As tentativas fracassadas da Disney de adaptar A Rainha da Neve

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Frozen foi um enorme sucesso quando foi lançado em 2013, três quartos de século depois que a Walt Disney Pictures começou a planejar uma adaptação animada de A Rainha da Neve, de Hans Christian Andersen. Desde os primeiros esforços nos anos 30 e 40, até tentativas posteriores no final dos anos 90 e início dos anos 2000, Frozen permaneceu definitivamente muito tempo em construção.

Dirigido por Chris Buck e Jennifer Lee, Frozen é uma adaptação muito livre de A Rainha da Neve. No conto original os trolls malvados fazem um espelho diabólico que distorce as imagens. O espelho se quebra, e pequenas farpas atravessam os olhos e o coração de Kai, amigo de Gerda. A Rainha da Neve aparece, faz com que Kai se esqueça da amiga e o leva com ela. Gerda procura por ele e, com a ajuda de uma garota ladra, eles retiram as farpas de Kai e voltam para casa.

A história da Rainha da Neve parecia feita sob medida para adaptação em um filme da Disney, mas quando chegou às telonas a história foi substancialmente alterada. Frozen seguiu duas irmãs princesas que são separadas quando a irmã mais velha, Elsa (Idina Menzel), acidentalmente libera seus poderes mágicos gelados e foge do reino. A irmã mais nova, Anna (Kristen Bell), resolve trazer Elsa para casa e quebrar o feitiço de gelo que paira sobre Arendelle – também há trolls amigáveis, um boneco de neve falante e um príncipe perverso. Então, como exatamente A Rainha da Neve se tornou Frozen?

O plano original de Walt Disney para A Rainha da Neve

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A primeira adaptação planejada da Disney para A Rinha da Neve acabou sendo feita – embora não pela Disney. Em 1936, o produtor Samuel Goldwyn teve a ideia de fazer um filme sobre Hans Christian Andersen que apresentaria várias de suas histórias. Naquela época, os artistas da Disney também estavam desenvolvendo visualmente adaptações animadas das histórias de Andersen (uma dessas histórias, O Patinho Feio, foi lançada como curta-metragem em 1939 e ganhou um Oscar). A Rinha da Neve estava entre as histórias que os artistas da Disney estavam desenvolvendo. Vendo uma oportunidade potencial de combinar um filme sobre Hans Christian Andersen com segmentos animados, Goldwyn e Disney entraram em discussões para um longa em que a Samuel Goldwyn Productions filmava as partes live action e a Disney animava os contos de fadas.

O filme entrou em desenvolvimento em 1940 e continuou até 1942, quando a produção foi interrompida pela entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial e houve uma mudança de foco em direção à propaganda militar (que não era exatamente um grande tema nas histórias de Andersen). O projeto foi arquivado durante a guerra e foi aí que a colaboração entre Goldwyn e Disney terminou. Hans Christian Andersen acabou por ser produzido exclusivamente pela Samuel Goldwyn Productions, apresentando sequências musicais, mas sem animação, o filme foi lançado em 1952. O que se seguiu foi um longo hiato para a participação da Disney em A Rinha da Neve, até que a ideia ressurgiu no final do século .

As tentativas nos anos 1990 e começo dos anos 2000

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A Rinha da Neve entrou em cena novamente no início dos anos 90, inicialmente com planos para animação desenhada à mão. Os artistas da Disney começaram a desenvolver visualmente ideias para o novo filme. A Jim Hill Media relata que Harvey Fierstein lançou suas próprias ideias para  A Rinha da Neve enquanto ele estava gravando Mulan. Os animadores franceses Paul e Gaëtan Brizzi (que trabalharam em Fantasia 2000 e Tarzan), Dick Zondag (o diretor de Os Dinossauros Voltaram) e David Goetz (o diretor de Enrolados) também estavam envolvidos.

