O cinema brasileiro pode novamente marcar presença na maior premiação do mundo. Apocalipse nos Trópicos, o mais recente documentário da cineasta Petra Costa, já está gerando grande repercussão internacional e é apontado como um forte candidato a uma indicação ao Oscar de Melhor Documentário em 2026.
A previsão vem de Scott Feinberg, conceituado editor de premiações do The Hollywood Reporter, que incluiu a produção brasileira em sua lista de favoritos ao lado de outros títulos de peso. Dirigido por Petra Costa, que já foi indicada ao Oscar em 2020 por Democracia em Vertigem, o novo longa-metragem mergulha em uma investigação aprofundada sobre a ascensão da fé evangélica no Brasil e sua crescente e complexa influência no cenário político e social do país ao longo da última década.
Com uma narrativa conduzida pela perspectiva da própria diretora, o filme busca desvendar as conexões entre líderes religiosos e as decisões que moldaram o rumo da nação.
Para construir essa análise, Apocalipse nos Trópicos apresenta depoimentos e acesso exclusivo a algumas das figuras mais emblemáticas e polarizadas do Brasil. A obra coloca lado a lado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o pastor e televangelista Silas Malafaia.
Através dessas interações, o documentário examina o papel fundamental que o movimento evangélico desempenhou durante os recentes períodos de turbulência política, oferecendo um retrato das contradições que definem a jovem e frágil democracia brasileira. Assim como em seu trabalho anterior, Petra Costa utiliza uma abordagem que mescla lucidez documental com um olhar poético, entrelaçando habilmente o passado e o presente para construir uma narrativa que transcende as fronteiras do Brasil.
O filme não apenas documenta um período de incerteza, mas também oferece uma imagem que ressoa com movimentos políticos e sociais semelhantes ao redor do mundo.
Antes de seu lançamento global na Netflix em 14 de julho, Apocalipse nos Trópicos teve uma trajetória de prestígio em festivais internacionais, com sua estreia mundial ocorrendo no 81º Festival Internacional de Cinema de Veneza.
A produção, que também conta com roteiro e produção de Costa em parceria com Alessandra Orofino, confirma o talento da cineasta em traduzir as complexidades do Brasil para uma audiência global, solidificando seu nome como uma das vozes mais relevantes do documentário contemporâneo.
