês, algo destacado pela própria Gladstone durante o Globo de Ouro. A originalidade dos diálogos cria não apenas veracidade para o filme, mas valoriza toda a cultura que o longa nos apresenta.
EXCELENTE
Coroando uma obra prima com chave de ouro, Assassinos da Lua das Flores ainda nos traz diálogos misturando o Osage com o Inglês, algo destacado pela própria Gladstone durante o Globo de Ouro. A originalidade dos diálogos cria não apenas veracidade para o filme, mas valoriza toda a cultura que o longa nos apresenta.