Um dos criativos que trabalhou no desenvolvimento de A Rainha da Neve na Disney foi Glen Keane, um animador de personagens que trabalhou em vários filmes da Disney e que desenvolveu o visual de Enrolados. Keane trabalhou em A Rinha da Neve por vários anos, com planos de dirigir o filme – e foi nessa época que a Disney se decidiu pela ideia de torná-lo mais animado por computação do que desenhado à mão. O estilo de animação teria sido semelhante ao da sequência de O Soldadinho de Chumbo em Fantasia 2000. No entanto, a versão do filme de Keane nunca foi concretizada e ele saiu do projeto em 2003. Em uma entrevista em 2011 para o Den of Geek , Keane expressou sua esperança de que a Disney descobrisse uma maneira de dar vida ao conto de fadas, dizendo: “A Rainha da Neve é ​​uma história maravilhosa. Sua raiz vai muito, muito fundo, é assustadoramente profunda”.

A Disney continuou a perseguir a ideia de um filme de A Rinha da Neve, mesmo após a partida de Keane. O livro de James B. Stewart, DisneyWar, fala sobre uma reunião criativa da equipe de animação da Disney, onde o longa foi discutido. Naquela época, a ideia era fazer uma história ao estilo A Megera Domada, onde a Rainha da Neve congela os corações de seus muitos pretendentes antes de finalmente derreter seu próprio coração por um homem comum. De acordo com Stewart, o então CEO da Disney, Michael Eisner, adorou a ideia – mas, como muitas outras versões de A Rinha da Neve antes dela, ela nunca foi concretizada.

O musical da Rainha da Neve

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Frozen, o Musical está em cartaz na Broadway desde 2018, mas não foi a primeira tentativa da Disney de fazer uma produção musical de A Rinha da Neve. Em março de 2006, a Disney anunciou que o famoso compositor Alan Menken (que escreveu a música para muitos sucessos da Disney, incluindo A Pequena Sereia, Aladdin e A Bela e a Fera) foi contratado para criar um musical baseado em A Rinha da Neve, que estrearia no parque temático DisneySea de Tóquio no verão de 2007. No entanto, o projeto foi cancelado apenas alguns meses depois. A Jim Hill Media relata ter ouvido duas explicações diferentes para isso da Disney: preocupações diretas com o orçamento sobre o custo de encerrar o programa atual do DisneySea e criar os cenários e efeitos visuais caros que o novo musical exigiria; e o desejo renovado da Disney de desenvolver A Rinha da Neve como um filme de animação e não como um musical para os palcos. De fato, Menken começou a desenvolver um filme de animação baseado na obra de Andersen, colaborando com o letrista Glenn Slater e o diretor Mike Gabriel. Como as muitas tentativas anteriores, acabou fracassando.

Anna e a Rainha da Neve

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As raízes de Frozen como conhecemos hoje podem ser encontradas na adaptação do co-diretor Chris Buck, Anna e a Rainha da Neve, que entrou em desenvolvimento em 2008. Como o título sugere, foi essa versão que mudou o nome de Gerda para Anna (mas manteve a ideia de ela ir em uma missão de resgate ao palácio da Rainha da Neve). A Rainha da Neve ainda era uma vilã e Kristoff existia na forma do garoto que Anna vai salvar. Megan Mullally foi contratada para interpretar Elsa, e Josh Gad (que dubla Olaf no original) também se uniu nesta fase.

No entanto, Anna e a Rainha da Neve foi atingido pelos mesmos problemas de história e caráter que atormentavam quase todas as outras versões da adaptação – a principal delas era o desafio da própria Rainha da Neve. Na história de Andersen, ela é deliberadamente misteriosa e não particularmente maligna, mas simplesmente distante e bonita, trabalhando com a força da natureza. Ela não funcionou particularmente bem como uma vilã, e assim, no início de 2010, Anna e a Rainha da Neve voltou ao inferno do desenvolvimento, enquanto a Disney concentrou suas atenções em Enrolados. Algum tempo entre o final do desenvolvimento de Anna e a Rainha da Neve e dezembro de 2011, quando Frozen foi anunciado oficialmente com seu novo título, alguém da Disney (o produtor Peter del Vecho diz que ninguém se lembra bem quem foi) teve a ideia de Anna e Elsa serem irmãs. Tudo finalmente se encaixou e a Disney finalmente conseguiu dar vida à Rainha da Neve.